Para quem ainda não conhece essa bruta (vale a pena ler o texto do meu colega Marcelo Monegato) importada da Tailândia, a Ranger Raptor é a variação esportiva da picape média da Ford. Mais do que apenas adesivos e outros adereços estéticos, estamos falando de uma picape realmente... bruta!
Equipada com um motor 3.0 V6 biturbo a gasolina, com 397 cv de potência e 59,4 kgf.m de torque, tem câmbio automático de dez marchas (de respostas ágeis) e acelera de zero a 100 km/h em 5,8 segundos. Nada mal para um veículo com mais de duas toneladas.
Nesse primeiro contato ao volante da Ranger Raptor, nós aqui do WM1 fomos até o campo de provas da Ford, em Tatuí (SP) para uma breve experiência em pista e off-road. Confira a seguir.
Ford Ranger Raptor: impressões ao volante
Visual esportivo
Mas antes de acelerar a Ford Ranger Raptor, não tem como não comentar sobre o visual. Ela é bem diferente das versões normais, tanto que a única medida idêntica é o entre-eixos de 3,27 m.Mais comprida, mais larga e mais alta, tem uma cara bem agressiva. Na dianteira, saem de cena os cromados e o oval azul e entra uma grade fosca, com o característico "Ford" em letras garrafais.
Voltada para o uso off-road, a Raptor impressiona também pelas belas rodas de 17 polegadas calçadas com borrachudos pneus General Grabber AT na medida 285/70. Um conjunto com diâmetro total de 33 polegadas e que garante um vão livre de 27 cm em relação ao solo. Completam o pacote visual os alargadores nas caixas de roda e os adesivos.
Por dentro
Para quem já conhece as versões normais da Ranger atual, o clima é de familiaridade. A bela posição de dirigir permanece, combinada com a multimídia de 12 polegadas e tela vertical (parece um tablet grande) e um vistoso quadro de instrumentos digital de 12,4 polegadas.Mas a Raptor está um nível acima em acabamento, com presença de suede e vários detalhes em um tom bem escuro de laranja. Os assentos dianteiros, aliás, são outro destaque. Do tipo concha, são bem confortáveis e inspirados nos bancos dos aviões de caça, com uma espuma pensada para absorver o impacto nos saltos de rampa (e eles realmente são muito confortáveis).
No asfalto
Mas bora para o que interessa: o meu primeiro contato com a Ranger Raptor foi na pista on-road do campo de provas, com um traçado que permite atingir os 180 km/h de velocidade máxima (limitada eletronicamente).A Raptor tem um chassi exclusivo e diferente das versões normais, mais reforçado para suportar o uso mais extremo. Junto, veio também um novo conjunto de suspensão com mais curso, do tipo "duplo A" com braços de alumínio na dianteira e molas helicoidais também na traseira, além de amortecedores de competição Fox.
Empolga a facilidade com que a Ranger Raptor ganha velocidade. Se você descuidar do velocímetro, certamente estará acima de 160 km/h e não terá percebido. A impressão é de um motor que dá e sobra para a proposta.
Mas o que impressiona mesmo é o comportamento dinâmico dessa picape. Mesmo com os pneus bem borrachudos e em alta velocidade, ela se comporta no asfalto quase como um carro de passeio, com um rodar muito estável e bem silencioso, quebrado apenas pelo ronco do motor V6 biturbo.
No off-road
A coisa melhora ainda mais quando o asfalto dá lugar a terra e ao cascalho. É aí que a Raptor está em seu habitat. Todo o conjunto parece ter sido feito sob medida para rodar por trechos off-road. Passe a 100 km/h por um trecho com costelas de vaca e você verá que a suspensão se encarrega de manter a picape estável.Na terra, a Ranger esportiva continua sendo um automóvel bem tranquilo de pilotar. Quem olha os números da ficha técnica não imagina que a Raptor permite que o motorista tente buscar os limites da picape sem fazer uma barbeiragem ao volante. Mérito da eletrônica.
Só a lista de modos de condução tem sete opções de acerto (Normal, Escorregadio, Lama/Terra, Areia, Esportivo, Rock Crawl e Baja), que alteram o comportamento do motor, câmbio, freios, direção, tração e até o som do escape.
Tem também quatro opções de sonoridade para o escape (Silencioso, Normal, Sport e Baja), que podem ser alteradas por um botão no volante. No modo Baja, aliás, o V6 biturbo passa a roncar como o motor de um carro de rali. Mesmo quando velocidade não for a meta, a Ranger Raptor também não vai deixar o piloto na mão. A picape consegue atravessar trechos alagados com até 85 cm de profundidade, tem diferenciais blocantes na dianteira e na traseira, e proteção do chassi com chapas de aço de 2,3 mm.
Equipamentos
Naqueles momentos em que você quiser rodar de boa, a Ranger Raptor oferece um pacote de equipamentos tecnológicos e de conforto bem completo: ar-condicionado de duas zonas, bancos dianteiros com ajustes elétricos, multimídia SYNC 4, faróis LED Matrix, câmera off-road, carregador de celular por indução e até um sistema de som premium Bang & Olufsen com oito alto-falantes. Para o caso (improvável) de você enjoar do som do motor V6...Já o pacote de tecnologias de condução inclui controlador adaptativo de velocidade com modo off-road, frenagem autônoma com detecção de pedestres e tráfego cruzado na traseira, assistente de manobras evasivas, assistente de baliza, monitor de pontos cegos, farol alto automático e assistentes de centralização e manutenção em faixa.
Conclusão
A Ford Ranger Raptor chegou ao mercado brasileiro com preço de R$ 448.600 e tem como concorrente mais próxima (em preço) a Ram 1500 Rebel (R$ 469.990). Uma picape grandalhona e com motor V8, mas com uma pegada bem diferente.A Raptor combina um visual matador com um conjunto mecânico feito para (sempre) andar rápido, embora possa ser muito civilizada quando a ocasião pedir. Longe de ser uma picape de trabalho, está mais para um brinquedo muito divertido e caro. Uma máquina para quem curte dirigir.
Só lamento ter passado tão pouco tempo com essa bruta. Não vejo a hora de poder somar alguns bons quilômetros em um teste mais longo e no uso real. Ou, melhor ainda: quem sabe ganhar na loteria e garantir uma para mim!
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