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Fox BlueMotion é eficiente, mas precisa de uma “ajudinha”

Equipado com novo motor de três cilindros, hatch requer uma mudança de hábitos ao dirigir para economizar mais combustível

por Daniel Magri

 
O grande objetivo deste conceito e, obviamente, do Fox BlueMotion é a eficiência. Aliás, é bom o leitor já ir se acostumando com a prática. Cada vez mais veremos blocos menores – muitas vezes auxiliados por uma turbina – e até mais potentes, mas com grande capacidade de consumo.
 
Mas será que o Fox BlueMotion entrega o que promete?Já posso te adiantar que sim, mas para que o carro realmente seja eficiente é necessária uma certa ajudinha de uma peça bastante importante. Aquela que fica entre o banco e o volante, sabe? Contudo, antes de mais nada, vamos a alguns detalhes do modelo.
 
 
O carro
 
O Fox BlueMotion é o primeiro Volkswagen para o mercado brasileiro a contar com motor de três cilindros. O bloco EA211 é produzido em São Carlos, no interior de São Paulo. Ele tem 999 cm³, é bicombustível e está instalado em posição transversal no carro. Sua potência máxima é de 75 cv a 6.250 rpm, quando abastecido com gasolina, e de 82 cv, à mesma rotação, com etanol. O torque máximo é de, respectivamente, 9,7 kgfm (gasolina) e 10,4 kgfm (etanol), e ocorre a partir de 3000 rpm e se mantém por longa faixa de rotações. Já a partir de 2.000 rpm mais de 85% do torque máximo está disponível.
 
O EA211 1,0L possui bloco e cabeçote feitos de alumínio, o que colabora para reduzir o peso do conjunto. Comparado a um motor de mesma cilindrada, mas com quatro cilindros, o novo EA211 é 24 kg mais leve. 
 
 
Se comparado com o Fox de quatro cilindros, o BlueMotion tem uma redução de consumo energético de aproximadamente 16% quando usa gasolina. Na configuração duas portas, o Fox 1.0L sai por R$ 32.590. Já com quatro portas o valor sobe para R$ 34.090. Um valor R$ 1.500 mais alto.
 
Além do novo motor – totalmente detalhado nesta matéria em vídeo produzida pelo WebMotors – o carro conta com o conceito BlueMotion, que são tecnologias desenvolvidas e aplicadas pela Volkswagen visando reduzir o consumo de combustíveis e emissões. Desta forma, o Fox BlueMotion está equipado com pneus (175/70 R14) de baixa resistência à rolagem e uma transmissão com relações mais longas. Outro macete para ganhar no consumo está na pressão de enchimento dos pneus. O “verde” usa 36/34 PSI contra 29/28 PSI do Fox 1,0L comum. De acordo com a VW, os pneus dão uma redução na resistência ao rolamento da ordem de 35%.
 
A grade frontal superior tem formato diferenciado, com desenho exclusivo e aberturas mais estreitas, o que garante eficiência aerodinâmica. A grade inferior teve seu perfil nas laterais também alterado, permitindo maior fluidez do ar. Até o desenho das calotas foi elaborado com objetivo de minimizar o arrasto aerodinâmico. 
 
 
O modelo também recebeu melhorias no conforto acústico, com a utilização de maiores silenciadores no sistema de escape e de mantas de isolamento na carroceria. Ao todo, o Fox BlueMotion é 29 kg mais leve do que a versão 1,0L.
 
Tudo azul
 
É fato que cada pessoa tem uma maneira própria de dirigir um veículo. Muitos de nós temos até alguns vícios ao volante que podem ser prejudiciais aos nossos carros. É natural que a forma de condução também mude de acordo com o tipo de veículo. Um hatch esportivo requer um “jeito” diferente de tocada em relação a um daqueles SUV’s enormes, por exemplo. O mesmo vale para um carro com motor 1,0L e um com um V6 3,6L e por aí vai...
 
Andamos com o Fox BlueMotion durante uma semana – abastecido sempre com gasolina – e tivemos a oportunidade de conferir como se comporta o modelo na cidade e durante um período na estrada, entre a cidade de São Paulo e Campos do Jordão, no interior do estado.
 
Nesse período, foi fácil notar alguns detalhes descritos neste texto sobre o bloco três cilindros. Por exemplo, os 85% do torque já disponíveis a partir dos 2.000 giros. Ao sair com o Fox você já percebe uma diferença na relação de marchas. 
 
 
E é neste ponto que está a grande diferença entre conduzir um Fox 1,0L normal e o três cilindros. No painel do BlueMotion existe um indicador que sugere ao motorista o momento exato da troca e qual marcha engatar. Para que o carro entregue toda a eficiência que promete é praticamente vital que estas indicações sejam seguidas.
 
Em uma arrancada, o indicador sobe rapidamente da primeira, para a segunda e terceira. A quarta marcha passa quase que despercebida e quando você nota já está em quinta, rodando a cerca de 60 km/h. E o padrão é basicamente este: na maioria das vezes o carro te induz a chegar na quinta marcha. Desta forma o nível de trabalho do motor se mantém na casa dos 2.000 giros e não gasta tanto combustível. 
 
 
Durante a avaliação, o consumo médio registrado pelo Fox BlueMotion na cidade foi de 12,8 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada. Segundo medições no método NBR o hatch faz 14,4 km/l na estrada e 13,4 km/l na cidade. Todas as situações com gasolina.
 
São números bastante interessantes, mas para mostrar o quanto o modo de condução influencia no resultado fiz um teste usando o computador de bordo do carro. Por um trecho de aproximadamente 25 quilômetros, na cidade, segui fielmente as indicações do painel. Obtive  um consumo instantâneo de 14,6 km/l. Ao não seguir o indicador e dirigir o Fox normalmente, ou seja, trocando de marchas quando o motor “pedia” e seguindo o som do bloco – que é bem mais ruidoso do que o de quatro cilindros –, o que se viu foi um consumo médio de 11,5 km/l. 
 
 
Seguir o indicador tem seus benefícios, mas pode se tornar um “vício” para aqueles mais paranoicos quando o assunto é economia de combustível. Nestes casos há até um risco de acidente, uma vez que o motorista se pega em diversos momentos tirando os olhos da estrada e checando o painel.
 
Como qualquer máquina, por mais eficiente que seja, o Fox BlueMotion não trabalha sozinho. Dirigir um não significa que você precisará reaprender a guiar, mas é “de bom tom”, mudar alguns hábitos e tratá-lo com carinho. Assim, sua amizade vai ser com ele e não com o frentista.
 

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