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Honda Civic EXL diverte; mas é a melhor opção?

Motor 2.0 Flex e câmbio automático do Honda Civic EXL é divertido; mas por R$ 108.900 será que não há opções melhores?

por Marcelo Monegato

“Monega, o Honda Civic com motor 2.0 aspirado de quatro cilindros e câmbio automático CVT é divertido ao volante?” Bom, a minha resposta é sim! Claro que a diversão não é na mesma intensidade da configuração Touring 1.5 Turbo, mas definitivamente consegue ficar acima das expectativas.
Falo isso pois avaliei por uma semana a versão intermediária EXL, que parte de pesados R$ 108.900. E essa diversão não está apenas na dupla propulsor e transmissão, mas também no acerto da direção elétrica progressiva e no primoroso – pelo menos na modesta opinião deste jornalista – ajuste da suspensão.

Conto os detalhes enquanto levo você para dar uma volta por algumas estradinhas da região de Boituva, interior de São Paulo...
‘Old School’, o Civic ainda exige colocar a chave no contato e girar para dar vida ao motor. Pelo preço, uma chave presencial e um botão start-stop seria mais apropriado, não? Manopla na posição ‘D’ (Drive), freio de estacionamento eletrônico desabilitado e bora acelerar.
De prima, o Honda se mostra um sedã silencioso. Excelente o revestimento acústico. Aliás, muito bom o acabamento interno, com materiais de qualidade – peças emborrachadas, plástico duro e couro (bancos, manopla do câmbio e volante) –, agradáveis ao toque e tudo muito bem encaixado. Incrível como Civic consegue transmitir uma sensação de qualidade na montagem.

Importante destacar também que o Civic parece um daqueles carros moldados para todos os tipos de motora, independente do porte físico. Com encosto amplo e abas maiores, os bancos vestem quem está ao volante. E com amplo ajuste manual de altura do assento, os mais baixinhos conseguem uma postura mais elevada, ampliando a visão. A coluna de direção complementa essa excelente capacidade de vestir o carro com regulagens, também manuais, de altura e profundidade.

‘PÉ’ NAS CURVAS

O ‘coração’ 2.0 16V SOHC i-VTEC FlexOne gosta de trabalhar em altas rotações. Aliás, quando a busca é por performance, como neste nosso passeio, não deixe o ponteiro do conta-giros baixar dos 3.500 rpm. Para você ter uma ideia, a potência máxima com etanol no tanque é de 155 cv e ela aparece apenas a 6.300 giros. Já o torque de 19,5 kgf.m surge a 4.800 rotações.

O ideal agora é dar mais um ‘tapa’ para trás na manopla, jogando para a posição ‘S’ (Sport), e cutucar as ‘borboletas’ (paddle shift) atrás do volante. Apesar de CVT (continuamente variável), a transmissão do Civic simula a troca de até sete marchas. Por mais que no dia a dia, em uma tocada mais simples, este tipo de caixa seja muito confortável, quando se ‘carca’ o pedal da direita no assoalho, é inevitável que a rotação seja jogada para mais de 6.000 giros e a sensação incômoda de primeira marcha é inevitável. Por isso, use as aletas – por mais que suas respostas não sejam tão imediatas e precisas como em modelos com câmbio de dupla embreagem.
É aqui, então, que Civic se revela um carro realmente divertido dentro de suas limitações. A direção elétrica progressiva ganha em rigidez e fica direta, permitindo desenhar com precisão cada sequência de curvas. E apesar de ser tração dianteira e ter os controles de tração e estabilidade de série, o Honda entrega equilíbrio suficiente para não os acionar, mesmo quando abusamos um pouco mais do acelerador. É possível desligar o controle de tração por meio de um botão, mas sempre opte pela segurança. Ele está lá para, em determinadas situações, até mesmo salvar sua vida e a dos demais ocupantes.

A suspensão também trabalha com primazia. Bom, neste ponto a Honda sempre foi digna de elogios. Sua personalidade firme, o que para alguns chega a beliscar o incômodo, para mim é tempero extra. É qualidade. O sistema é independente nas quatro rodas, sendo McPherson na dianteira e Multi-link na traseira. De um lado para o outro, os 1.291 kg do Civic são transferidos sem transmitir oscilações para a carroceria. E os 4,63 metros de comprimento parecem bem menos. O ‘bólido’ está nas mãos o tempo todo.
É muito gostoso também carregar velocidade para dentro da curva, entrando nela ainda pressionando o pedal do freio. O Civic é muito equilibrado, não arrastando a frente ou ameaçando deixar a traseira ir embora. Os freios a disco nas quatro rodas – ventilados na frente e sólidos atrás – têm ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem). Outra tecnologia de segurança que faz do Civic carro comportado é a tecnologia de versão de torque, que identifica que em uma curva o carro está saindo da sua trajetória e passa a ‘pincelar’ o freio da roda dianteira interna da curva, trazendo a ‘fera’ para os ‘trilhos’.

Como forma de segurança, o Civic também conta com tecnologia de frenagem de emergência, que complementa a força no pedal do freio ao identificar uma situação de emergência, ampliando a eficiência da frenagem.

VOLTANDO

Vamos esfriar o motor. Voltar para Boituva e tomar um suco. O ar-condicionado de duas zonas, que estava desligado, agora gela ao máximo – oh terra que faz calor! Coloco no piloto automático (controlador de velocidade) e aperto a tecla ECO no console central, ao lado do câmbio, para gerar maior economia de combustível. Aliás, de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do INMETRO, o Civic EXL faz 7,2 km/l na cidade com etanol e 10,5 km/l com gasolina. Na estrada os números saltam para 8m9 km/l (etanol) e 13 km/l (gasolina). Realmente nada mal!

Na central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque e colorida, espeto meu smartphone na entrada USB e projeto o Apple CarPlay na tela – o sistema também é compatível com Android Auto, não se preocupe. Seleciono o aplicativo Waze, coloco o endereço da frutaria – tudo pela própria tela da central. Escuto as últimas mensagens do Grupo da Família e o recado da esposa; e por fim escolho uma trilha sonora grunge no Spotfy para relaxar.

Agora, olhando com calma para o Civic, incrível como seu espaço interno é bom. O Honda não tem apenas bons 2,70 metros de distância entre os eixos, mas também 1,80 metro de largura – confira todas as informações técnicas no Catálogo 0KM da Webmotors. Atrás o assoalho plano da geração anterior sumiu na atual. Agora, quem viaja na posição central do banco traseiro não consegue acomodar tão bem as pernas. O bom é que tem cinto de segurança de três pontos para todos os ocupantes, assim como encosto de cabeça. Dois pontos ISOFIX para fixação da cadeirinha e seis airbags (duplo frontal, laterais e de cortina).
Apesar de grandalhão, o Civic é um carro fácil de estacionar, pois conta com sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, além da câmera de ré.

VISUAL

Tem quem não goste da nova geração do Civic. Não são poucos que criticam a traseira. Eu, pessoalmente, acho que o Honda nunca teve tanta personalidade. Os japoneses mudaram, e mudaram bem. A grade cromada na dianteira, os faróis com iluminação em LED, as rodas de liga leve de 17 polegadas diamantadas, a queda dramática da coluna ‘C’ – remetendo a um fastback – me agrada.

VALE A COMPRA?

O preço inicial do Civic EXL impressiona negativamente. Assusta quem não está com total convicção que quer colocar este Honda na garagem. Em contrapartida, o sedã entrega bom espaço interno, lista de equipamentos de série interessante – especialmente com relação a itens de segurança – e o que mais importa quando o assunto é Civic: prazer ao volante. O problema é que por este valor, outras opções neste quesito são interessantes – como o Volkswagen Jetta R-Line ou mesmo o Chevrolet Cruze.

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