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Honda Fit LX segue à risca a cultura japonesa

Aceleramos a versão intermediária de um dos carros mais importantes da marca - e que mostra muito da cultura do Japão

por Rodrigo Ferreira

Confesso que acho o Japão um país singular. Já estive três vezes na terra do Sol Nascente, duas delas por escolha própria, a passeio. Me encanta a união de uma natureza única, com a modernidade das cidades e um povo para lá de gentil.
"Mas e daí?" Pode estar se perguntando o meu caro leitor ou leitora. Daí que o Honda Fit na sua versão intermediária LX me lembra muito a cultura que conheci do outro lado do mundo.
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Como é?

Em Tóquio, por exemplo, uma cidade maior e com mais habitantes que São Paulo, é possível andar sem se espremer, acotovelar ou esbarrar em outras pessoas, mesmo no meio do horário de rush, às 18h, em um dia de semana normal. Isso porque a população e o meio de transporte são organizados. Não se vê uma pessoa atrasada, correndo ou nervosa. Bem diferente do metrô de Sampa.
O Fit também é assim, organizado, pensado, engenhoso, se pode dizer, e feito para ser honesto ao seu propósito. Por isso, é até difícil enquadrá-lo. Uns falam que as dimensões e o porte são de hatch, outros cravam que o estilo e o interior são de monovolume.
Debates à parte, o Fit consegue a proeza de ter espaço para até cinco pessoas, mais um porta-malas de 363 litros e uma imensa modularidade interna. Tudo isso em apenas 4,09 metros de comprimento. Bem a cara dos japoneses que conseguem facilmente montar casas inteiras em apenas quinze metros quadrados de espaço.

Simplicidade à tona

Os japoneses também são adeptos da simplicidade. Sim, não há porque complicar as coisas. São objetivos, básicos, focados no essencial e no prático. Não se encontra lixeiras nas ruas. Todos sabem o local certo para comer, beber e cada um é responsável pelo próprio lixo. As pessoas também esperam pela chegada do trem. Porque, obviamente, todos sabem o horário e não precisam se adiantar.
O Fit, mesmo na sua versão intermediária, segue à risca essa filosofia. Traz o que tem de trazer, sem excessos. Os bancos são revestidos de tecido simples, sem ser vulgar ou mal-acabado. O plástico está espalhado pela cabine, mas não é áspero ou apresenta rebarbas.
A mesma regra é seguida nos equipamentos, o que neste caso não chega a ser um elogio. São de série direção com assistência elétrica (e com regulagem de altura e distância), assentos do motorista com ajuste de altura, ar-condicionado, vidros elétricos com função um toque para motorista, alarme, rádio com tela de cinco polegadas e bluetooth, quatro alto falantes, faróis de neblina, rodas de liga leve e computador de bordo.
Sim, a lista é pequena. Ainda mais se comparada à concorrência. A Hyundai, por exemplo, pelo mesmo preço entrega a mais no novo HB20, na versão Diamont 1.0L turbo, piloto automático com comandos no volante, sistema start/stop, ar-condicionado digital, sensor de estacionamento traseiro, chave presencial, partida por botão e retrovisores com repetidores laterais.
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O modelo da marca coreana também oferece airbags laterais, limitador de velocidade, apoio de braço no assento do motorista, porta-objetos fechado com tampa retrátil no console, porta-malas com comando na chave e central multimídia com tela sensível ao toque de oito polegadas compatível com Apple Car Play e Android Auto.

Por tudo isso, o rival cobra R$ 73.590, quase dois mil reais a menos que o Honda Fit LX (R$ 75.600, pela tabela de maio/2020).
Outra característica que aprendi pelas minhas andanças pelo Japão. O povo japonês se esmera em tudo que faz, é detalhista, preocupado com a perfeição de cada ação, como o fiscal de trem que faz reverência à composição depois que ela deixa a estação e, talvez por isso, cobre caro pelo produto que entrega. É por isso também, provavelmente, que a sua rede de concessionárias e pós-venda seja uma das mais elogiadas de todo o mercado.
Sim, os japoneses são corteses, têm real interesse em servir bem, com qualidade. Posso dizer que é real, eles se importam em serem prestativos e atenciosos com qualquer pessoa.
Lembra que falei da engenhosidade oriental? Isso fica explícito na principal característica do Fit: sua modularidade. São inúmeras as possibilidades de combinação dos bancos.
Lembro que cheguei a levar um fogão de seis bocas dentro de um Fit de primeira geração em uma das mudanças que fiz. Sim, um fogão! Algo impensável em um VW Polo ou Chevrolet Onix, só para citar mais dois concorrentes do carrinho japonês.

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E como anda?

Uma outra característica famosa dos japoneses é a discrição em tudo que fazem. Em Tóquio ou em Quioto, a antiga capital, não encontrei uma pessoa falando alto ou gesticulando os braços ao vento. Até quando estavam dando risada em grupo eles eram reservados, comedidos.
Assim é o desempenho do Fit, recatado. O motor é um 1.5 que rende 116 cv de potência máxima e um torque 15,3 kgf.m, que junto a um câmbio automático do tipo CVT levam o hatch à velocidade máxima de 175 km/h. Na prática esses números se traduzem em uma vida pacata e, até certo ponto, entediante.
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A tranquilidade só é quebrada pela suspensão traseira rígida, que sofre com a pavimentação de péssima qualidade que temos por aqui. O carro não lida tão bem com lombadas e buracos e os ocupantes sofrem um pouco mais do que o necessário.
Por outro lado, a Honda se preocupou com a segurança dos ocupantes e de série há controles de tração e estabilidade, assistente de partidas em aclives, travamento automático das portas em velocidades acima de 15 km/h, sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis e sistema de alerta de frenagem de emergência. Bem ao estilo japonês, acostumado com terremotos.

Conclusão

Como disse no começo deste texto, sou fã do Japão. Aquele pedaço de terra do outro lado do mundo é, de longe, o país que mais gostei de visitar. Mas, estranhamente, eu não conseguiria morar lá. O problema não é a língua (indecifrável), a culinária (que eu particularmente adoro) ou mesmo o perigo constante de um terremoto ou tsunami.
Falta sal, como dizia a minha avó. Falta rebeldia, improvisação, calor humano. As coisas são muito organizadas, sem margem para a inspiração ou invencionismo.
O Honda Fit é um carro com poucos defeitos, são mais características que você pode gostar ou não. Caso da falta de uma central multimídia ou de equipamentos tecnológicos. Dificilmente você verá um painel central totalmente digital dentro de um Fit, como ocorre no VW Polo, ao menos por enquanto.
A mesma coisa se você esperar um motor empolgante, um câmbio com trocas em rotações altas ou acelerações para grudar o corpo no banco. A aventura do Fit acontece em um templo budista durante uma meditação, não em uma pista de corrida.

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