Na realidade eu já havia afirmado isso na época de lançamento das versões turbo do modelo, lá no final de 2022. Também fiz uma reportagem com três motivos para comprar e três para não compra o carro.
O modelo ficou mais caro. Lançada ao preço de R$ 184.500 há pouco mais de um ano, hoje a versão Touring não sai por menos de R$ 195.800 - mais de R$ 10 mil a mais. Só que é aí que entra a questão: por quase R$ 200 mil, vejo que é mais negócio do que um ZR-V, que hoje custa R$ 214.500. E vou explicar meus motivos nessa avaliação.
HR-V Touring: espaçoso, tecnológico e ágil
O ponto principal, que faz o título dessa reportagem ter sentido, é a questão de espaço.Quem sai de um SUV compacto e parte para um médio procura o que? No Brasil, a referência são os donos de Volkswagen T-Cross, Jeep Renegade, Hyundai Creta, Chevrolet Tracker e Honda HR-V, os compactos mais vendidos, que se interessam pelo Jeep Compass, o mais emplacado do andar de cima.
Procuram espaço. Normalmente, são famílias que planejam o primeiro ou querem ter mais filhos.
No atual line-up da Honda, o "natural" seria o dono de HR-V olhar para cima e ver Civic e ZR-V - que em teoria seria uma espécie de "Civic SUV" - como opções. Mas não é assim que rola.
Como o HR-V tem um gap de preços grande - o mais barato hoje custa R$ 151.200, R$ 44 mil distantes dos R$ 196 mil da versão Touring -, é super comum ver os donos de versões iniciais (já super espaçosas) mirarem as configurações turbinadas.
Mas não é só isso que favorece o HR-V Touring.
Quem é fã de Honda dificilmente deixa de comprar os produtos da marca. E quem é cliente de HR-V, fabricado no Brasil desde seu lançamento, em 2015, também prefere seguir confiando na qualidade do produto feito na indústria brasileira.
O ZR-V é espaçoso? Muito! Mas o HR-V também é. E ainda oferece o prático e versátil sistema Magic Seat, diferentemente do irmão maior.
Mas nem tudo é maravilha: o porta-malas não é tão grande e ainda perdeu volume se comparado ao da geração anterior: eram 437 litros, agora são 354 litros.
Motor turbo
Ter conjunto turbinado hoje em dia virou algo comum, mas isso ainda permanece sendo um diferencial. O HR-V Touring usa o excelente conjunto 1.5 turbo de 177 cv e 24,5 kgf.m de torque, gerido pela ótima caixa de câmbio CVT, que tem ajuste diferente do usado nas versões aspiradas.Como já disse aqui, o carro anda muito - inclusive mais que o próprio ZR-V.
O HR-V sabe fazer curva, tem acerto de suspensão preciso - ainda que o conjunto traseiro não seja independente, uma pena - e também freia muito bem. As rodas com aros de 17 polegadas são grandes aliadas nesse sentido.
E o carro faz tudo isso com bons números de consumo. Oficialmente, são 7,9 km/l na cidade e 8,8 km/l na estrada com etanol e 11,3 km/l e 12,6 km/l, respectivamente, com gasolina.
Em nossas mãos, durante duas semanas seguidas nesta virada de ano, o carro fez 10,8 km/l na cidade com gasolina - com etanol, a média caiu para 6,7 km/l. Na estrada, os números foram de 14 km/l e 9,5 km/l, respectivamente, sempre com duas pessoas a bordo e ar-condicionado ligado.
Completo e bem acabado
Não podemos deixar de elogiar o ótimo nível de equipamentos que foi aplicado na versão mais cara do modelo da Honda.Vale lembrar que o novo Honda HR-V traz de série (em todas as versões) freio de estacionamento por botão e o pacote Honda Sensing de tecnologias semiautônomas.
O acabamento do HR-V Touring é sensivelmente melhor que o das versões aspiradas e de entrada do modelo, EX e EXL. Há peças e revestimentos em couro e em material macio ao toque, e muito menos plástico na cabine.
Conexão com o app MyHonda Connect, carregador de celular sem fio, quadro de instrumentos 100% digital em TFT, ar-condicionado de duas zonas, seletor de modo de condução e função tilt-down no retrovisor são equipamentos de conforto das configurações mais caras do SUV que ajudam muito no dia a dia.
Mas precisamos dizer que a central multimídia deixa um pouco a desejar - desde que você fique nas funções standard do sistema e não use CarPlay e Android Auto (no meu caso, só uso CarPlay).
Muito confusa, ela exige um tempo para que você se acostume com todas as funções e ainda usa um hardware defasado, grande, que parece uma TV de "tubo".
A versão mais luxuosa que nós testamos traz como diferencial a opção de partida remota do motor, dois tweeters traseiros adicionais, as belas rodas com design exclusivo (que lembram lâminas de uma hélice) e possibilidade de abertura e fechamento automáticos do porta-malas - outro grande equipamento que ajuda muito em situações rotineiras.
Mas falta teto solar, item que já foi oferecido pelo SUV e que hoje não existe nem como opcional.
No fim das contas, não dá para dizer que a versão mais sofisticada do HR-V não é premium. Ela é sim, bastante. Ela é protagonista.
Comentários