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Jeep Gladiator é uma picape para o fim do mundo

Aceleramos o modelo derivada do 4x4 Wrangler, que une a valentia no fora-de-estrada com a versatilidade de uma caçamba

por Evandro Enoshita

A Stellantis finalmente cumpre a promessa e lança oficialmente nesta quinta-feira (4) a picape Jeep Gladiator. Revelada em 2019 nos Estados Unidos, ela era prometido desde então para nosso mercado. E o WM1 foi até o interior do estado da Paraíba para avaliar o lançamento, em estradas e trechos off-road.

A região escolhida pela Stellantis foi a cidade de Cabaceiras (PB), que é conhecida pelo apelido de “Roliúde Nordestina” por conta das várias produções cinematográficas filmadas por lá.
E também pela paisagem digna de cinema do Lajedo de Pai Mateus, uma elevação rochosa de cerca de 1,5 km² que é o mais próximo que poderíamos encontrar na Terra de um, digamos... Cenário extraterrestre. Seria a Gladiator uma picape para o fim do mundo?
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Voltemos para a Gladiator. O modelo estreia no Brasil apenas na versão Rubicon, equipada com o conhecido 3.6 V6 a gasolina da família Pentastar, que desenvolve 284 cv e 35,4 kgf.m de torque. Já o câmbio é sempre automático de oito marchas.
Com uma carroceria montada sobre chassis convencional, a Gladiator tem 5,59 m de comprimento, 1,85 m de largura e 1,91 m de altura, além de entre-eixos de 3,49 m - dimensões que a tornam uma gigante perto das picapes médias tradicionais.

Mas boa parte deste tamanho extra está na cabine de passageiros, que se destaca pelo bom espaço dos assentos dianteiros e traseiros. O custo disso é que a caçamba foi sacrificada: são 1.000 litros de volume e capacidade de carga de 674 kg - pouco mais que uma Fiat Strada Volcano Cabine Dupla.
Por conta disso, a Jeep destaca que é mais provável que o comprador da Gladiator seja o cliente dos 4x4 convencionais e não aqueles vindos das picapes médias.
Aquele sujeito aventureiro que quer caçamba para levar grandes objetos, mas não necessariamente pesados. Ou que busca na picape um veículo para puxar carreta, já que o modelo da Jeep tem capacidade de reboque de 3.138 kg.

Um passeio de Jeep Gladiator

Percorri cerca de 200 quilômetros na região entre Campina Grande (PB) e Cabaceiras (PB), onde pude me alternar como passageiro e motorista, em pistas asfaltadas, estradas de terras enlameadas e terrenos rochosos.
Começando pelo banco do passageiro: diferente do que se espera de um utilitário, a suspensão da Gladiator agrada pelo acerto macio. O acabamento está dentro do que se espera de um Jeep, com materiais refinados combinados a elementos como piso com drenos, para que ela possa ser lavada. 

Em termos de itens de conforto, a lista inclui ainda central multimídia com tela de 8,4 polegadas (compatível com Android Auto e Apple CarPlay) e um sistema de som premium da Alpine com nove alto-falantes e subwoofer, sendo um deles destacável e capaz de operar fora do veículo como uma caixa de som, via bluetooth
Mesmo com a sua pegada aventureira, a Gladiator não abre mão de confortos tipicamente urbanos, como o controle adaptativo de velocidade de cruzeiro, monitor de pontos cegos e frenagem automática, além do ar-condicionado automático de duas zonas.
Ao volante, motoristas de baixa estatura (1,65 m) acham facilmente a posição ideal de dirigir, desde que ela seja alta. Os comandos ficam sempre à mão.
Já o motor V6 agrada pela boa disponibilidade de torque e pelo bom casamento com o câmbio automático, com trocas rápidas e que permitem aproveitar bem o fôlego do Pentastar. Os pneus, na medida 245/75 R17, são de uso misto. Mas não se nota ruído em excesso ou instabilidade em trechos de velocidade acima de 100 km/h.
Uma pena que não tivemos a oportunidade de enfrentar trilhas de off-road mais pesadas. Mas nos trajetos de barro e pedras que enfrentamos a suspensão seguiu na mesma toada do asfalto e não nos presenteou com trancos e solavancos.

Na terra e na pedra

Falando em off-road, não faltam recursos para não deixar o motorista na mão, como o sistema de tração 4x4 (acionado por alavanca) com relação 4:1, diferenciais com bloqueio eletrônico na dianteira e traseira e a barra estabilizadora dianteira com desconexão eletrônica (acionada por um botão), que permite aumentar a capacidade fora-de-estrada da picape. 
Segundo o fabricante, o ângulo de ataque é de 43° e o de saída de 26°. E o ângulo de rampa é de 20°. Já a capacidade de submersão é de 76 cm.
Mas passando dos números para a prática, uma característica muito interessante é a possibilidade de rebater o para-brisa e retirar portas e até o teto, para garantir uma rara experiência de direção (pelo menos em um picape) ao ar livre.
Uma curiosidade é que, como parte de uma lista de 72 acessórios oficiais, a Jeep oferece portas tubulares de aço e até retrovisores adicionais para quem quiser se livrar definitivamente das peças convencionais.
Outro detalhe bacana para os donos mais aventureiros é a tomada caseira (embora seja no padrão americano) instalada na caçamba, que pode ser utilizada para carregar celulares ou fornecer energia a aparelhos domésticos. Na dianteira, uma câmera frontal ajuda a visualizar áreas obstruídas pelo capô.

Mercado e concorrentes

Com preço sugerido de R$ 499.990, a Jeep Gladiator é um dos raros modelos que não encontram concorrentes diretos no mercado brasileiro. A expectativa da marca é emplacar 300 unidades da picape ainda em 2022.
Poderia ser mais completa na sua faixa de preço? Até poderia. Mas a ausência de itens como os airbags de cortina ou o assistente de manutenção em faixa, por exemplo, foram perdas necessárias para garantir o apelo off-road da picape. De qualquer forma, duvido que o público da Gladiator vai ligar.
Em preço, fica posicionado acima da RAM 1500 Rebel, modelo mais potente e de maior porte, mas voltado para um público que procura uma picape mais raiz. Já na mesma pegada dos modelos com caçamba mais exóticos, a Ford oferece a Maverick. Modelo que, no entanto, é mais barato (R$ 236.890), menor e baseado em uma estrutura do tipo monobloco.

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