Jeep Renegade é um cabra pra lá de arretado

Utilitário cumpriu com êxito desafios de expedição pela Chapada Diamantina, na Bahia


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Lukas Kenji
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No RG, o bicho mostra nome enfeitado, de gringo. Jeep Renegade. O povo é doido mesmo para querer ter nome americano por aqui. Mas o sujeito não nega que é bem brasileiro. Bem nordestino. Daqueles com sotaque bem arrastado da região de Goiana, Pernambuco. Daqueles que não negam uma branquinha para abrir o estômago antes de um bom prato de comida tomado por farinha.

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O bicho não tem cerimônia, não. Faça chuva ou faça sol, cumpre sua missão. Passa por cima de areia, lama, pedra... Tá pensando o que? Pra rodar pela Chapada Diamantina não adianta só ter roupa de aventureiro, não. No miolo do Brasil, território baiano, o cabra tem que saber que a estrada é bela, mas traicoeira.

E olha que o cenário poderia ser mais vistoso não fosse esse danado desse fogo que insiste em arder na Chapada. Já imaginou ficar seis meses sem ver uma gota d’água cair do céu? Mas parece que esse tal de Renegade traz bons ventos. Foi só a Jeep colocar um monte deles nessas bandas numa expedição inédita no Brasil, chamada de Jeep Experience, pro céu desabar em água. Que venha mais!

E esse Renegade rodou lá por uns 700 quilômetros. Passou pelas principais cidades que circundam a Chapada: Lençóis, Mucugê, Andaraí, Igatu e Palmeiras. Esse último município, alías, é quem fica encarregado de mostrar a vista mais porreta do Parque Nacional da Chapada Diamantina. É o Morro do Pai Inácio. Quando você chega ao topo dele fica a 1.120 metros do nível do mar ou do nosso sagrado Rio São Francisco.

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Não vá pensando que o Renegade consegue te levar pra tudo quanto é morro. Também não é assim. O bicho é arretado, mas dadas as devidas proporções. Na água, exemplo, ele aguenta imersão de até 482 milímetros se estiver a 8 km/h. Tem baiano que faz até mais do que isso, apesar de não parecer. O Ford EcoSport, de Camaçari (BA), enfrenta até 550 mm de imersão.

Apesar de não ser um nordestino que tope qualquer parada, coisa que o cearense Troller T4 faz muito bem, o Renegade mostrou que pode fazer uns grandalhões passarem vergonha. Cá entre nós, corre à boca pequena uma prosa que diz que um Jeep Cherokee no alto dos seus 1.892 quilos que acompanhava a expedição não conseguiu passar por uma ponte de madeira. Mais magrinho, o Renegade de 1.674 kg deixou o companheiro no chinelo.  

A verdade é que ele é o único de sua categoria a se sentir à vontade num cenário cheio de terrenos diferentes. É que ele tem um sistema chamado de Select Terrain, que ajusta a tração 4x4 de acordo com o cenário. Também merecem menção o bloqueio de diferencial traseiro e o ângulo de entrada de 30,5 graus, e de saída com 34 graus.

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Mas esse Renegade tem um negócio que faz diferença, viu? É seu o motor turbodiesel 2.0 Multijet II 16V de 170 cv de potência a 3.750 rpm. Ele tem ainda injeção direta de combustível e torque de 35,7 kgf.m que dão sustância para ultrapassagens, retomadas e subidas bem anguladas.

Mas o coração do bicho só bate forte porque tem como aliado um câmbio automático de nove velocidaes pra lá de versátil. Se é preciso potência, ele atende e deixa a fera chegar aos 100 km/h em 9,9 segundos. Se a necessidade é ser econômico, ele vai bem também. Foi necessário apenas um abastecimento completo do tanque de combustível de 60 litros para completar a expedição. Oras, na estrada, o consumo médio é de 15,9 km/l.

O cabra também é estável por demais. Dá para ficar tranquilinho em curvas longas de alta velocidade porque a suspensão independente do tipo McPherson nas duas pontas tem barra estabilizadora e molas helicoidais bem ajustadas.

Ajuda também tanto na estabilidade como no conforto o fato de a suspensão ter 20,7 centímetros de distância para o solo seco da Bahia e também as rodas de 17” polegadas com pneus 215/60 de uso misto. Eles são 70% direcionados para o asfalto e 30% ajustados para as terras, que especialmente na Chapada, podem ter como destino as lindas Gruta Azul e Gruta da Pratinha.

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Mas, olha, o problema mesmo é carregar as bagagens. O jagunço pode levar só 260 litros de tralhas nas costas. Tem calango muito menor que aguenta mais coisas. Veja só o miudinho Volkswagen Up!, que leva até 285 litros.

Outra coisa: o bicho é pra lá de nojento. Mas aí é no bom sentido. Na versão Trailhawk (olha o nome gringo de novo) tem central multimídia com tela sensível ao toque de 7 polegadas, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis, protetores de cárter, tanque e transmissão e ganchos de reboque.

Tem também direção elétrica, ar-condicionado de duas zonas, câmera de ré, computador de bordo, controle de velocidade em descidas, volante multifuncional com acabamento em couro, aletas no volante, freio de estacionamento elétrico, faróis e lanternas de neblina.

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Tanta coisa deixou o cabra com preço apimentado. É preciso tirar do bolso R$ 124.900 para tê-lo em casa. E se forem agregadas outras coisas como banco de couro, faróis de xenon, sistema de som Beats, airbags de cortina e joelhos, o valor sobe para R$ 142.100.

Desse jeito, o Renegade Trailhawk fica mais caro do que Ford Fusion, Mercedes-Benz GLA e BMW 320i, que ficam na casa de R$ 120 mil e R$ 130 mil. Mas esses aí não aguentariam brincar de passear pela Chapada. Só que um bicho mais parrudo como o Troller T4 também é mais barato, na faixa de R$ 120 mil.

Apesar de a prosa estar boa demais, ela está derradeira. Pois pra fim de conversa, é preciso dizer que o tal de Renegade é um baita de um companheiro para quem quer desbravar esse Brasilzão com conforto e sem pensar no amanhã. Ele pode não ser um Jeep Wrangler que topa toda parada, mas também não vai deixar ninguém na mão.

Mas para finalizar o papo de vez, vai aí o recado: se não conhece, visite a Chapada Diamantina.

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