O mais quadrado dos Land Rover atualmente é, sem dúvida, o Discovery 4. Não afirmo apenas por conta das formas no melhor estilo pão de forma do utilitário de quase cinco metros de comprimento. O SUV segue sem grandes mudanças desde o seu lançamento em 2010, e perceba que o grandalhão é muito parecido com o seu antecessor, o Discovery 3, que data de 2005 (a plataforma, por exemplo, é a mesma).
Apesar da alteração no nome, nem mesmo a Land Rover o chamou de nova geração na ocasião. A impressão foi reforçada recentemente pelo surgimento do Discovery Sport, que será feito no Brasil a partir de 2016, e seu visual futurista.
Para tentar atenuar as marcas da idade, a Land Rover deu um tapa no visual e nos equipamentos do modelo este ano. Quem tiver olhos de lince vai reparar que os faróis e as lanternas receberam máscaras negras, que a grade frontal e o para-choque dianteiro foram levemente redesenhados e que o nome Land Rover na frente do capô deu lugar a Discovery. No interior, a marca do sistema de som é nova, Meridian (com 17 autofalantes de 825W, igual ao que é usado nos luxuosos Range Rover), assim como o tipo de couro do revestimento interno e o sistema multimídia. Nada que tenha deixado o SUV menos quadrado.
Mas o jeitão mais tradicional e menos modernoso nunca fez mal ao Discovery. Pelo contrário, desde a aparição do modelo já se passaram 25 anos. De promessa, o veículo virou um ícone, cultuado em todo o mundo. Todo este prestígio fez com que o modelo virasse uma submarca, com direito até a família própria, como já acontece com os Range Rover. Mas isso é conversa para outra hora.
Chega a ser difícil entender como um modelo que está sem mudanças drásticas há um bom tempo possa ainda despertar admiração e desejo. Para buscar a resposta passamos uma semana com a versão topo de gama do Discovery, a HSE, avaliada em R$ 354,2 mil e equipada com motor 3.0 V6 turbodiesel de 256 cavalos de potência máxima.
O Discovery é abrutalhado para as congestionadas ruas de São Paulo. São 2,05 metros de largura, sendo que algumas avenidas da cidade têm faixas com 2,40 m, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Ou seja, o utilitário passa sufoco entre motos, ônibus e caminhões.
Por outro lado, o modelo é alto, tem 1,88 metro neste quesito. Pode não parecer muito, mas o Fiat Uno, por exemplo, tem 1,48m e o Porsche Cayenne chega a, no máximo, 1,70 m (são 18 centímetros a menos que o Land Rover). A estatura ajuda no trânsito pesado, mas cobra calafrios na espinha quando se entra em estacionamentos fechados. Todos parecem muito baixos. Já para os sete ocupantes há muito espaço e mordomia. São 2,88 metros de entre-eixos, o que significa que ninguém vai bater a perna no banco da frente. Até na terceira fileira de assentos o espaço é razoável, principalmente para crianças de menos de 10 anos.
Nesta versão topo de linha, o acabamento é primoroso. A Land Rover tem apreendido com a irmã Jaguar como caprichar na vida a bordo. A forração em couro está espalhada por toda a cabine, inclusive atrás do painel de instrumentos até a união com o para-brisa. Nem se imagina que com tanto luxo, o Discovery 4 seja capaz de mergulhar até 80 centímetros em águas barrentas de qualquer pântano do planeta.
A Land Rover é conhecida pela engenhosidade e até excentricidade em terrenos fora de estrada. Na versão HSE, por exemplo, há câmeras externas apontadas para os quatro lados do utilitário. Na propaganda da marca, elas servem para observar o terreno acidentado das trilhas offroad e, até, varrer o fundo de um rio, mas no dia a dia da cidade elas são práticas para se estacionar sem raspar as imponentes rodas aro 20 no meio fio.
A suspensão pneumática trata de deixar plano qualquer buraco, valeta e até lombadas. Rodar com o Discovery é macio, suave e silencioso. Nem mesmo, o forte motor turbodiesel é capaz de estragar o conforto (graças também ao bom isolamento acústico, já que não existe milagres).
Há cinco programas eletrônicos de condições de piso (Terrain Response), do asfalto até o gelo. A suspensão se encarrega de levantar ou baixar o SUV dependendo da necessidade do piso. Em relação a segurança, o Discovery 4 traz controle dinâmico de estabilidde, assistente de saída em ladeiras, freio de estacionamento automático, assistência a frenagens de emergência, freios com ABS e ETC e controle de estabilidade de autirrolagem entre os equipamentos de sério.
O Land Rover traz ainda faróis de xenon adaptativos que regulam a altura automaticamente, sensores dianteiros e traseiros de estacionamento, teto solar panorâmico, iluminação diurna em LED, botão Start/Stop, ar-condicionado bizone e trasiro, câmera de ré, tela multimídia sensível ao toque de 7 polegadas, piloto automático, TV digital (somente no HSE)
Todos este aparato torna a tarefa de dirigir o Discovery algo simples e fácil de ser executado. A carroceria, apesar de alta, transmite segurança nas curvas. O utilitário é firme e não inclina muito, algo típico neste tipo de veículo. O motor de 256 cavalos de potência máxima produz ótimos 62,1 kgf.m de torque. Valores necessários para conseguir empurrar com dignidade as mais de 2,5 toneladas de peso do utilitário.
O Discovery 4 é hoje o Land Rover com mais personalidade. Desde o jeitão quadrado até as suas características offroad ajudam a entender por que é também um dos modelos mais cultuados no mundo. É fato que o utilitário mostra as rugas da idade, falta, por exemplo, um piloto automático adaptativo, já presente no Range Rover Evoque, e outros equipamentos que justifiquem o preço nas alturas, mas este Land Rover ainda tem lenha para queimar.
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