O canal de notícias da Webmotors

Mercedes AMG A45 S: um hot hatch para a história

Esportivo ostenta o motor 2.0 mais potente já feito pela Mercedes, mas encara o fato de ser o hatch mais caro do Brasil

por Lukas Kenji

Num momento em que a cultura automotiva costuma dar mais valor a carros gigantescos e de visual escrachado, o Mercedes-AMG A45 S tem a missão de provar que menos pode ser mais. Logo na apresentação,  esfrega na nossa cara que detém o motor 2.0 mais potente da história e afirma-se, com tranquilidade, como o hatch mais caro do Brasil.

A etiqueta é de R$ 518.900. E olha que falamos de um modelo da gama inicial da AMG. Será que o hatch tem dotes suficientes para se bancar entre os esportivos nesta faixa de preço?
Vamos começar pelo visual: dá para dizer que o hot hatch pode até parecer sóbrio, mas coleciona diversos elementos característicos de esportivo. A grade tem até nome: Panamericana. É a mesma do bestial AMG GT-R.
As rodas de 19 polegadas aprisionam discos ventilados e pinças de freio esportivas. Os pneus de perfil 245/35 impõem a necessidade de para-lamas alargados em relação a um Classe A convencional.
Já o escapamento tem quatro ponteiras, mas é bom que se diga que apenas duas são funcionais.

O maior chamariz estético do A45 seria o aerofólio arrojado que é vendido como opcional. Pena que ele não estava presente na unidade avaliada.

Interior "ual!"

Sendo assim, quem assume o papel de protagonista no quesito “uau!” é o ambiente interno. É impossível não ficar impressionado com a verdadeira poluição visual do habitáculo permeado por elementos chamativos
Mas essa pode ser considerada uma poluição do bem. É justamente esse emaranhado de componentes que ajuda a fomentar um interior de tirar o fôlego.

A maior parte dos elementos é revestida de couro, que pode fazer parceria com alumínio ou preto brilhante. Mas é o acabamento em camurça das portas e do volante que evidenciam o caráter esportivo do hatch, assim como a marcação da posição central do volante multifuncional.
Aliás, o que falar desse volante? Qualquer elogio superlativo aos visores digitais e esportivos não faria jus ao que eles representam em termos de experiência do motorista. Por meio deles, é possível regular parâmetros esportivos do carro, como modos de direção, volume do escapamento ou estilo de transmissão. Parece banal, mas faz uma diferença danada na seara de esportivos.
Após descrever diversos componentes, ainda nem chegamos às telas digitais que correspondem a painel de instrumentos e central multimídia. Elas são envoltas por uma peça única, numa identidade visual quase imbatível no segmento premium.

Não diga "Mercedes"

O gadget pode ser gerenciado ainda por comando de voz. Mas aqui chegamos a uma parte chata. Se você falar “Mercedes”, mesmo que esteja apenas conversando com alguém, o sistema identifica que você quer dar algum comando.

Aliás, é preciso formular frases exatas para que o sistema compreenda o que você quer fazer.
A boa notícia é que agora todos os Mercedes são compatíveis com Android Auto, além de Apple CarPlay. Seria bem-vindo o carregamento de celular por indução e conexão com as tecnologias citadas via Wi-Fi, ou seja, sem a necessidade de plugar o cabo USB.
No mais, vale destacar outros equipamentos de destaque do A45, como bancos esportivos, teto solar panorâmico, ar-condicionado de duas zonas, assistente de estacionamento, ACC (piloto automático adaptativo) e sistema de som Burmester.
Como a proposta do hot hatch é também ser um esportivo de uso diário, é importante deixar claro que há bom espaço para quem viaja atrás. Quem tem estatura mediana fica acomodado numa boa muito por conta do entre-eixos de 2,73 m. É o mesmo do CLA e um pouco maior do que o Toyota Corolla (2,70 m), por exemplo.

O porta-malas do hatch de 4,69 m também pode ser considerado razoável. São 370 litros de bagageiro.
Outra boa oferta o A45 é segurança. Além de nove airbags, há alerta de ponto cego, assistente de manutenção em faixa e sistema de frenagem emergencial.
Agora que falamos sobre todos os aspectos do foguetinho, temos liberdade para divagar sobre a parte nobre dele. O motor denominado M139 é um 2.0 turbo de quatro cilindros. O mais potente do tipo já produzido pela marca da estrela. Como não poderia deixar de ser em um AMG, recebe a dedicação de um mecânico específico.

Ele sofreu uma mudança de concepção para extrair 421 cv a 6.750 rpm, além de 51 kgf.m de torque entre 5.000 e 5.250 giros. O turbocompressor de 2,1 bar de pressão e o coletor de escape ficam posicionados ao lado da parede corta-fogo, enquanto o coletor da admissão está à frente, próximo da grade.
Isso quer dizer que o processo de combustão é mais direto e ajuda a explicar tamanha entrega de potência em um bloco de dimensões reduzidas.
Embora seja um hatch que abrigue bem a família, a atmosfera do A45 é peculiar de esportivo. Nem no modo Comfort o carro perde a ambiência de um monstrinho que só pensa em acelerar.

O isolamento acústico não impede que os ocupantes ouçam os roncos graves do escape. Além disso, a suspensão copia com firmeza as oscilações do solo. Você sente as respostas do asfalto como se fizesse parte do assoalho.
Os bancos esportivos abraçam bem, mas não prendem. O ponto positivo é que há ajustes para a lombar.
Já o volante tem uma empunhadura bem particular. Não é um formato totalmente cilíndrico, uma vez que a base é achatada.

De ladinho

Mas o que torna o Mercedes-AMG A45 S especial é o modo drift. É isso mesmo. Há um ajuste especial para soltar a traseira e fazer curvas de lado – mas é bom frisar que isso só deve ser feito em ambiente controlado.
Outro aspecto de diversão dinâmica é abusar do escalonamento manual. Embora a transmissão de dupla embreagem seja absolutamente competente, é mais divertido brincar com as aletas que são bem permissivas. Cada redução de marcha é sinônimo de gargalhada.
Com o modo race ativado, o hot hatch alemão chega aos 100 km/h em 3,9 segundos a partir da inércia. É impressionante como o carro muda de caráter no modo mais bruto. Dá uma patada nas costas sem só, enrijece direção e suspensão e deixa o acelerador mais sensível. É um comportamento dinâmico que causa inveja a muito esportivo conceituado.

Por falar nisso, o A45 não tem um rival direto no Brasil. Isso porque Audi RS3 Sportback e BMW 140i ainda não são vendidos por aqui. O modelo que mais chegaria perto do esportivo da Mercedes seria o compatriota BMW M2 Competition, que tem motor de 410 cv e tabela de preço de R$ 499.950.
Independentemente de preço ou outras questões mercadológicas, o moral da história é que os compactos esportivos da Mercedes-Benz chegaram ao ápice nesta atual geração do A45. Se a gama da marca da estrela já estava fazendo bonito em termos de tecnologia e conforto, agora o mesmo pode ser dito do aspecto dinâmico.
A carinha de carro urbano oculta o feitio assombroso do modelo. Certamente, estará nos livros de história como um dos hot hatches mais divertidos de todos os tempos.

Comentários

Carregar mais