Juiz de Fora, MG - Quem torce o nariz para utilitários costuma dizer que eles são ruins de dirigir e caros para o que oferecem. Afinal de contas, quem é que realmente coloca o carro na lama a não ser uns poucos interessados por fora-de-estrada ou quem precisa atravessar um atoleiro, seja com que carro for?Pois alguns poucos automóveis conseguem oferecer o melhor dos dois mundos, do on e do off-road. Um deles acabou de chegar ao mercado brasileiro e atende pelo nome de Mercedes-Benz GLK 280.
Vendido por R$ 225 mil, ele foi construído sobre a plataforma do novo Mercedes-Benz Classe C. O grau de parentesco com o sedã alemão não é apenas informação curiosa, mas também um aviso a respeito do comportamento dinâmico impecável do utilitário. Falaremos dele mais adiante. Por ora, fiquemos na apresentação dos detalhes.
O primeiro deles diz respeito ao estilo do GLK, considerado por muitos ousado demais. Isso acaba sendo um excelente sinal em se tratando de um Mercedes-Benz. A marca tem uma clientela muito tradicional. Esse adjetivo vem sempre associado a envelhecimento, um problema, em se tratando de qualquer fabricante de veículos, que precisa conquistar novos clientes em um ritmo crescente. Se o GLK é ousado, portanto, está no caminho certo em busca de novos consumidores.
E estes novos compradores tendem a ser atraídos pelo GLK por conta de sua aparência robusta, vincada e, mesmo assim, muito atraente. O impacto de ver o utilitário pela primeira vez é o mesmo que foi produzido pela Mercedes-Benz com o Classe CLS. Esse cupê de quatro portas deu tão certo que criou um novo segmento de mercado no mundo, seguido pelo VW Passat CC que, aliás, chegou ao mercado brasileiro por R$ 174,29 mil e por concorrentes futuros, como o Porsche Panamera, o Aston Martin Rapide e o Lamborghini Estoque.
A proximidade com os carros de passeio da Mercedes-Benz torna a ergonomia do veículo muito agradável. Os comandos são todos elétricos, inclusive os do apoio de cabeça e do volante. Há três memórias para estas regulagens. Ao contrário do que ocorre no Classe ML, os comandos vão instalados perto do puxador das portas, em uma posição fácil de visualizar. O câmbio, automático de sete marchas, tem sua alavanca na posição convencional, ou seja, no console central.
O freio de mão, como em todo Mercedes-Benz, mesmo os automóveis, é acionado por um pedal, assim como o de picapes. Isso pode causar estranhamento aos mais moderninhos, que gostam da idéia de um freio de estacionamento elétrico, como o que equipa o VW Passat, mas o caso é que a marca da estrela de três pontas é conhecida por adotar apenas peças e equipamentos de confiabilidade comprovada e grande durabilidade.
Não era por outro motivo que até bem recentemente os carros da marca usavam direções com esferas recirculantes, as mesmas usadas em caminhões. Pinhão e cremalheira, que oferece uma sensação melhor de condução, mas dura menos, é um avanço recente.
Em termos de espaço interno, o entreeixos de 2,76 m garante conforto a dois passageiros no banco de trás mesmo com ocupantes altos nos bancos dianteiros. O terceiro passageiro, que vai no meio do banco traseiro, sofre com o túnel de transmissão, alto. No porta-malas, há espaço para 450 l de carga.
Ao volante
Se agrada parado, o GLK mostra suas qualidades mais notáveis em movimento. Elas começam com o ronco do motor V6 de 3-litros e 231 cv. Para quem gosta, ele é simplesmente delicioso de ouvir. Para quem não gosta, ele consegue a discrição dos grandes motores. É grave, compassado, nada invasivo. O som agradável não seria nada se o conjunto propulsor não atendesse às expectativas. Mas ele atende. E como atende.
O câmbio automático 7G-TRONIC, de sete marchas, tem trocas tão suaves que parece ser CVT, transmissão que não tem marchas. Casado ao motor V6 do GLK, que parece ter torque em qualquer rotação e em qualquer velocidade, ele faria bonito em qualquer sedã, mas cumpre um papel ainda mais nobre no utilitário.
Isso porque o GLK nega a fama de sua classe de ser ruim de asfalto. Pelo contrário. Poucas vezes dirigimos um utilitário que grudasse tanto nas curvas rápidas e que adernasse tão pouco nelas. O motorista pode “entrar quente” que a carroceria fica ali, firme. Os bancos, excelentes em apoio lateral, dão ao motorista uma sensação ainda mais forte de estabilidade.
Parte deste comportamento é de responsabilidade do Agility Control, um sistema que, segundo a Mercedes-Benz, faz o amortecedor endurecer apenas por um princípio mecânico, sem auxílio de eletrônica. O princípio mecânico permanece um mistério que a marca alemã se dispôs a esclarecer, mas que, até agora, não teve solução. Provavelmente falaremos dele na avaliação do GLK.
Assim como o ML, o GLK também tem diversos dispositivos eletrônicos de controle de tração, frenagem e aderência, o que o colocaria como forte candidato a ser o próximo utilitário da Mercedes-Benz com motor a diesel. O modelo equipado com este tipo de propulsor pode chegar ao mercado já em 2010. Assim esperamos.
No fora de estrada, o vão livre de 20 cm permite atravessar terrenos pedregosos como a estradinha de Cunha a Parati sem a preocupação de o assoalho do carro esbarrar em pedras. Balanços dianteiro e traseiro curtos 8,2 cm na frente e 9,6 cm atrás também ajudam o veículo a encarar um pouco de lama, mas não muita. Para fora-de-estrada pesado, nada substitui a marcha reduzida e um curso de suspensão mais longo que o do GLK.
É no asfalto que o utilitário médio da Mercedes-Benz brilha. A tração nas quatro rodas 4MATIC tem distribuição de torque variável, dependendo da aderência, mas o padrão é 45% do torque no eixo dianteiro e 55% no eixo traseiro. Disposição bem esportiva, como se pode imaginar e, atrás do volante, conferir.
MOTOR | Quatro tempo, seis cilindros em “V”, longitudinal, refrigeração a água, quatro válvulas por cilindro, movido a gasolina, 2.996 cm³ |
POTÊNCIA | 231 cv a 6.000 rpm |
TORQUE | 300 Nm de 2.500 rpm a 5.000 rpm |
CÂMBIO | Automático de sete velocidades 7G-Tronic |
TRAÇÃO | Integral permanente 4MATIC |
DIREÇÃO | Por pinhão e cremalheira; hidráulica |
RODAS | Dianteiras e traseiras em aro 19”, de liga-leve |
PNEUS | Dianteiros e traseiros 255/45 R19 |
COMPRIMENTO | 4,53 m |
ALTURA | 1,69 m |
LARGURA | 1,84 m |
ENTREEIXOS | 2,76 m |
PORTA-MALAS | 450 l |
PESO em ordem de marcha | 1.830 kg |
TANQUE | 66 l |
SUSPENSÃO | Dianteira independente, tipo McPherson; traseira independente, multilink |
FREIOS | Discos ventilados nas quatro rodas com ABS, ASR, Brake Assist e ESP |
CORES | METÁLICAS: Preto Obsidian, Verde Periclasse, Azul Tanzanita, Vermelho Carneolita, Prata Iridium, Prata Cubanita, Cinza Tenorita e Bege Sanidine; SÓLIDAS: Preto Formal, Vermelho Ópala e Branco Calcita; ESPECIAL: Prata Bonamite |
PREÇO | R$ 225 mil |