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Novo BMW X1 renasce para a briga

Versão topo de linha xDrive25i de 231 cv, que parte de R$ 199.950


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“Por que não fiz isso antes?” Tenho 99,9% de certeza de que foi esta a pergunta que a BMW se fez ao ver em ‘carne e osso’ a segunda geração do X1. Agora sim um utilitário esportivo de corpo e alma, o modelo em nada – absolutamente nada (e isso é um elogio) – lembra sua a geração anterior, que mais parecia uma station wagon gordinha do que propriamente um crossover, como a marca bávara insistia em o chamar. Avaliei a versão xDrive25i Sport e posso cravar: as melhorias não ficaram simplesmente no porte...

Desde que mudou, o preço saltou para R$ 199.950 – com pintura metálica, como a unidade avaliada, o preço aumenta R$ 1.400, totalizando R$ 201.350. O valor está em sintonia com seu principal concorrente germânico, o Audi Q3, que em sua configuração topo de linha Ambition 2.0 TFSI S tronic quattro de 220 cv sai por R$ 203.990. O Mercedes-Benz GLA 250 Sport também tem valor similar, mas um pouco mais ‘salgado’: R$ 210.900.

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Apesar de não apenas o tamanho ter feito toda a diferença, como disse no primeiro parágrafo, a overdose de hormônios de crescimento é a principal responsável por ter transformado o X1 em um outro veículo. E o pessoal da BMW trabalhou de maneira interessante, pois com 4,43 metros de comprimento, o SUV é (acredite) 15 milímetros menor que a geração anterior – e com um entre-eixos também reduzido. Entretanto, está 53 milímetros mais alto (agora tem 1,59 metro) e 23 milímetros mais largo (1,82 metro).

Além destes milímetros extras, a grade frontal está mais vertical e o capô mais alto e curto – sempre comparando com a geração passada. Com isso, a linha de cintura ficou mais alta, naturalmente. E, para mim, é exatamente nestes pontos praticamente imperceptíveis que o BMW impõe maior robustez que o X1 ‘SW gordo’.

Interior

Estas alterações acabaram impactando o espaço interno. Muitos vão cravar: “ficou menor, já que a distância entre os eixos foi reduzida”. Não é bem assim. Maior não está realmente, mas está transmitindo uma sensação de amplitude superior com a adoção de uma solução simples: bancos em posições mais verticais. Isso interfere diretamente na maneira como a pessoa senta, otimizando o espaço ocupado pelos joelhos – isso principalmente para os ocupantes do assento traseiro (equipado com encosto de cabeça e cinto de três pontas para o passageiro central, além ISOFIX para ‘ancorar’ a cadeirinha do bebê).

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O acabamento da BMW continua irretocável, mesclando peças emborrachadas, detalhes cromados e em aço escovado sem exageros, e couro – como nos bancos, manopla do câmbio e volante multifuncional, que, aliás, tem excelente empunhadura. O quadro de instrumentos, entretanto, poderia ter recebido mais atenção. Velocímetro e conta-giros analógicos e as informações do computador de bordo na parte inferior remetem a modelos mais antigos da marca.

O mesmo (ar de um ‘BM’ do passado) acontece com os comandos do ar-condicionado digital automático de duas zonas (e as saídas de ar também), com a tela da central de entretenimento de 6,5 polegadas sobre o painel central e pelos comandos posicionados no console central. Aproveitando, estes comandos são pouco intuitivos em um primeiro contato. Com o tempo, no entanto, tudo se torna mais familiar e – de forma surpreendente – simples, apesar de ainda ser um apreciador das telas sensíveis ao toque.

Chega de olhar...

Cadeirinha no banco traseiro, garotinha ‘amarrada’ e pé no fundo do acelerador. De repente a voz do juízo: “Que carro ‘alto’!” Na verdade, a mocinha de quase 3 anos quis dizer, com sorriso na cara: “Que carro rápido!” Realmente o motor 2.0 16V TwinPower (turbo) a gasolina atende com louvor as necessidades do SUV. O torque de 35,7 kgf.m aparece a baixíssimos 1.250 rpm e se mantém linear – no topo – até 4.500 giros. Além de forte, o bloco é muito elástico. A aceleração de 0 a 100 acontece, de acordo com informações da marca, em 6,5 segundos – mais rápido que, por exemplo, que o Volkswagen Golf GTI, que leva 7,2 segundos. E os 231 cv de potência permitem o xDrive25i chegar aos 235 km/h.

Isso acontece com o modo Sport selecionado no console central, na região da manopla do câmbio. Nesta configuração, o X1 assume sua personalidade mais intensa. Eletronicamente, a caixa de direção elétrica fica mais pesada e precisa, a central da transmissão joga as mudanças de marcha para rotações mais elevadas e o mapeamento da injeção é redesenhado para entregar performance. As características rígidas da suspensão não mudam, porém, como em alguns outros modelos da marca que têm o BMW Driving Experience Control. Ela continua com comportamento muito rígido, o que na minha opinião pessoal nada mais é que o ‘aval’ para abusar um pouco mais nas curvas e frear mais dentro. Impressiona a inclinação quase zero da carroceria nestas situações. O preço que se paga é o desconforto com batidas secas em buracos escrotos.

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Me sinto seguro também pela tração integral. Com as quatro rodas trabalhando – e os controles de estabilidade e tração de ‘plantão’ para qualquer erro -, o BMW é muito previsível. Não há saídas de frente ou de traseira, muito menos comportamento rebelde em uma estrada sinuosa. A todo momento o X1 mostra que está sob o controle do motorista e sob a pesada supervisão da tração – que normalmente está distribuída 60% dianteira e 40%, mas que redistribui a força dependendo da situação – e da eletrônica.

A transmissão automática também trabalha bonito. Dá gosto. As oito marchas ‘traduzem simultaneamente’ o que o motor ‘fala’ a partir da demanda vinda do pedal da direita. Pé cravado no da direita e a cada troca um estouro insinuante e agradável nas duas saídas do escapamento. Um toque de esportividade que caiu bem ao X1. As trocas também podem ser feitas pela alavanca, ou pelas aletas atrás do volante – recurso que em praticamente todos os SUVs poderia ser descartado.

Esta esportividade, no entanto, perde intensidade quando escolhemos o modo Comfort ou Eco. Nesta segunda configuração, o trabalho da BMW em economizar combustível impressiona. Além da função ‘start-stop’, as acelerações mais graduais – beirando a morosidade – e a atuação do câmbio em fazer as mudanças somente na rotação ideal tornam o X1 um outro carro. E a postura funciona. De acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro crava números de 9,4 km/l e 13,2 km/l nos ciclos urbano e rodoviário, respectivamente. O bolso agradece...

Recheado

O preço ficou arisco – praticamente R$ 200.000 não é pouco -, mas o recheio é muito bom. E principalmente quando vejo os recursos tecnológicos focados não apenas na segurança, mas também em conforto e comodidade.

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A central multimídia, por exemplo, tem sistema de navegação GPS com informações do trânsito em tempo real. Também está disponível gratuitamente serviço de concièrge, no qual o motorista e passageiros podem pedir, a partir de um contato telefônico (smarthphone pareado à central multimídia), a rota de um hospital, por exemplo. O serviço funciona de maneira ao OnStar da Chevrolet para o Cruze, no qual a própria central envia para o GPS do veículo a rota a ser seguida até o endereço solicitado. Também está à disposição chamada de emergência (SAMU) no caso de os airbags serem deflagrados ou o combustível cortado em um acidente mais sério.

Apesar de raras, estas tecnologias não chegam a ser (uau!) impressionantes – especialmente neste segmento de luxo em que se encaixam os veículos da BMW. Por isso, a que mais me chamou a atenção foi a tal de CBS. Uma espécie de telemetria faz a leitura do uso diário do veículo, projetando quando o X1 deverá ser levado à concessionária para substituição de determinada peça ou revisão periódica. O interessante é que este contato para chamar o veículo ao centro automotivo feito pelo consultor da própria concessionária onde o veículo foi comprado, e que recebe, via Teleservices, as informações desta telemetria. É a tecnologia trabalhando pela comodidade. É este tipo de serviço que, na minha opinião, vai passar a seduzir mais os compradores.

O BMW X1 xDrive25i é equipado com rodas de 19 polegadas – muito bonitas, por sinal – e pneus run flat (há estepe de emergência, caso necessário), e seis airbags (frontais, laterais e de cortina – ficou faltando o de joelho para o motorista. Entre outros itens de série, destaque para os sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, sistema de som HiFi e sistema de recuperação de energia nas frenagens.

Conclusão

Impossível comparar o novo X1 com o anterior. A definição ‘totalmente outro carro’ cai muito bem. A BMW, definitivamente, corrigiu até que com certa agilidade um erro, quando fez do velho X1 uma SW gorda. Agora, falando especificamente sobre esta versão topo de linha xDrive25i, minha opinião é que, sim, é um excelente carro. Entrega desempenho e prazer para quem gosta de dirigir – mesmo sendo um SUV -, tem espaço de sobra, traz itens de tecnologia voltados para conforto, comodidade e, principalmente, segurança. Cobra alto por isso? Sim, R$ 200 mil não é pouco. Mas diante de seus concorrentes, o valor é competitivo.