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Novo Gol tem qualidades para retomar o 'cinturão'

Volks ganha motor de 3 cilindros e tecnologia para voltar a ser o 'mais vendido'


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“Não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente”. O novo Gol parece ter se inspirado nesta celebre frase do premiadíssimo personagem hollywoodiano Rocky Balboa para tentar retomar a liderança de vendas do mercado brasileiro. Recursos técnicos este experiente boxeador, devo admitir, tem.

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Antes de tudo, é preciso ter respeito com o Volkswagen. Seu cartel é impressionante. Às vésperas de completar 36 anos, o Gol ostentou 27 deles – consecutivamente entre 1987 e 2013 – o cinturão do ‘Mais Vendido do País’ pela Fenabrave (Fcaptionação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Trata-se da maior hegemonia do mercado brasileiro. Ele só foi destronado em 2014, pelo lutador de origem italiana Fiat Palio – um discípulo do Fiat Uno, que por anos desafio o Gol, mas sempre foi nocauteado. Hoje, o título está com o Chevrolet Onix, da conceituada escola norte-americana de pugilistas.

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Para tentar retomar o cinturão, e quem sabe iniciar mais um longo domínio, o Volks treinou pesado, sem, no entanto, revolucionar. Apenas buscou desenvolver habilidades que seus principais concorrentes dominam – e que foram responsáveis por tê-lo levado à lona há dois anos: mecânica mais moderna e eficiente, e tecnologia focada na comodidade do motorista. Com isso, o Gol passou a adotar, resumidamente, um motor 1.0 de três cilindros (herdado do Fox e do Up!) e central multimídia com inúmeros recursos, entre eles MirrorLink, Apple Car Paly e Android Auto.

Todos estes recursos estão na versão Comfortline Conect, que parte de R$ 42.690. Completo, porém (inclusive com a cor azul Lagoon do modelo testado – R$ 1.310), o preço salta para R$ 49.710. E os responsáveis por este incremento no preço, além da pintura, são os pacotes tecnológicos, que entregam a central de entretenimento Discovery Media com tela sensível ao toque, computador de bordo orientações para uma condução mais econômica, sensor de estacionamento traseiro, rodas de liga leve de 15 polegadas, entre outros mimos estéticos e de conforto.

O valor é alto? Sim! Muitos vão falar: “‘50 pilas’ em um carro 1.0? Prefiro comprar um usado, tipo Hyundai i30 ano 2010 ou Chevrolet Cruze Sport6, 2012 ou até 2013!” É, são opções. Boas opções, aliás. Mas a verdade é que o preço do Gol está em pé de igualdade dos seus concorrentes diretos. O Hyundai HB20 1.0 topo de linha sai por R$ 48.995. O Onix LT 1.0 custa R$ 46.600. E o Ford Ka SEL 1.0, R$ 48.890.

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Menos é mais

No boxe, o excesso de músculos limita a agilidade dos golpes e gasta mais energia, cansando mais rápido. O Gol então resolveu fazer diferente. Abandonou o cansado motor 1.0 de quatro cilindros – como seus rivais Palio e Onix ainda utilizam – por um de três apenas, no estilo Nissan March, Ford Ka e Hyundai HB20 – este último com grande potencial para ser futuro dono do 'cinturão'.

O resultado foi um ganho de agilidade incrível. As acelerações e retomadas são muito boas com os 10,4 kgf.m de torque entre 3.000 rpm e 3.800 rpm, quando com etanol. Isso permite fôlego em baixas rotações e impede que o motorista fique constantemente reduzindo marcha em busca do torque ideal em uma ladeira ou ultrapassagem, por exemplo. Antes, com quatro ‘canecos’, a força era de 9,7 kgf.m – apenas 0,7 kgf.m menos -, mas que aparecia somente a elevados 4.250 giros, obrigando o motorista trabalhar sempre em rotações mais elevadas, promovendo um desconforto na condução e o mais grave: maior consumo de combustível.

Quem compra um 1.0 exige economia, já que não tem, na grande maioria das vezes, condições de ter um automóvel mais potente. Na cidade, rodando com gasolina, os números de consumo realmente impressionaram. Na cidade, a média foi de 14 km/l enquanto na estrada, 17,2 km/l.

Neste trabalho de focar agilidade e elevar a economia de combustível, a transmissão manual de cinco marchas é coadjuvante. Seu funcionamento continua exemplar. Engates são precisos e curtos, como deveriam ser todos os câmbios. O porém está, pontualmente, na relação. E falo pontualmente por conta de um pequeno ‘buraco’ entre a 2ª e a 3ª marchas. Em algumas ladeiras, quando a 2ª parecia pouco e uma tercerinha era a pedida ideal, o VW perdia o embalo. Faltava 'gás'. As demais engrenagens estão em perfeita sintonia com o motor.

Deste motor, o ponto negativo está na vibração excessiva. É natural que motores de três cilindros vibrem mais que os de quatro, mas os engenheiros do Gol poderiam se desafiar a entregar um bloco que transmitisse menos a tremedeira para o habitáculo. Seria interessante também um revestimento acústico mais refinado. São duas questões pontuais, mas que trariam refinamento acima da média em relação à concorrência.

A suspensão manteve as características alemãs. Absorve bem as imperfeições do solo, ao mesmo tempo em que é firme na medida para não causar o desconforto com batidas secas – algo que acontece em modelos de segmentos superiores. Ponto positivo também para o silêncio dos sistemas. Amortecedores e mola trabalham como se o 'ringue' estivesse completamente vazio.

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Na medida

O interior do Gol está igual ao anterior: sóbrio. A qualidade está em sintonia com o segmento – não vá imaginando peças emborrachadas ou couro por todas as partes, mas nenhum dos materiais adotados transmite sensação de fragilidade. Tudo está muito bem encaixado, sem espaços ou rebarbas. Os bancos são revestidos em tecido agradável ao toque.

O volante multifuncional (direção elétrica é de série, assim como o ar-condicionado na versão avaliada) tem boa empunhadura, e a central multimídia com tela touch está à mão. Não é preciso fazer exercícios de yoga para mudar de estação. Seu funcionamento também é muito intuitivo. Parear o smartphone via bluetooth é simples. Ponto positivo para a função MirrorLink, que espelha a tela do aparelho celular na central multimídia.

A posição de guiar do Gol para os meus 1,72 metro de altura é muito boa. No entanto, pessoas de estaturas que fogem à mediana encontrarão problemas. Primeiro pelo fato de a coluna de direção não ter nenhum tipo de regulagem – nem altura, muito menos profundidade. Segundo por conta de o banco do motorista ter um ajuste de altura que na verdade trabalha apenas a inclinação do assento.

E ai, vale?

Vale. Independentemente de ter perdido o cinturão de ‘Mais Vendido do País’, o Gol sempre foi uma compra segura. Agora, com as evoluções técnicas e tecnológicas, tornou-se ainda mais racional, evidenciando que o Volkswagen só foi destronado depois de 27 anos por ter se acomodado, fechando os olhos para evoluções que se faziam necessárias e que eram extremamente viáveis há alguns anos, como a adoção do motor de três cilindros, que chegou com o Fox Bluemotion, e com uma central de entretenimento que mostrou-se extremamente bensucedidade em segmentos de entrada, como o MyLink do Chevrolet Onix.

Finalmente o Gol está pronto para provocar qualquer um dos oponentes. Ser um desafiante extremamente respeitado. Nos filmes, Rocky Balboa sempre apanha muito e fica completamente desfigurado, mas quase sempre vence ao final de 16 rounds lutas aparentemente impossíveis. O Volks tem condições de vencer. Voltar a levantar o cinturão. A luta não será fácil. O gongo já tocou!

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