Novo Ka Sport: pela lente do humor

Apenas com mudança de imagem, Ford mais que duplica as vendas da versão mais potente do Ka


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– Na essência, o Ka sempre foi um carro de entrada. Desde o seu lançamento no Brasil em 1997, quando ainda era um subcompacto, o modelo da Ford vendia basicamente a versão 1.0. Hoje, no segmento em que atua, rivaliza apenas com Volkswagen Gol G4 e Fiat Uno duas portas. Mas, na hora de fazer mais uma reestilização no modelo, em junho, a Ford resolveu “ressuscitar” o modelo. E, de quebra, rentabilizar isso. Desenvolveu a configuração Sport, apelou para a referência ao mito Mustang e ousou na divertida publicidade do carro. E o resultado veio rapidamente. Antes da renovação, a versão topo de linha com motor 1.6 do modelo vendia 2% do share total, algo em torno de 108 carros por mês. Agora, o Ka Sport já significa 5% do total, uma média de 290 unidades mensais. Ou seja, só com uma mudança de olhar, a Ford multiplicou os resultados do Ka 1.6.

E conseguiu isso quase sem modificar o total de exemplares do Ka emplacados a cada mês. Antes de junho, a marca americana botava cerca de 5.400 novos exemplares do compacto nas ruas. Agora, o número subiu para quase 5.800. Um crescimento de apenas 7%. Ou seja, a conquista de espaço da versão Sport se deu praticamente apenas na redistribuição das versões dentro do mix total.

Além da estratégia publicitária bem-humorada, a tática foi explorar melhor a esportividade do Ka. Em relação à versão de entrada, ganhou apenas alterações estéticas, como as faixas que percorrem toda a carroceria, rodas maiores, spoilers dianteiros e traseiros, saias laterais e rodas de 15 polegadas exclusivas. Ou seja, deu uma roupagem diferente para o urbano Ka. No interior, as modificações foram mais modestas. Se limitaram a novos bancos, mais confortáveis e com apoios laterais, volante diferente e novo grafismo do painel de instrumentos – que também remete às faixas do exterior. No geral, serviu para dar uma cara mais masculina para o compacto, tecla que a Ford bateu algumas vezes durante o lançamento do modelo reestilizado em junho.

Na mecânica manteve o motor 1,6L que já equipava a versão topo de linha do Ka. Com etanol no tanque, ele rende 107 cv a 5.500 rpm e 15,3 kgfm de torque a 4.250 giros. De acordo com a Ford, ele é capaz de levar o pequeno carro de apenas 968 kg a 100 km/h em 11,2 segundos e superar os 180 km/h de velocidade máxima. O câmbio é sempre o manual de cinco marchas. Na linha 2012, introduzida no meio do ano com a última reestilização, a engenharia da Ford instalou um novo sistema de isolamento independente das molas em relação aos amortecedores. Com isso, o ruído interno foi melhorado.

Em termos de equipamento, o Sport é bem menos criativo. Vem equipado com ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, rádio/CD/MP3/Bluetooth rodas de liga leve de 15 polegadas, abertura interna do porta-malas e bancos traseiros rebatíveis. Os únicos opcionais são os airbags frontais, vendidos por R$ 1 mil. Ou seja, completo, vai a R$ 36,9 mil. É bastante para um carro que leva apenas duas pessoas com conforto e outras duas apenas em viagens curtas. Entretanto, na gaiata ótica da bem-sucedida propaganda da Ford, é uma bagatela perto do próprio Mustang ou de um dragster...

Ponto a ponto
Desempenho –
Botar um motor de 1,6 litro em um carro com o porte do Ka torna a condução do carrinho bem divertida. Os 107 cv de potência com etanol fornecidos pelo propulsor são mais que suficientes para transformar o compacto em um modelo dos mais ágeis na cidade, fruto da boa relação peso/potência de bons 9,04 kg/cv. O desempenho é bem interessante para um carro dessa faixa de preços. O zero a 100 km/h é feito na faixa dos 11 segundos. Nota 8.

Estabilidade – Mesmo ao aplicar o sobrenome Sport no Ka, a Ford não modificou a suspensão do seu modelo para deixar o seu comportamento mais esportivo. Mas continua a oferecer um bom comportamento. As rodas posicionadas bem nas extremidades e os pneus 195/55 fazem que a carroceria role muito pouco nas curvas, o que torna a sensação de segurança sempre presente. Mesmo em altas velocidades, o Ka não parece ficar “molenga”. Nota 8.

Interatividade – É um dos pontos fracos da linha Ka. Mesmo com o novo banco, que posiciona melhor o condutor, os motoristas mais altos sofrem com a coluna de direção sem regulagem de altura e profundidade, o que faz com que o volante fique sempre batendo nas pernas. Ao menos, o volante tem boa pegada e há abertura interna do porta-malas por meio de botão. A retrovisão é prejudicada pela larga coluna traseira e os engates do câmbio não são tão precisos. Nota 6.

Consumo – O Ford Ka Sport 1,6L fez uma boa média de 8,7 km/l com etanol. Não há medições do Inmetro para a versão 1,6L do compacto da Ford. Nota 8.

Tecnologia – A plataforma é a mesma do lançamento do primeiro Ka, de 1997 – já não é das mais modernas. A maior reestilização aconteceu em 2007, com aumento de carroceria, mas sem grandes mudanças na plataforma. O motor 1,6L já tem 12 anos de idade. Nota 6.

Conforto – Na reestilização que aconteceu no começo de 2011, a Ford mudou o isolamento da suspensão traseira. Com isso, o ruído interno diminuiu. Mesmo assim, o Ka continua sendo um carro que não trata muito bem os seus ocupantes. Os da frente até tem bom espaço para pernas, mas sofrem um pouco com a área dos ombros. Já os bancos traseiros são pouco úteis, já que tem espaço tímido. Nota 6.

Habitabilidade – As duas portas são bem grandes e tem bom ângulo de abertura. Com isso, o acesso para os bancos dianteiros é bem decente. Para entrar atrás, no entanto, é necessário um pouco de contorcionismo. O porta-malas leva 263 litros – pouco para o segmento. Na cabine, existe uma quantidade razoável de porta-objetos. Nota 7.

Acabamento – A lataria exposta no interior é uma tendência dos anos 90. Ou seja, revela a já avançada idade do projeto do modelo da Ford. O resto dos plásticos é rígido, como de costume no segmento. Na versão Sport, os bancos são revestidos com um tecido de boa qualidade e com nome da versão bordado. O volante recebe apliques de couro. Nota 6.

Design – Desde a sua grande reestilização, de 2007, o Ka se tornou um carro meio desproporcional. Perdeu a proposta de ser um subcompacto que tinha quando nasceu e ficou um tanto exagerado. Ao menos, desde então, essa é a versão que mais consegue deixar o carro agradável aos olhos. As faixas da carroceria são bem vistosas e o aerofólio traseiro de bom gosto. As rodas de 15 polegadas na cor grafite também são bonitas. Nota 7.

Custo/benefício – Os rivais “esportivados” ficam a preços bem acima do que a Ford cobra pelo seu hatch. Com os mesmos equipamentos, Nissan March SR 1,6L custa R$ 39.990, Fiat Palio Sporting 1,6L 2012 sai por R$ 42.432 e Volkswagen Gol Power 1,6L custa absurdos R$ 47.780. O lado negativo é que o Ka é um carro com muito menos requinte, pouco espaço interno e menos avançado tecnologicamente. Mas se o objetivo for só chamar atenção, a carroceria chamativa resolve bem o “problema”. Nota 7.

Total – O Ford Ka Sport 1,6L somou 69 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir: diversão é a solução
A Ford fala que a inspiração para o desenho da versão Sport do Ka foi no Mustang, mítico “pony car” da marca. Não é para tanto, mas o fato é que o compacto ficou com um design bem interessante. Na cor laranja, que é exclusiva da configuração, o modelo fica ainda mais chamativo. Destaque para as rodas, faixas e o aerofólio traseiro. Para quem quer atrair atenção por menos de R$ 40 mil, é uma opção interessante.

Mas o Ka Sport vai além disso. Traz o motor 1,6L que antes equipava versões “civis” do compacto. E a combinação desse propulsor que rende 107 cv de potência e torque de 15,3 kgfm e um peso total de 968 kg transforma o pequeno hatch em um carro muito ágil para o trânsito urbano. Mesmo com a força máxima disponível apenas a 4.250 rpm, o carro tem boas acelerações e retomadas. O câmbio tem engates relativamente precisos, mas por se tratar de uma versão esportiva, deveriam ser mais curtos. Se perde muito tempo nas trocas procurando a marcha seguinte. Mesmo assim, o Ka se mostra um carro bem divertido e que consegue atender a sua proposta de levar mais emoção ao motorista.

Dinamicamente, nada de diferenças em relação ao Ka 1,0L. Ou seja, o hatch continua bem acertado. Com a carroceria compacta e quase nenhum peso além dos eixos, o Ka tem boa aderências nas curvas e transmite uma boa sensação de segurança para todos a bordo. Em retas, apesar de seu pequeno peso, a direção se mostra precisa até em velocidades mais elevadas.

Na cabine, o Ka ainda é pouco amistoso para seus ocupantes. Até que o volante com revestimento em couro e os bancos com bons apoios laterais melhoram o conforto, mas em geral, o Ford é pobre. O acabamento é fraco. Além disso, entrar no Ka é quase como voltar no tempo, devido aos pedaços de lataria expostos na porta. Na frente, o espaço é apenas correto, mas quem for atrás vai sofrer. Há pouco espaço para cabeça e quase nulo para pernas. Adultos que forem se aventurar lá precisam botar as pernas em cima do banco para poder se acomodar – o que compromete seriamente a segurança. Ainda existem outras falhas como a falta de ajustes na coluna de direção. Ou seja, o único que tem algum tipo diversão a bordo do Ka Sport é o motorista.

As opiniões expressas nesta matéria são de responsabilidade de seu autor e não refletem, necessariamente, a opinião do site WebMotors.
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