Preço é o calcanhar de Aquiles do Honda City LX

Com motor 1.5 16V, versão automática de entrada parte de R$ 69.000


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Talvez tenha chegado o momento de dar um passo atrás. Olhar para os concorrentes e ver que aqueles diferenciais que até ontem o tornavam especial – ar-condicionado, direção elétrica e câmbio automático, por exemplo –, hoje são comuns a muitos deles. Entender que ostentar na grade frontal e na tampa do porta-malas uma marca que tem (é fato) a confiança do consumidor brasileiro, possivelmente já não é mais um argumento inquestionável para cobrar alguns mil reais a mais. Provavelmente, Honda City, tenha chegado a hora de se reinventar. De se reposicionar.

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Falo isso pois avaliei durante uma semana a versão LX automática CVT, que parte de R$ 69.000 – pintura metálica ou perolizada custam R$ 990. Gostei do conjunto. O City, aliás, me agrada desde que por aqui chegou. No entanto, por este valor, olho para os lados e vejo opções interessantes, que entregam as mesmas comodidades – ou as vezes algo a mais – por preços mais atraentes. E antes que os ‘Hondistas’, que são muitos, me atirem aos leões, quero deixar claro que estou pensando no consumidor que leva apenas o racional em consideração. Que não faz loucuras para colocar um sonho na garagem: “tenho ‘X’, custa ‘Y’, logo não posso comprar. Fim de papo!”

Guardadas as opções e limitações técnicas de cada um, o Chevrolet Cobalt, por exemplo, tem uma versão automática por R$ 66.990 com seu cansado motor 1.8 16V Flex, mas com central multimídia, algo que o City LX não tem. A Ford entrega o New Fiesta Sedan 1.6 16V com câmbio automatizado de dupla embreagem PowerShift por iniciais R$ 66.090. Já o Hyundai HB20 S tem configuração auto acoplada a um motor 1.6 16V bicombustível por R$ 58.425. E a partir de junho, a Nissan terá o Versa com câmbio automático CVT (assim como o do Honda) para seu motor 1.6. Os preços não foram revelados, mas a promessa é: “seremos competitivos” – imagino que o valor venha próximo ao do HB20 S (chute...).

Acho que já ficou claro que o preço é o ‘calcanhar’ de Aquiles do City...

Agradável

Fechando os olhos para as cifras, o Honda conquista os que gostam de um veículo extremamente equilibrado em todos os sentidos. O motor 1.5 16V FlexOne despeja até 116 cv de potência a elevados 6.000 rpm – à frente do 1,8 litro do Cobalt (108 cv) e 1,6 litro do versa (111 cv), mas atrás dos 1.6 de New Fiesta Sedan e HB20 S, com 128 cv ambos. Mas o que importa mesmo, que o torque – a força que faz o veículo se mover -, o City vai bem. Os 15,3 kgf.m estão de bom tamanho para seus 1.123 quilos. Esta força, no entanto, poderia aparecer em sua totalidade antes dos 4.800 rpm. É nítida a mudança de comportamento de ‘moroso’ para ‘ágil’ quando se trabalha em baixas e altas rotações, respectivamente.

Criticado por muitos por parecer uma ‘primeira marcha infinita’, o câmbio CVT é ideal para o dia a dia em São Paulo, por exemplo. Com vias limitadas a 50 km/h, 60 km/h e 70 km/h, a caixa atua muito bem junto ao motor, fazendo com que trabalhe suavemente a baixos giros. E nos congestionamentos, a linearidade de seu funcionamento é que proporciona a sensação de conforto – não existe aquela indecisão entre primeira e segunda marchas, muito comum nas transmissões com conversor de torque.

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Na estrada, as coisas mudam um pouco. A 120 km/h, o ponteiro do conta-giros sobe, exigindo mais do bloco. Tal comportamento, porém, faz com que o propulsor esteja em uma agradável faixa de torque para pisar fundo no acelerador para fazer uma ultrapassagem. As retomadas são muito boas e transmitem segurança ao motorista. E talvez por culpa deste funcionamento que beira o exemplar, a Honda tenha optado – acertadamente, na minha opinião – em não oferecer nesta versão a possibilidade de trocas manuais pela alavanca ou borboleta atrás do volante (item que, com certeza, deixariam o preço ainda mais salgado).

Os níveis de consumo agradaram também e ficaram em sintonia com os apresentados pela fabricante, ficando extremamente próximos ao da opção DX manual. O câmbio CVT, caso não esteja em harmonia com o motor, pode sacrificar o consumo – algo que, definitivamente, não acontece com este sedã.

A suspensão tem um ajuste firme e confortável – casa com a personalidade equilibrada do City. Consegue absorver bem as imperfeições do piso, mas quando pega um buraco mais ao estilo cratera, a batida é seca. O comportamento chega a lembrar o Civic em muitos momentos, o que é bom. Por conta desta rigidez, as oscilações da carroceria, tanto nas curvas acentuadas quanto nas frenagens mais bruscas, são mínimas. A personalidade da suspensão, aliás, é o único ponto neste Honda que sugere certa esportividade.

Por dentro

Como um legítimo carro de marca japonesa, o City tem um acabamento primoroso. Não pela qualidade dos materiais, que estão apenas em sintonia com outros concorrentes do segmento, mas pela qualidade da montagem. Todas as peças estão conectadas perfeitamente, sem qualquer espaço. É fácil imaginar que depois de quatro ou cinco anos de uso, aquela barulheira irritante que invade muitos veículos, no Honda não acontecerá. O layout também é bastante sóbrio, sem abusos de cromados, como alguns modelos de marcas francesas fazem e incomodam.

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A simplicidade do City também salta aos olhos pela falta de uma central multimídia. A versão LX tem só um sistema de som com conectividade Bluetooth e entradas USB e auxiliar. Isso pesa demais contra o Honda, pois há veículos de segmentos inferiores que já entregam uma central com funções básicas (navegador por GPS, por exemplo), e custam menos.

De resto, o básico está à disposição: airbag duplo frontal, alarme, freios ABS com EBD, cinto de três pontos para todos os ocupantes do banco traseiro, direção elétrica, ar-condicionado, coluna de direção com ajustes de altura e profundidade, travas e vidros elétricos, e rodas de liga leve de 15 polegadas. Ficou devendo um controlador de velocidade e um sensor de estacionamento traseiro, pelo menos.

Conclusão

O Honda City é um excelente automóvel. Motor e câmbio automático CVT falam o mesmo idioma, entregando desempenho e nível de consumo na medida para a proposta do veículo. Tem espaço interno adequado – porta-malas tem capacidade para 536 litros, por exemplo – e acabamento sóbrio. É excelente opção para quem está deixando os sedãs pequenos em busca de algo a mais. O problema acaba sendo o preço: R$ 69.000 é muito pelo o que entrega, principalmente em termos de itens de conforto e tecnologia, fundamentais neste segmento. De duas uma: ou a Honda recheia a versão LX para justificar o valor, ou dá um passo atrás e reduz o ticket do - volta a afirmar - excelente City.

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