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Range Rover Sport quer ser um lorde descolado

Versão SE é a de entrada da gama e custa a bagatela de R$ 435.300. Acabamento e conjunto mecânico são os pontos altos

por Rodrigo Ferreira

O primeiro contato com o Range Rover Sport 2018 foi no Hotel Fasano Boa Vista, em Indaiatuba, a pouco mais de 100 km de São Paulo. O local, reduto de milionários que buscam sossego e discrição em meio a um cenário bucólico, não poderia ter sido mais apropriado. Afinal, quem quer ter uma unidade deste representante da família real inglesa (que tem donos indianos) na garagem não desembolsará menos que R$ 435.300.
Dinheiro suficiente para comprar quinze Chery QQ, atualmente o carro zero quilômetro mais barato do Brasil. Isso mesmo, 15! E olha que estou falando da versão SE V6 Turbodiesel, que pode ser considerada a “pé-de-boi” da linha Sport. Foi justamente essa variação a minha companhia por uma semana.

O modelo chegou no Brasil em 2013 e seguiu sem grandes mudanças até o final do primeiro semestre deste ano. Com a chegada do baby Range Rover, ou Velar, a marca resolveu dar um tapa no irmão maior e mais caro. Dá para dizer que o Sport foi “Velarizado”. E isso é uma boa notícia, já que o modelo temporão ganhou recentemente o título de World Car Design (carro mais bonito do mundo) na premiação World Car Awards.

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Quem for detalhista vai notar que o Range Rover recebeu faróis full LED com novo formato, a grade dianteira agora conta com uma trama protuberante em formato de colmeia e o para-choque conta com linhas bem demarcadas. A cereja do bolo na dianteira ficou por conta das novas saídas do capô, ainda maiores que as anteriores. A traseira seguiu a mesma receita, com retoques nas duas saídas de escapamento nas laterais (item de série em todas as versões) e lanternas e para-choques com pequenas mudanças estéticas. As rodas passaram a ser de aro 21 desde a versão de entrada (antes eram 20). O resultado lembra um senhor distinto, já nos seus bons 55 anos vividos, preocupado com o visual e que aparenta ter 45 anos.
Se no exterior as mudanças foram estéticas, no interior as alterações foram para o lado funcional. O Sport recebeu o mesmo sistema de infotainment do Velar, que conta com duas telas de 10 polegadas no console central.

O sistema é intuitivo. A primeira tela exibe as principais funções da central multimídia, como o dial das estações de rádio, as informações do telefone, os dados gerais do veículo, o GPS, as câmeras, e por ai vai. A segunda, logo abaixo, foca nos comandos do ar-condicionado, na seleção dos tipos de terreno do Terrain Response 2, entre outros. Um detalhe de extrema classe são os dois botões circulares próximos da alavanca de câmbio que mudam de função de acordo com a informação exibida no painel.
É sem dúvida uma das mais completas e melhores centrais do mercado. A derrapada fica pela ausência inexplicável de integração do sistema com Android Auto ou Apple Car Play.
Há ainda uma terceira tela, esta com 12,3 polegadas, que faz as vezes do cluster de informações sobre o veículo. Assim como as telas irmãs, prima pela nitidez das imagens exibidas. O recurso permite inúmeras configurações para o quadro de instrumentos, desde mostrar somente as informações de navegação até focar em uma pilotagem mais esportiva, com o visor das rotações do motor em destaque no ponto central.

Outro feature interessante herdada do Velar é o volante com seletores multitarefas, que alteram de função dependendo da informação exibida no quadro de instrumentos. A operação é simples, mas leva um tempo para se acostumar, ainda mais se você estiver acima dos 55 anos, que é a idade média do comprador deste carro. A versão SE traz ainda teto-solar panorâmico, que por alguma razão não abre na versão SE, mas pode ter a tela de revestimento recolhida através de um movimento de mão próximo ao botão de acionamento. A ideia é boa, mas na prática é difícil definir com exatidão o ponto que a tela deve ficar.

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O acabamento é um item que não sofreu atualização e, para falar francamente, nem precisava. A família Range Rover já é uma referência neste quesito dentro da sua categoria. E olha que os concorrentes incluem Porsche Cayenne e Mercedes-Benz GLE. Não há uma rebarba ou uma costura fora do lugar. Em qualquer ponto que se passa a mão há suavidade no toque. Os assentos dianteiros, por exemplos, são forrados em couro perfurado com costuras aparentes e contam com 14 ajustes elétricos de série. A cabine traz ainda insertes de alumínio e camurça. Até o volante, que tem ajustes elétricos de profundidade e altura, é revestido em couro.

O conforto extremo dentro da cabine já era de se esperar para um carro deste porte, mas se destaca também a ótima ergonomia dos instrumentos e as soluções encontradas para ampliar o conforto. No meio dos bancos dianteiros, por exemplo, se encontra abaixo do apoia de braços uma geladeira capaz de comportar até quatro latas de bebidas, além disso o espaço traz duas saídas USB, uma porta HDMI e um acendedor de cigarro. O ar-condicionado digital permite regulagens individuais para cada um dos quatro ocupantes do carro. Já o sistema de som traz oito alto-falantes (250W).

Como anda

O Range Rover Sport se comporta como um lorde não apenas no quesito conforto da cabine. A suspensão a ar, item de série em todas as versões, deixa os ocupantes 'flutuarem', mesmo na mais esburacadas das ruas. O sistema de tração integral AWD em conjunto com o famoso controle Terrain Response 2 filtra praticamente todas as irregularidades do piso, seja ele uma estrada de terra ou o piso de paralelepípedo das ruas de Paraty, no estado do Rio de Janeiro.

Por meio da tela de touchscreen no console central é possível regular a altura do carro - rebaixar, por exemplo, o Range Rover Sport em 50 milímetros apenas para facilitar a colocação de objetos no porta-malas. A função pode ser realizada também remotamente por meio do chaveiro ou por um botão no porta-malas. No total, a suspensão permite uma variação de 12 centímetros na altura do carro.
Durante a avaliação fizeram falta alguns itens de tecnologia semiautônoma, que já estão presentes em concorrentes de categorias inferiores, como o Volvo XC60. Nesta configuração de entrada, a Land Rover não disponibilizou nem mesmo o piloto automático adaptativo (ACC), que equipa há alguns anos no Ford Fusion e Volkswagen Golf, por exemplo. Questionada, a Land Rover informou que os compradores deste modelo não costumam utilizar tais equipamentos. Mesmo assim, pelo preço cobrado não seria um excesso mantê-los.

Na versão SE, o motor é um 3.0L V6 Twin Turbo a diesel que entrega até 306 cavalos de potência máxima e 71,3 Kgf.m de torque. O câmbio é da alemã ZF de oito velocidades. O conjunto se encarrega com tranquilidade dos 2.178 quilos do Range Rover Sport. Segundo a marca, a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 7,3 segundos e a velocidade máxima é limitada a 209 km/h. Números ok se pensando no porte e na proposta deste SUV de quase cinco metros de comprimento (4,87m) e 720 litros de capacidade no porta-malas.
É impressionante como o Range Rover Sport ainda chama a atenção por onde passa mesmo depois de cinco anos do seu lançamento. Parte pela exclusividade e parte pela reputação da marca. Não se tem dúvida que quem está dentro de um desembolsou um bom dinheiro para chegar até ali.

CONCLUSÃO

Se for colocar na balança, os R$ 435.300 pagos pelo Range Rover Sport SE podem tornar a compra muito mais emocional do que racional. Pega bem ter na garagem uma carruagem capaz de ultrapassar riachos com até 85 centímetros de água. Mesmo que para isso você tenha que dispensar alguns itens tecnológicos presentes nos concorrentes. Afinal de contas, não basta ter apenas uma carinha bonita, certo?

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