Rápido e bonito, Audi TT Coupé peca em ergonomia e acabamento

Cupê pequeno mostra diferenças entre o poder aquisitivo do mercado brasileiro e o europeu


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Gustavo Ruffo
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- O Audi TT é a atual “musa” do mundo automotivo, como uma destas belas atrizes que são eleitas a mulher mais sexy do mundo. Ele foi escolhido pelos leitores da revista Autobild, uma das mais prestigiadas da Alemanha, como o mais bonito do mundo em 2007. Além disso, tem um motor de 200 cv e um dos câmbios mais avançados à venda hoje no planeta. Tudo isso faz do cupê um carro sobre o qual se criam enormes expectativas antes de dirigir. Pena que nem todas são atendidas.

O estilo, este não decepciona nem em fotos nem ao vivo. O carro é lindo de qualquer ponto de vista, ainda que pareça ser maior nas fotos. Com meros 4,18 m de comprimento, ele tem o mesmo tamanho de um Chevrolet Corsa Sedan, mas aparenta ser menor por ser baixo 1,35 m de altura e largo 1,84 m. Características, aliás, excelentes em qualquer esportivo que se preze, já que favorecem a estabilidade.

Em termos de cores, são oferecidas para pronta entrega apenas a preta e a prata, o que se explica pela preocupação constante do brasileiro com a hora da revenda. Mais do que satisfazer um gosto pessoal, o consumidor já pensa em agradar ao próximo comprador do carro. Se o cliente tiver paciência para esperar, outras cores podem ser encomendadas, mas levam algum tempo para chegar. E um TT vinho ou azul deve valer a espera... O fato é que quem paga R$ 219 mil, com toda a razão, não aceita protelar o prazer que se adivinha haver por trás do volante.

O desempenho também não pode servir como motivo de queixa. Com o motor 2-litros de quatro cilindros e 200 cv de potência máxima dos 5.100 rpm aos 6.000 rpm, o cupê de 1.280 kg peso alto, apesar de ele ter parte de sua carroceria feita de alumínio vai de 0 a 100 km/h em 6,4 s e chega à máxima de 240 km/h, segundo a Audi.

E isso não só porque o motor 2-litros tem injeção direta de gasolina e turbo, mas também por conta da transmissão Stronic, também chamada de DSG, na linha Volkswagen. Ela nada mais é do que uma caixa de dupla embreagem automatizada como se isso fosse pouco..., que alia o conforto de uma transmissão automática convencional com uma agilidade muito maior do que a que o melhor dos pilotos conseguiria ao comando da alavanca de um câmbio manual comum.

Como as marchas pares e as ímpares são comandadas separadamente, enquanto uma está engatada, a seguinte já está pré-selecionada. Isso permite trocas virtualmente instantâneas, sem intervalos ou quedas significativas de rotação. Seria quase como se não existissem marchas, caso de um câmbio CVT, mas sem a desvantagem da restrição de torque.

Transmissões continuamente variáveis não costumam lidar bem com motores muito fortes, com a honrosa exceção da Xtronic, da Nissan, e da Multitronic, da própria Audi. A questão é que são mais caras do que as manuais automatizadas. No mundo das montadoras, há um preceito fundamental, seguido religiosamente por todas que estão preocupadas com sua saúde financeira: “Se dá para economizar, que mal há?”

Em nossa avaliação com o cupê, o conjunto motor e câmbio se mostrou impecável. O quatro-cilindro de 2 litros TFSI responde com docilidade ao carinho no acelerador e com fúria a uma patada no pedal. O carro acelera com vontade em qualquer faixa de giro, aumentando a velocidade mesmo quando o motor já parece no limite de suas forças.

Nas curvas, a tração integral quattro, tradicional da marca, não é exatamente indispensável, mas poderia estar presente. Ela equipa a versão 3,2-litros V6, de tem 50 cv a mais que a 2-litros, mas que não é vendida no Brasil. Com ela, o TT não andaria em trilhos, até porque trens descarrilam. Seria mais correto imaginá-lo como um feixe de luz em um tubo de fibra óptica. Isso porque, só com tração dianteira, é difícil descobrir o limite do cupê. Com destreza e juízo, ele faz exatamente o que o motorista quer. Basta não desafiar as leis da física.

Essa descrição é o sonho de qualquer motorista que gosta de esportividade. Sendo assim, o que poderia haver de ruim em um carro que se encaixa nela quase com perfeição? Simples: ele é como uma mulher linda, sexy, inteligente, rica e carinhosa que simplesmente não consegue fazer você se sentir amado. Em linguagem automotiva, o nome disso é ergonomia.

Se você tiver mais de 1,80 m, usar o cinto será algo incômodo, mesmo com o banco tão baixo quanto possível. Ele ficará sempre no limite de seu ombro, querendo escapar em qualquer curva para a direita ou em freadas mais bruscas, como se aquela mulher linda segurasse sua mão com dedos frouxos.

Para um carro tão caro, faz falta a regulagem elétrica do volante. A sensação, ao ajustá-lo em altura e distância manualmente, é de uma simplicidade excessiva. O banco, apesar de ter comando elétrico, não dispõe de memória. A beldade, agora, resolveu sair com você de camisa larga e bermuda de dormir.

Faça vista grossa, vá lá. Afinal, a mulher é linda de morrer e, se não quisesse estar contigo, estaria em outras companhias. E não está. Feliz com essa constatação óbvia, o motorista começa a não se sentir tão chateado pelo cinto e pela simplicidade do carro e o acelera. O TT responde, aceita o comando ou seria a corte? e leva o motorista longe, justificando os dois “t” maiúsculos que formam seu nome.

A coisa vai muito bem até que um silvo denuncia a má vedação das portas. A velocidade, não muito maior que 120 km/h, mostra que, apesar de belas, as portas sem moldura cobram seu preço. Se o ar entra, pode ser que a água queira fazer o mesmo caminho. O problema poderia estar limitado à unidade avaliada, mas é pouco provável. O silvo vinha das duas portas. Esta mulher/máquina é linda, sim, mas chia: se veste para seduzir e reclama do atrevimento do motorista.

Tudo isso seria menor, não fosse o preço do TT Coupé, que já citamos, mas não custa repetir: R$ 219 mil. O cupê entra numa faixa de valor na qual se espera muito mais. Não basta que a mulher seja linda, sexy, inteligente, rica e carinhosa. Se ela te promete algo que não cumpre, fica difícil não se frustrar. Por menos da metade deste valor, um Honda Civic SI promete menos e atende mais.

Analisando os preços, fica claro que o que está errado é o local deste encontro. O motorista que corteja um TT na Alemanha paga € 32.750 pelo privilégio de guiá-lo, cerca de R$ 84 mil. Se ele custasse isso ou algo próximo, no Brasil, faria muitos motoristas felizes. Poderia até ter defeitos, mas, se fosse acessível, quem ligaria? Pouca gente ficaria triste por “casar” com um carro assim.

FICHA TÉCNICA – Audi TT Coupé

MOTORQuatro tempos, quatro cilindros em linha, transversal, quatro válvulas por cilindro, refrigeração a água, injeção direta de gasolina com turbo TFSI, 1.984 cm³
POTÊNCIA200 cv entre 5.100 rpm e 6.000 rpm
TORQUE 28,6 kgm entre 1.800 rpm e 5.000 rpm
CÂMBIOStronic de seis velocidades
TRAÇÃO Dianteira
DIREÇÃO Hidráulica, por pinhão e cremalheira
RODAS Dianteiras e traseiras em aro 17”, de liga-leve
PNEUS Dianteiros e traseiros 245/45 R17
COMPRIMENTO 4,18m
ALTURA 1,35 m
LARGURA 1,84 m
ENTREEIXOS 2,45 m
PORTA-MALAS 290 l
PESO em ordem de marcha 1.280 kg
TANQUE55 l
SUSPENSÃO Dianteira independente, tipo McPherson; traseira multilink
FREIOS Discos ventilados na dianteira e na traseira, com ABS e EBV
CORES Preta e prata outras por encomenda
PREÇO R$ 219 mil


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