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Renault Duster se atualiza para ser competitivo

Pioneiro no segmento de SUVs, modelo evoluiu consideravelmente na linha 2021 para poder enfrentar a concorrência

por Lukas Kenji

“Quando eu cheguei, tudo isso aqui era mato”, diria o Renault Duster sobre o mercado de SUVs compactos. No início desta década, somente o modelo da marca francesa e o Ford EcoSport eram opções relevantes na categoria. Os tempos mudaram, mas o Duster demorou para se mexer. Após o lançamento de uma enxurrada de utilitários esportivos, só agora o modelo fabricado em São José dos Pinhais (PR) ganhou atualização enfática.

Não é nova geração, afinal, plataforma e motor são os mesmos. Mas diversas otimizações estruturais e dinâmicas revigoraram o veterano SUV. São melhorias suficientes para deixa-lo em pé de igualdade com a concorrência?

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Em termos de oferta, o Renault assumiu postura de brigar na faixa inferior a R$ 100 mil. Está disponível em três versões que variam de R$ 78.990 a R$ 99.290. Testamos a mais completa, chamada de Iconic.



Só ela entrega as principais novidades da nova linha, como chave presencial (em forma de cartão) com partida por botão, sensor de ponto cego, além de quatro câmeras que auxiliam nas manobras. Outros itens exclusivos da configuração topo de linha são rodas de liga leve de 17 polegadas e apoio de braço para o motorista.

Também fazem parte do pacote de série direção elétrica com ajustes de altura de profundidade, volante multifuncional revestido em couro, ar-condicionado digital, controle de cruzeiro, trio elétrico, sensores de estacionamento traseiros, faróis de neblina e acendimento automático dos faróis.



Outro equipamento de fábrica dos mais pertinentes é a nova central multimídia de oito polegadas. Além de contribuir com a conectividade a bordo, ajuda ainda a enriquecer o ambiente interno. Ela tem compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay e substitui o sistema MediaNav, que já estava ultrapassado. Em contrapartida, é possível notar algumas falhas de acabamento na base do dispositivo.


Capricho interno

Nada que desabone a boa solução encontrada pela Renault para dar nova cara ao habitáculo. Houve um tempo que o Captur era chamado de “Duster perfumado”, o que expressava a falta de prumo do SUV mais velho. Hoje, ele não deve para o ‘primo’.

Ainda permanece a atmosfera espaçosa, agora, também caprichada. Desde as saídas de ar com molduras em alumínio até o novo desenho dos botões de climatização, são poucos retoques que fazem diferença. Nas portas, há até revestimento em tecido rebuscado, além de couro.



Nos bancos também há revestimento em couro sintético. Pena que são opcionais, assim como os faróis auxiliares de alta abrangência que estrelam as propagandas do carro e ajudam a manter a pegada de robustez sempre característica do modelo. Com todos os itens, inclusive a pintura metalizada, o Duster chega a R$ 104.940.

Por fora, aliás, o SUV tem diversas peças novas. Foram revistos os para-choques, as colunas, as lanternas e o porta-malas. Destaque para as luzes diurnas em LED que assinam os faróis. No entanto, os projetores são halógenos.



Outro apontamento relacionado a equipamentos fica por conta do painel de instrumentos. Embora seja de TFT, um material mais rebuscado, ainda transmite a sensação de estar ultrapassado até porque o computador de bordo que o acompanha exibe informações limitadas e não é passível de customizações.

Mas o que mais chama atenção ao dirigir o veículo é o componente de áudio, que fica atrás do volante, e é espólio das linhas anteriores do carro. Além de estar em uma posição que obriga você a tirar as mãos do volante, o elemento é antiquado e confuso. Uma vez que o Duster oferece volante multifuncional, os comandos de áudio poderiam ficar no centro, em vez dos botões de controle de cruzeiro que são requisitados com menor frequência.



Já um legado positivo é o espaço. O Renault manteve 2,67 metros de entre-eixos, medida suficiente para que até adultos de 1,80 m fiquem confortáveis no banco traseiro. A única dimensão alterada foi a do comprimento, que chega a 4,37 m, mas por conta dos para-choques alongados.

Outro ponto que mantem destaque é o porta-malas. Com 475 litros, é o maior da categoria. A título de comparação, o Hyundai Creta, tem 431 litros de bagageiro.



Já no quesito segurança, temos questões antagônicas. Com melhoras estruturais, o Duster faturou quatro estrelas na proteção de adultos nos testes de impacto do Latin Ncap. Em relação a crianças, o utilitário recebeu três estrelas. Isso evidencia um avanço do modelo, mas as notas poderiam ser melhores caso fossem disponibilizados quatro airbags. Não é cobrar demais uma vez que modelos mais baratos da linha Renault oferecem tal quantidade de bolsas de ar, como Kwid e Sandero.


Falta fôlego

Mas a maior ausência no Duster renovado é um motor mais parrudo. Não que o 1.6 SCe utilizado pela Nissan e outros modelos da Renault seja insosso. Mas com 120 cv de potência a 5.500 rpm e 16,2 kgf.m de torque a 4.000 rpm, o conjunto não tem disposição o bastante para carregar os 1.279 quilos do SUV.

As respostas das acelerações são um tanto tardias e fazem diferença na estrada, especialmente em cenários de ultrapassagens e retomadas. Com entrega de torque em alta rotação, a aceleração de 0 a 100 km/h é cumprida em 12,3 segundos, com etanol no tanque.



O consumo de combustível é outro ponto sensível. Na cidade, apresenta média de 10,7 km/l e 7,2 km/l, com gasolina e etanol, respectivamente. Na mesma ordem de combustíveis, o desempenho na estrada é de 11,1 km/l e 7,8 km/l, de acordo com o Inmetro.

O modelo, no entanto, é prazeroso de dirigir. Parece até outro carro, se compararmos com as versões antigas. A direção elétrica é direta, mais leve e com boa empunhadura. A suspensão é alta, porém, confortável. Já a transmissão do tipo CVT tem progressões suaves e não faz com que o motor grite quando em altas rotações.

Seguro em conta

Outra notícia boa é que a apólice de seguro é vantajosa em relação ao segmento. A simulação mais em conta no AutoCompara é de R$ 2.018,60, ao considerar o perfil de homem, 45 anos, residente na Zona Sul de São Paulo (SP).

Já o valor das revisões está na média da concorrência. Os seis primeiros serviços, que correspondem a 60 mil quilômetros rodados, somam R$ 3.517,53.



Desta forma, é possível afirmar que o Renault Duster voltou a ser um modelo competitivo e que pode ser uma boa opção abaixo dos R$ 100 mil. Ainda assim, ele não está no patamar de lançamentos recentes como Volkswagen Nivus e Chevrolet Tracker, que oferecem itens mais modernos, além de motor turbo.

Por falar nisso, rolam nos bastidores os rumores de que a Renault vai implementar na linha Duster o propulsor 1.3 turbo, que equipa o Mercedes-Benz Classe A Sedan. Se confirmada a informação, o SUV paranaense evolui intensamente na briga para ser um dos melhores da categoria.


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