Renault Kwid Zen, R$ 65.790, é prático e abstêmio

Galera hoje o teste é sobre o Renault Kwid - um dos carros mais baratos do Brasil, ao lado do Fiat Mobi - na versão de entrada Zen, que custa R$ 65.790.

Afinal, qual é a desse carro, que pelo preço tem de oferecer de série itens como direção elétrica, vidros e travas elétricos e ar-condicionado? Vem comigo que eu te mostro!

Quer um Kwid? Veja nossas ofertas!

Qual a ideia do Renault Kwid Zen

Aqui não tem segredo: o objetivo da Renault com o Kwid é e sempre foi fazer volume, vender muito e ter lucro, lembrando que o carrinho nasceu de um projeto indiano pensado para ser global.

Para quem não lembra, ele foi lançado no Brasil em 2017 - e lembro disso pois estava presencialmente no Salão de Buenos Aires daquele ano, quando a Renault anunciou preços entre R$ 29.990 e R$ 39.990.

Hoje, são três versões: essa de entrada, de quase R$ 66 mil; a Intense, intermediária, de R$ 68.590; e a mais cara com visual aventureiro, Outsider, de R$ 71.990. Todas bem mais "equipadinhas" justamente para tentar dar sentido a esses preços. Nosso foco, hoje, é justamente na mais acessível.

Design

Visualmente não há muitas novidades além do que mostramos no começo desse ano, quando o carro passou por sua primeira reestilização desde que chegou por aqui. Na frente, o destaque vai para os faróis que têm formato mais futurista, embora só a luz de posição seja de LED, já que o canhão principal, mais para baixo, tem lâmpadas halógenas.

De lado, uma das características do Kwid são as rodas aro 14", com rodas de três furos, cobertas por calotas. Outro destaque vai para as caixas de rodas, que pelo desenho tentam passar a sensação de ser um carro mais alto - para supostamente classificar o Kwid como SUV. E você, o que acha disso? Deixe sua opinião no campo de comentários.

Atrás, a nova disposição das luzes na lanterna foi a única alteração desse model year, mas isso fica limitado à versão mais cara Outsider. Mas não dá para pegar que o Kwid é bonitinho, apesar de que dentro dele fico parecendo o Sr. Incrível...

Vale lembrar que o Kwid manteve as dimensões. Ele tem 3,68 m de comprimento, 1,58 m de largura, 1,48 m de altura e 2,42 m de entre-eixos.

Cabine simples

Dando uma geral pelo interior, precisamos começar destacando pontos no quesito segurança. O Kwid é um carro que não foi tão bem no começo de sua história em testes feitos na Ásia, e por isso precisou passar por uma grande revisão antes de começar a ser vendido por aqui.

Tecnicamente, ele ganhou reforços na estrutura, ganchos Isofix nos bancos de trás e quatro airbags em todas as versões, logo de cara. Ótimo para o consumidor brasileiro.

Hoje, o carrinho tem assistente de partida em rampa, controle de tração e estabilidade e até sistema de monitoramento da pressão dos pneus.

Na parte de conveniência, essa versão não vem com central multimídia ou volante multifuncional, mas agora por conta de novas regras de emissões o carro oferece sistema start-stop; um rádio com conexão via Bluetooth; vidros e travas elétricos; ar-condicionado e direção com assistência elétrica. Não é muita coisa, mas vem com tudo aquilo que eu costumo chamar de "kit dignidade".

Lá atrás...

No espaço traseiro uma ou duas crianças têm conforto, mas adultos não têm muito espaço. Acontece a mesma coisa no Mobi, rival do Kwid que existe no mercado, e rolava o mesmo com o Volkswagen up!.

É fato que subcompactos são carros para uma ou no máximo duas pessoas, apesar de a gente saber que muita família acaba optando por ele justamente pelos preços.

E, como já era de se esperar, quem senta atrás não tem direito a mimos como saída de ar, tomada ou entrada USB para recarregar algum aparelho eletrônico.

O ponto positivo é que esse pequeno espaço privilegia o porta-malas, que é muito bom para o porte do carro: 290 litros, o mesmo volume que de hatches maiores como Volkswagen Gol e Chevrolet Onix. Um Fiat Mobi, para vocês terem ideia, tem apenas 200 litros.

Hora de acelerar

Dirigir o Kwid é como voltar anos no tempo. Chave no slot, pé na embreagem e mão no câmbio: fazia tempo que não pegava em um carro com câmbio manual aqui no WM1.

E aí você dá a primeira arrancada e sente aquela sensação de dirigir de carros com motor 1.0 de duas décadas atrás: é preciso ter paciência para fazer o Kwid pegar no embalo.

A vantagem do modelo da Renault é que ele é levinho, por isso não demora tanto. O câmbio não é o melhor que existe, mas também não deixa a desejar. E a direção poderia ser um pouco mais direta, mas pela proposta que o carro oferece, tá ótimo.

Acho que as rodas poderiam ser mais largas. Ele tem rodas com aro de 14 polegadas, mas sinto que poderia ser um pouco mais estável se elas fossem de 15 - mas também sei que isso faria com que seu preço fosse ainda maior.

Outro ponto é o sistema de freio a tambor na traseira, que já mostra um pouco da idade do projeto, mas que pelo menos demonstra ser suficiente para segurar o baixo peso do carro.

Sem multimídia

O sistema de som mais simples do que estamos acostumados a ver também faz bem seu papel. Mas não temos como não falar sobre alguns desacertos desse interior, como algumas peças não tão bem alinhadas, revestimento de plástico bem espartano e da qualidade do tecido dos bancos.

Pelo menos o carrinho vem com alguns porta-objetos, quadro de instrumentos com pequeno display digital e uma disposição de comandos bem tradicional.

Já o motor é um 1.0 legítimo, aspirado, flex, de três cilindros, 12 válvulas, que rende 71 cv e 10 kgfm de torque com etanol - são 68 cv e 9,4 kgfm com gasolina. Aliado a esse propulsor está uma caixa de câmbio manual de cinco marchas.

Com suspensão do tipo McPherson na frente e por eixo de torção na traseira, o Kwid é um dos carros remanescentes em nosso mercado que segue filosofia antiga de construção para poder (ou tentar) ter preço atraente.

É um legítimo 1.0 com foco em economia daqueles que víamos disputar a liderança anos atrás, como Volkswagen Gol, Fiat Palio, Uno Mille e Chevrolet Celta. É o verdadeiro sucessor do Renault Clio.

Falando em economia, ele faz, de acordo com a Renault e o Inmetro, 10,8 km/l na cidade e 11 km/l na estrada com etanol e 15,3 km/l e 15,7 km/l respectivamente, com gasolina. No computador de bordo, registramos uma média de 10,5 km/l com etanol, sempre com o ar-condicionado em uso, o que na minha opinião está ótimo.

Portanto...

A conclusão do nosso teste com o Kwid é bem simples. Apesar do carrinho ter um padrão totalmente diferente daquele que vimos quando ele foi lançado, em 2017, a proposta praticamente não mudou: ele quer continuar sendo um dos automóveis mais baratos do Brasil e tenta se fazer valer do bom nível de equipamentos e do ótimo consumo para justificar os quase R$ 70 mil.

Sinceramente, vale dar uma olhada no mercado de seminovos. A Webmotors está aqui para isso!