Renault Sandero oferece espaço a custo justo

Custando entre R$ 29,99 mil e R$ 47,54 mil, hatch médio começa a colocar os preços dos carros brasileiros em seu devido lugar


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Gustavo Ruffo
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Florianópolis, SC - Que os preços praticados para os carros no Brasil são muito altos, todo mundo já sabe. Quem leu a avaliação do Honda Civic Si deve compartilhar de nosso justo inconformismo com o fato de ele custar, nos EUA, algo equivalente a R$ 38 mil, enquanto, no Brasil, o sedã sai por R$ 99,5 mil. Pois o Renault Sandero e seu irmão mais velho, o Logan, deram o primeiro passo para colocar os preços dos carros brasileiros em seu devido lugar. Se não pela necessária redução de margens de lucros e de impostos, pelo menos pela oferta de um conjunto interessante a preços relativamente acessíveis.

E o que há de interessante nesse conjunto é o fato de ele ser tecnicamente o mesmo oferecido por modelos como VW Golf, Peugeot 307, Ford Focus e outros hatches médios do mercado. Por tecnicamente entenda que nos referimos a dimensões, espaço interno e conjunto mecânico. Acabamento, luxo e estilo, apesar de perceptíveis, residem numa dimensão muito mais subjetiva e, portanto, sujeita às lentes de quem vê e sente a diferença. Os “preços relativamente acessíveis” são os cobrados por veículos pequenos, como o Chevrolet Corsa que vai de R$ 29.515 a R$ 45.024, o VW Gol de R$ 29,93 mil a R$ 36.375, o VW Fox de R$ 29,84 mil a R$ 35,61 mil, o novo Fiat Palio de R$ 29,59 mil a R$ 43,9 mil, e o Ford Fiesta de R$ 30,64 mil a R$ 35,02 mil.

O que Sandero e Logan fazem é oferecer o mesmo preço e nível de equipamentos dos modelos menores, mas espaço interno maior, equivalente ao do segmento dos médios. O modelo mais barato entre eles, antes do Sandero, era o Focus. Por R$ 44.145, o Ford, com motor 1,6-litro flex de 113 cv, oferece direção hidráulica e ar-condicionado de série. Ficam faltando travas e vidros elétricos.

Por um pouco menos, R$ 43,79 mil, o Sandero na versão Privilège 1.6 16V vem com tudo isso mais computador de bordo, alarme, toca-CD com MP3, retrovisores com regulagem elétrica, travamento automático das portas, rodas de liga-leve de aro 15” com pneus 185/65 R15 e outros detalhes a mais de acabamento e funcionalidade. Também traz um motor mais moderno e econômico do que o que equipa o Ford.

Some a este valor mais R$ 2.900 e o Sandero virá ainda com dois airbags frontais, ABS e volante revestido de couro, o que totaliza R$ 46,69 mil. Para o Focus atingir um nível próximo de equipamentos, ele tem de custar R$ 52,05 mil. Exatos R$ 5.360 de diferença.

Médio ou compacto?

Se o Focus, que era o mais barato da turma dos médios, leva essa surra do Sandero em termos de relação custo/benefício, o mesmo acontece com os modelos mais sofisticados, como Fiat Stilo, VW Golf, Chevrolet Astra e outros, todos quase tão antigos quanto o Focus. Só escapam da inclemência do tempo, por enquanto, o Peugeot 307 e o Nissan Tiida. O Vectra GT, apesar da aparência contemporânea, nasceu de uma plataforma defasada. É o híbrido a que o brasileiro faz jus.

O 307 tem motor equivalente ao do Sandero, mas parte de R$ 54,1 mil... Se um acabamento mais rico e 100 l a mais de porta-malas o Renault tem 320 l, enquanto o Peugeot comporta 420 l justificam quase R$ 10 mil de diferença é uma pergunta que cabe a cada consumidor responder.

O Sandero tem 2,59 m de entreeixos e 1,75 m de largura, ambas medidas superiores às do VW Golf, por exemplo, que ganha por apenas 10 l em capacidade de porta-malas. O entreeixos do VW, com 2,52 m, é apenas 1 cm maior que o do Fiat Punto. Se o Punto é compacto, por que o Golf pode ser considerado médio?

Mesmo que não tivesse mérito nenhum, e não é o caso, o Sandero já se destacaria por levantar essa discussão de classificação de mercado. Muita gente boa no setor optou por considerar outras variáveis, como estratégia de vendas e construção mais esmerada e cara, para classificar os veículos. É uma forma válida de resistir à mania que muitas montadoras têm de esticar plataformas, tanto para a frente quanto para os lados, e chamá-las de “modelo de luxo”.

O Logan e o Sandero, isso é claro, foram lançados pela Renault com o objetivo de disputar com os compactos, e não com os médios. Mas, sendo tecnicamente médios desde que nasceram, sem plataformas esticadas, seria justo chamá-los de “compactos”? Achamos que não.

Preferimos pensar que são médios com o valor que um médio deveria ter. Se há pequenos que acham que podem custar o mesmo, que agüentem as conseqüências. O Sandero já mostrou que quer brigar, e a briga é mais justa com quem é do tamanho dele.

Mercado

Levar um Sandero para casa exige, no mínimo, R$ 29,99 mil. Isso pelo Sandero Authentique com pintura sólida e motor 1-litro 16V, não mostrado no evento. A justificativa da Renault foram questões industriais, mas pode apostar: com um carro feito para bater na concorrência, a empresa ficou com medo de apanhar dos jornalistas.

Não que o Authentique seja ruim. A mesma versão do Logan, avaliada pelo WebMotors, mostrou qualidades, como o bom escalonamento do câmbio. Ele permite boas respostas do motor de 1-litro, considerando seu tamanho, mesmo com o carro carregado. Se é assim no sedã, é de esperar que seja ainda melhor no hatch.

O que é digno de crítica, nos dois modelos, é a economia exagerada, como os retrovisores externos com regulagem manual que se mexem inteiros, com carcaça e tudo, assim como os usados nos modelos da época de Fiat 147 e VW Fusca, e a ausência de calotas opcionais, segundo o material de imprensa! e de limpador e desembaçador do vidro traseiro. Se no Logan eles fazem falta, no hatch sua ausência é quase imperdoável.

Nem a possibilidade de equipar o carro com motor 1,6-litro ajuda. São meros R$ 2.000 a mais pelo motor mais forte, o que o torna o 1,6-litro mais em conta do mercado, por apenas R$ 31,99 mil, mas a filosofia espartana do carro permanece. O pacote Pack Plus, por R$ 1.000, inclui apenas ar-quente, limpador, desembaçador e lavador do vidro traseiro, retrovisores com regulagem interna e calotas.

Não compensa. A versão Expression traz tudo que está incluído no Pack Plus mais regulagem de altura do banco do motorista necessária, direção hidráulica, frisos nas portas, retrovisores com comando manual interno, pré-disposição para som, terceira luz de freio e até as alças de segurança conhecidas pelo palavrão que normalmente se diz quando é preciso segurá-las de série.

Nesta versão, o Sandero 1-litro custa R$ 33,79 mil, ou R$ 3.800 a mais. Assim como no Logan, a versão Authentique do Sandero, seja 1.0 ou 1.6, foi feita para atender a frotas. Ou para não vender, mesmo com um preço tão competitivo.

Com motor 1,6-litro, o Expression vai a R$ 35,39 mil. Apenas R$ 1.600 a mais do que o 1-litro, o que mostra que este é o carro em que a Renault aposta suas fichas como o de maior volume. Ar-condicionado, vidros e travas elétricas só vêm em um pacote de R$ 4.000. De novo, não compensa.

A melhor escolha da linha Sandero recai sobre a versão Privilège, a mais completa, por R$ 41,19 mil com o motor 1.6 8V e R$ 43,79 mil para a 1.6 16V. O nível de equipamentos, que já citamos acima, é o mesmo para os dois motores.

Qualquer que seja a versão que se possa e se queira comprar do novo carro, a Renault apresentou o plano “Sandero Novo a cada 2 anos”. Para participar, quem comprar o hatch tem de dar 50% de entrada e paga 24 parcelas fixas de R$ 499.

No fim deste período, o Sandero usado vira moeda na compra de um novo. Do valor que a concessionária paga, 25% quita o financiamento anterior e o restante se transforma na nova entrada. Assim como o Logan, o Sandero tem 3 anos de garantia, o que permite vendê-lo ainda com um ano de cobertura. É parte do esforço da Renault para mostrar que tem um produto confiável.

Ao volante

A cidade escolhida pela Renault para o test-drive foi a bela Florianópolis. Pena o trajeto ter sido tão curto: apenas 20 km para cada versão do motor 1,-6-litro apresentada. Menos mal que o circuito era misto, sendo possível rodar por trechos urbanos e rodoviários.

Por dentro, o Sandero é mais sofisticado que o Logan, dispondo de painel em duas cores, a partir da versão Expression. Os comandos dos vidros estão no painel central, uma localização que não é exatamente a melhor, mas, considerando que a do Clio era adiante do câmbio, sob o console central, o Sandero pode ser considerado uma evolução de ergonomia na marca.

Faz bastante falta a regulagem de altura do volante. Melhor ainda seria tê-la aliada a um ajuste telescópico da direção. A regulagem de altura do banco alivia, mas não ajuda o motorista, especialmente se for mais alto, a encontrar a melhor posição de dirigir. A parte boa é que, por ser mais largo, o Sandero não tem os pedais juntinhos como na maioria dos carros pequenos. Isso torna a condução menos cansativa.

Para passageiros, o espaço é muito bom, tanto para as pernas quanto para a cabeça. Quatro pessoas com 1,80 m conseguem viajar confortavelmente. No porta-malas, há espaço para 320 l de bagagem, ampliáveis com o banco traseiro rebatível.

Em movimento, o motor 1,6-litro 16V responde bem tanto na cidade quanto na estrada. O giro cresce fácil e a economia de combustível, divulgada pela Renault, pode ser considerada boa. Na cidade, este motor faz 8 km/l com álcool e 11 km/l com gasolina. Na estrada, é com álcool que o carro faz 11 km/l. Com o combustível vegetal, ele chega a 16 km/l.

O contato com o carro foi curto, mas é possível dizer que, com uma proposta mais voltada à família, o Sandero tem suspensão muito suave, não exatamente adequada para uma tocada esportiva. É, de todo modo, melhor que a do Palio, por exemplo, que é excessivamente suave, e muito boa para encarar os pavimentos ruins que ele vai encontrar Brasil afora.Na versão 1,6-litro 8V, o que se nota é um maior nível de ruído, talvez em razão do acabamento da versão que foi avaliada com este motor, a Expression. No mais, este é o motor mais barato, mais fácil de manter e, surpreendentemente, o mais econômico. A Renault informa que ele faz 8 km/l na cidade e 12 km/l na estrada com álcool. Se abastecido com gasolina, estes números passam respectivamente a 12 km/l e 17 km/l.

Agora, resta aguardar como o Sandero se sai quando começar a ser vendido, na semana que vem. No breve contato que tivemos com ele, dá para prever: quando o consumidor o conhecer melhor, ele vai dar trabalho, tanto a pequenos quanto a médios.

Gustavo Henrique Ruffo viajou a convite da Renault


FICHA TÉCNICA – Renault Sandero





















MOTORESQuatro tempos, quatro cilindros em linha, transversal, duas e quatro válvulas por cilindro, refrigeração a água, 999 cm³ e 1.598 cm³
POTÊNCIA77 cv a 5.850 rpm álcool e 76 cv a 5.850 rpm gasolina 1.0 16V; 95 cv a 5.250 rpm álcool e 92 cv a 5.250 rpm gasolina 1.6 8V; 107 cv a 5.750 rpm álcool e 112 cv a 5.750 rpm gasolina 1.6 16V;
TORQUE 10,1 kgm a 4.350 rpm álcool e 9,9 kgm a 4.350 rpm gasolina 1.0 16V; 14,1 kgm a 4.350 rpm álcool e 13,7 kgm a 2.850 rpm gasolina 1.6 8V; 15,5 kgm a 3.750 rpm álcool e 15,1 kgm a 3.750 rpm gasolina 1.6 16V
CÂMBIOManual de cinco velocidades
TRAÇÃO Dianteira
DIREÇÃO Por pinhão e cremalheira; hidráulica em algumas versões
RODAS Dianteiras e traseiras em aro 14” e de aro 15”de liga-leve
PNEUS Dianteiros e traseiros 185/70 R14; 185/65 R15 na versão Privilège
COMPRIMENTO 4,02 m
ALTURA 1,53 m
LARGURA 1,75 m
ENTREEIXOS 2,59 m
PORTA-MALAS 320 l
PESO em ordem de marchade 1.025 kg a 1.087 kg
TANQUE50 l
SUSPENSÃO Dianteira independente, tipo McPherson; traseira com eixo de torção
FREIOS Discos na dianteira e tambores na traseira
CORESNão informadas
PREÇOSR$ 29,99 mil Authentique 1.0 16V; R$ 31,99 mil Authentique 1.6 8V; R$ 33,79 mil Expression 1.0 16V; R$ 35,39 mil Expression 1.6 8V; R$ 41,19 mil Privilège 1.6 8V e R$ 43,79 mil Privilège 1.6 16V


Gosta de hatches médios?

Então veja aqui no WebMotors as melhores ofertas para esse segmento:

Peugeot 307

Peugeot 306

Volkswagen Golf Renault Mégane

Chevrolet Astra

Ford Focus

  • Fiat Stilo


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