Curitiba, PR - Ontem nós apresentamos a vocês o que o Renault Symbol oferece de melhor. É um carro que chega ao mercado com um tremendo pacote de itens de série e, o que é melhor, todos eles em versões que os valorizam e os incluem. Por um preço bastante atraente: R$ 41,19 mil no modelo de entrada, o Expression. Bom para o consumidor. Mas vale lembrar que o Symbol é o substituto do Clio Sedan, um carrinho que, se agradou a seus donos, também trouxe algumas características que o fizeram um veículo de participação limitada no mercado.
O primeiro problema era a aparência. Ele era claramente um Clio com traseira enxertada, ou, em termos mais claros, um hatch com porta-malas esticado, não um sedã que tivessse nascido para ser sedã. Tanto que tinha uma travessa atrás dos bancos para ter maior resistência à torção.
Os outros problemas foram herdados do Clio. O espaço na traseira era ruim para as pernas e para a cabeça de passageiros mais altos. Os comandos dos vidros traseiros, no console central, não eram exatamente fáceis de usar. Fiquemos por aqui.
O Symbol se beneficiou de um estilo muito, mas muito mais agradável. A larga coluna C do Clio Sedan ganhou mais um vidro e parece menos exagerada, ainda que o fato de ela ficar para trás da caixa de roda traseira ainda cause estranhamento. É, de todo modo, uma sensação bem mais suave que a que o Clio Sedan provocava.
Isso porque a tampa do porta-malas parece mais alta e integrada ao resto do desenho do carro. Em movimento, nem se nota nenhuma desproporção. Parado, só com algum esforço de memória em relação ao Clio Sedan. Afinal, como dizem os antigos, quem herda não furta. E o Symbol herdou. No caso da aparência, por sorte muito pouco.
A traseira se destaca, no carro. As belas lanternas são ligadas por um filete cromado que dá um quê de sofisticação ao veículo. Na dianteira, um outro filete sobre a grade dianteira aproxima o Symbol da linha Dacia, a marca que, na Europa, é responsável pelo Logan e pelo Sandero. Os faróis são bem grandes, beirando o desproporcional, mas só de leve.
Herança ruim
O peso da herança ruim do Clio Sedan aparece bastante na hora de um passageiro alto conferir o espaço na traseira. A cabeça continua a bater no teto e a perna tem pouco espaço. Três passageiros, no banco de trás, viajarão com bastante desconforto se não forem menores do que 1,80 m.
Com relação ao porta-malas, grande só 4 l menor do que o anterior, que tinha 510 l, a herança que poderia ter sido evitada vem do Clio. O estepe está na mesma posição em que estaria no hatch. No Symbol, isso significa que ele está junto ao banco traseiro, bem lá no fundo do longo porta-malas. Se tirá-lo dali com o compartimento carregado já seria difícil em um veículo com estepe em posição mais ortodoxa e cômoda, no Symbol é mais fácil chamar o serviço de troca de pneus da seguradora se houver para não se aborrecer. Já é difícil tirar o estepe com o porta-malas vazio.
O encosto inteiriço do banco traseiro é rebatível melhor seria se ele fosse dividido em 40/60, mas a enorme travessa de reforço estrutural não permite carregar objetos grandes. Talvez ajude a tirar o estepe do porta-malas, mas não tentamos. Deixemos isso para a futura avaliação do carro.
Ao volante
O primeiro contato com o interior do Symbol agrada. O painel é de fácil leitura e o acabamento, ainda que simples, é mais apurado que o do Logan e o do Sandero. Não chega a ser sofisticado e tem um bocado de plástico, mas dá uma ótima sensação de solidez. Tomara que a sensação se confirme em um carro que, depois de bem usado, não faça lá muitos barulhos.
O banco e o volante do motorista têm ajustes de altura. No caso do volante, bom seria se houvesse também ajuste de distância, algo que a maioria dos concorrentes do segmento do Symbol, mais premium VW Polo, Chevrolet Corsa Sedan e Ford Fiesta, oferecem. Mas não chega a comprometer.
Em movimento, o Symbol mostra uma regulagem mais voltada a conforto e ao público feminino. O volante é suave, até mais do que deveria, assim como a suspensão, que só não é tão macia quanto a que a Fiat costumava oferecer na linha Palio de três anos atrás.
Se fossem um pouco mais firmes, volante e suspensão seriam o casamento ideal para o motor 1,6-litro 16V, muito bem disposto, especialmente em um sedã tão leve, com apenas 1.045 kg. Isso tende a torná-lo um veículo bastante econômico. A conferir.
Considerando o que o Symbol oferece, a herança toda que o Clio Sedan lhe transmitiu pode ser vista pelos consumidores como meras características, não como defeitos. Especialmente porque, em se tratando de mercado brasileiro, o que costuma levar os clientes às concessionárias é, em primeiro lugar, a beleza. E feio não se pode dizer que o Symbol seja. Pelo menos não tanto quanto o Clio Sedan já ouviu antes de descansar em paz. Que Deus o tenha.
FICHA TÉCNICA – Renault Symbol
| MOTOR | Quatro tempos, quatro cilindros em linha, transversal dianteiro, quatro válvulas por cilindro, refrigeração a água, 1.598 cm³ |
| POTÊNCIA | 110 cv gasolina e 115 cv álcool a 5.750 rpm |
| TORQUE | 149 Nm gasolina e 157 Nm álcool de 3.750 rpm |
| CÂMBIO | Manual de cinco velocidades |
| TRAÇÃO | Dianteira |
| DIREÇÃO | Hidráulica, por pinhão e cremalheira |
| RODAS | Dianteiras e traseiras em aro 14”, em aço Expression, ou em aro 15”, em liga-leve Privilège |
| PNEUS | Dianteiros e traseiros 175/65 R14 Expression ou dianteiros e traseiros 185/55 R15 Privilège |
| COMPRIMENTO | 4,26 m |
| ALTURA | 1,44 m |
| LARGURA | 1,67 m |
| ENTREEIXOS | 2,47 m |
| PORTA-MALAS | 506 l |
| PESO em ordem de marcha | 1.045 kg |
| TANQUE | 50 l |
| SUSPENSÃO | Dianteira independente, do tipo McPherson; traseira por eixo de torção |
| FREIOS | Dianteiros com discos ventilados e traseiros com tambores |
| CORES | Branco Glacier, Vermelho Vivo, Prata Étoile, Bege Angorá, Preto Nacré, Azul Crepúsculo, Cinza Acier e Vermelho Fogo |
| PREÇOS | R$ 41,19 mil Expression e R$ 44,49 mil Privilège |