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Retorno à realeza da esportividade

Jaguar volta à mente dos amantes da velocidade com F-Type R AWD

por Lukas Kenji

A monarquia automobilística inglesa viveu tempos áureos na década de 1960. Salvo raras exceções, os súditos nada tinham a declarar contra o Rei E-Type, querido no mundo inteiro - somente os norte-americanos não gostavam muito de seu nome e preferiam chamá-lo de XK-E. Fora este pequeno contratempo (e um ou outro burburinho de franceses que gostam de colocar defeito em produções inglesas), a majestade que sucedeu o torpedo das pistas D-Type era unanimidade.


Talvez o único risco à popularidade do E-Type na época eram os Beatles. Até Enzo Ferrari sucumbiu aos encantos do esportivo desenhado por Malcolm Sayer ao dizer que ele era o carro mais bonito já produzido no planeta. Steve McQueen vivia desfilando com seu exemplar por Hollywood, assim como a atriz Brigitte Bardot fazia em Paris.


O tempo passou. Os anos 1970 chegaram e trouxeram novidades estéticas e aerodinâmicas. A classe e elegância do estilo charutinho do E-Type perderam espaço para esportivos de desenho ousados, com carrocerias musculosas, linhas quadradas e faróis escondidos na ponta do para-lamas que levantavam com uma partida na chave. Lamborghini Countach e De Tomaso Pantera viraram o símbolo desta tendência na Itália. Nos States, os Pontiac tomaram conta. Dentro de casa, na Grã-Bretanha, o Lotus Esprit conquistou a realeza.



A Jaguar ficou de fora da corte e de certa forma perdeu espaço no mundo da velocidade. A agressividade do emblema felino amansou e ganhou status de alto luxo.



Destacar-se no segmento nobre dos superesportivos dominado pelo reich (império) alemão não é imcumbência das mais simples, mas o F-Type consegue ser efetivo. Ele não é melhor nem mais rápido do que Porsche 911, Audi R8 e Mercedes-AMG GT. Mas mostra o poderio tecnológico de esportividade que a Jaguar é capaz de entregar.


O F-Type carrega a áurea de seu antecessor em sua carroceria de 4,47 metros. Capô longo e musculoso, banco situado quase sobre o eixo traseiro, grade em formato semi-oval, traseira com caimento semelhante ao de fastbacks e para-lamas traseiros com volume marcante em relação ao habitáculo transformam o superesportivo em uma releitura moderna do E-Type.



Na linha 2016, o Jaguar rendeu-se à estabilidade e segurança da tração integral, à precisão da direção elétrica e à sutileza dos discos de cerâmica 60% mais leves dos que os convencionais. Tornou-se um brinquedo mais maleável, mas não menos voraz. A versão R AWD lhe confere motor 5.0 V8 de 550 cv a 6.500 e torque máximo de extasiantes 69,3 kgf.m a 3.500 giros. Grudar no banco e sentir uma forte impulsão nas costas a cada acelerada brusca e escalonamento ligeiro é uma rotina extraordinária.


O gerenciamento primoroso da transmissão automática de oito velocidades permite com que o felino atinja até 300 km/h. Os 100 primeiros são realidade já aos 4,1 segundos a partir da inércia. Experimentar a liberdade que as aletas para acionamento manual do câmbio dá é viciante. Ainda mais por conta do ronco do propulsor Supercharged emanado pelo escapamento de quatro pontas.



A sinfonia pode ficar ainda mais audível por meio de um botão localizado abaixo da manopla do câmbio. Ao lado dele, existe um outro botão que aciona o aerofólio traseiro. Mas o mais legal é uma chavinha que ativa o ajuste dinâmico do carro. Uma bandeira quadriculada surge no painel de instrumentos indicando que a suspensão está mais rígida, a direção mais direta e o escalonamento das marchas mais alto. O carro ganha potência, a adrenalina toma conta do corpo. Nessa hora, vem à memória o fato de o carro não vai escorregar por conta da tração nas quatro rodas de 20 polegadas.


Mas nem só de agressividade vive a fera. O requinte e a primazia na concepção de interiores famigerada da Jaguar Land Rover também impera no F-Type. Os mimos vão desde uma luz vermelha pulsante no botão de partida que simula a batida do coração até opções iluminação de diversas cores para enfeitar o ambiente.


O console tem material com textura de fibra de carbono e quase todo o restante do habitáculo está revestido em couro com costuras na cor branca. Nesse sentido, o interior de rivais como 911 e AMG é mais rico por ter maior diversidade de materiais como o couro Alcantara que reveste os volantes.



O que contribui para a ótima experiência a bordo do F-Type é o sistema de som da britânica Meridian. Há 12 alto-falantes que distribuem 770 Watts de potência. É possível ter um ajuste de cinema por meio do sistema surround Dolby Digital.


Mas o que precisa ser alterado logo mais é a central multimídia de tela de 8 polegadas. Apesar de ter boa sensibilidade ao toque e itens importantes como câmera de ré e TV digital, o sistema é pouco intuitivo e tem design um tanto ultrapassado. Logo mais o F-Type terá de ccaption a novas tecnologias de conectividade com smartphones e tablets como o Android Auto e Apple Car Play.



Conclusão


Isso não é nada que desabone o superesportivo. O E-Type pode estufar o feito e sentir orgulho de sua cria. Assim como o F-Type pode cerrar os punhos e dizer que cumpriu com a missão de reconduzir a Jaguar ao imaginário dos amantes da velocidade por um preço bastante competitivo em relação aos rivais. Se R8, AMG GT e 911 circudam a casa de R$ 1 milhão, o F-Type se oferece como versão elegante à inglesa por R$ 752.684.


O britânico é mais lento e pode até carregar menos status do que o Porsche ou concorrentes fora da Alemanha como japonês Nissan GT-R ou o norte-amercicano Chevrolet Corvette. No entanto, crava o começo de uma história que está só começando. A ideia não é que ele substitua o E-Type, que marcou seu nome na história e tem um legado invejável. A inteção é que o F-Type perpetue essa jornada que tem tudo para dar certo.  


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