Estamos sempre à bordo dos lançamentos do momento. Mas não é todo dia que temos a chance de rodar com um carro quase zero quilômetro feito em 1998. Pois tivemos a oportunidade de conhecer de perto um Renault Scénic que é cuidadosamente preservado pela marca francesa no Brasil.
Aliás, não estamos falando de um carro qualquer: o Scénic que pudemos conhecer de perto é um verdadeiro exemplar "001". Um protótipo montado com peças francesas em abril de 1998, antes mesmo do início da operação da fábrica de São José dos Pinhais (PR).
Confira nas linhas a seguir como foi essa verdadeira viagem no tempo com o Renault Scénic.
Nos primeiros anos, o nome oficial do carro era Mégane Scénic, já que o modelo era o monovolume da linha Mégane, que no Brasil já era representada pelo sedã e pelo hatch, importados da Argentina. Só depois é que a minivan seguiria um caminho próprio para se tornar - oficialmente - apenas Scénic. Separação que o mercado já fazia praticamente desde o lançamento.
Mas antes de falar mais sobre o Scénic "001", preciso fazer uma pausa para falar sobre a importância desse carro no mercado brasileiro. Além de ter sido o primeiro Renault feito em São José dos Pinhais (PR), foi também o pioneiro do segmento de minivans.
Não demorou muito tempo para que esses monovolumes se tornassem os sonho de consumo das famílias de classe média. Algo muito parecido com o que acontece hoje com os SUVs.
Tinha 12 anos quando a minivan da Renault chegou ao mercado e me lembro quando esses carros começaram a pipocar na saída do colégio, substituindo hatches compactos topo de linha, peruas e sedãs.
Hoje estamos acostumados ao formato das minivans. Mas elas eram bem diferentes do restante da fauna automotiva brasileira na época. Com teto alto e linhas arredondadas, se tornaram sinônimo de modernidade e chamavam a atenção no trânsito.
Voltando ao assunto deste texto, o Scénic 001 foi um protótipo montado alguns meses antes do início da produção em série. Por isso mesmo, trazia algumas diferenças em relação ao carro que chegou ao mercado.
A configuração externa já era a mesma da versão RT, que era a opção básica do modelo e era facilmente reconhecida pelas rodas de aço de 15 polegadas com calotas plásticas e pela ausência dos faróis de neblina.
O interior também era quase o do carro de produção, com os bancos traseiros individuais e que podiam ser removidos um a um para aumentar o já generoso espaço do porta-malas, de 410 litros. Mas o 001 ainda não tinha as mesinhas do tipo avião, que eram, inicialmente, exclusividade do Scénic brasileiro.
Um ponto que surpreende no Scénic é o trabalho de aproveitamento de espaço feito pela Renault. O monovolume tem 4,13 m de comprimento, 1,72 m de largura, 1,62 m de altura e entre-eixos de 2,58 m. Pouco maior que um Stepway e menor que um Chevrolet Onix.
Mesmo assim, além do porta-malas amplo, o espaço para os ocupantes - principalmente no banco traseiro - deixa até alguns SUVs médios no chinelo. A solução técnica do assoalho duplo eliminava o incômodo do túnel central e ainda abria espaço para porta-objetos.
Por outro lado, o motorista fica confinado a uma posição de dirigir extremamente alta. Algo que me impressionou mesmo nessa era dos SUVs. É quase como se eu estivesse guiando um furgão. Inclusive, com a alavanca de câmbio e os comandos de ventilação distantes do alcance das mãos.
Esse Renault Scénic seguia fielmente a linha das versões básicas do fim dos anos 1990. Mesmo modelos médios, como era o caso dessa minivan aqui, tinham listas de equipamentos enxutas. Mais magras que a dos modelos populares atuais.
O Scénic RT tinha como únicos "luxos" a direção assistida e os vidros dianteiros e travas elétricas. Itens como vidros elétricos traseiros, rádio, ar-condicionado, rodas de liga leve e faróis de neblina eram exclusivos da configuração topo de linha RXE. Isso sem mencionar a ausência de airbags e freios ABS.
No lançamento, todas as versões do Renault Scénic saíam da fábrica com o mesmo conjunto mecânico: um motor 2.0 8V de 115 cv e um câmbio manual de cinco marchas.
Só depois é que o modelo incorporaria outras opções de motorização, como um 1.6 16V de 110 cv e um 2.0 16V de 140 cv, além do câmbio automático de quatro marchas.
Tivemos a oportunidade de rodar com o Scénic 001 em um curto percurso fechado, no interior de São Paulo. Mas foi o suficiente para se impressionar com o estado de conservação da máquina, que soma pouco mais de 2,2 mil quilômetros no hodômetro.
A posição de dirigir é bem estranha. Mas não leva tempo para se acomodar ao volante. Já o teto alto e a ampla área envidraçada da carroceria favorecem a visibilidade e facilitam na hora de manobrar a minivan.
A suspensão justíssima e o esperto motor 2.0, além dos engates precisos do câmbio manual, fazem você esquecer que está ao volante de um carro com 25 anos de rodagem.
Também pudera: o carro é parte do acervo histórico brasileiro da marca, que hoje já soma 16 veículos e inclui também modelos como o Gordini II, dos anos 1960, que eram feitos sob licença no Brasil pela Willys-Overland (sim, a mesma que fabricava os Jeep).
O Renault Scénic de primeira geração foi fabricado no Brasil até 2010 e teve mais de 142 mil unidades produzidas na fábrica de São José dos Pinhais (PR).
O término da produção do Scénic pioneiro se confunde com o começo do fim para o segmento de minivans. A Renault até tentou importar a segunda geração do modelo. Mas ela vendeu pouquíssimas unidades no Brasil.
Hoje, o Scénic é uma opção interessante de carro acessível para famílias que precisam de um automóvel espaçoso e bem equipado. É possível encontrar bons exemplares na faixa dos R$ 30 mil.
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