A marca não figura entre as vinte com maior número de vendas no país este ano. A lista da Fenabrave (Fcaptionação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) traz a Suzuki, que ocupa a 21ª colocação com apenas 0,21% de participação no mercado em agosto (2015), mas nada da Subaru. Apenas um modelo da marca japonesa está relacionado no ranking de vendas da fcaptionação. Trata-se do Forester, no 37º lugar na categoria SUVs, com 103 emplacamentos. Mas o que explica números tão baixos?
Isso nos leva ao XV. Não se espante se você não tiver ouvido falar deste crossover, com jeitão de hatch e porte de SUV. O modelo é vendido no Brasil desde 2013, mas menos de 500 foram comercializados ao longo deste ano. Recentemente a marca apresentou a versão 2016 com algumas alterações de equipamentos. O modelo ganhou tela multimídia sensível ao toque de sete polegadas (sem GPS), tela colorida de LCD no quadro de instrumentos e novo volante multifunção de três raios. Com isso, o preço saltou de R$ 99.990 para R$ 104.900 (aumento de 4,91%). Está longe de ser barato, mas como veremos mais adiante, pelo que o modelo entrega, até que o preço não é um absurdo.
A WebMotors testou por uma semana a versão 2015 do crossover. Uma viagem entre São Paulo e a baixada fluminense num percurso de quase 1.000 quilômetros foi o pretexto ideal para conhecer melhor a marca e o modelo.
Como boa japonesa, a Subaru não é conhecida pela ousadia no design. Com o XV não é diferente. A primeira vista, o modelo parece ser meio desajeitado, uma mistura de hatch esticado, com seus 22 centímetros de altura do solo, uma dianteira com faróis puxados, uma traseira ovalada e um para-choque esportivo. Tudo isso, com um ar de início dos anos 2000. É preciso dizer que a convivência o torna menos estranho, a boa altura do solo é útil no trânsito e o espaço interno, resultado do design oriental, agrada na medida para quatro adultos.
O XV também consegue ser econômico nas dimensões sem sacrificar o conforto no interior. São 4,45 metros no comprimento, sete centímetros a menos que um Honda Civic, com um entre-eixos de bons 2,63 metros. Na altura, são cinco centímetros a menos que o Jeep Renegade, o que proporciona boa visibilidade no trânsito urbano sem prejudicar a estabilidade. Já a capacidade de porta-malas, que acomoda 310 litros, poderia ser melhor por conta da proposta do veículo.
O interior se mantém sóbrio. Destaques para o bom acabamento e a ergonomia. A versão única disponível para compra traz de série bancos e volante forrados em couro, assento do motorista com seis regulagens de posição, faróis de xênon, câmera traseira (falta um sensor de estacionamento), rodas em liga leve 17 polegadas, teto solar elétrico, computador de bordo, piloto automático, sensor de presença nas portas, ar-condicionado de duas zonas, faróis de neblina, volante multifunção com paddle shifts (borboletas) na parte de trás do volante e pedaleiras esportivas.
O pacote é bom para o porte e o valor do carro (é preciso lembrar que se trata de um importado), mas a Subaru perdeu a oportunidade de melhor o custo-benefício oferecendo alguns diferenciais entre os itens de série. Por exemplo, um piloto automático adaptativo, já presente em alguns carros da concorrência. Estranhamente o equipamento está disponível para o XV vendido nos Estados Unidos (o nosso vem do Japão).
A preocupação da Subaru com a segurança também é digna de nota. São seis airbags (duplo dianteiro, laterais e de cortina), controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de partida em aclive, distribuição eletrônica de frenagem, encosto de cabeça ativo, barras de proteção nas portas e fixação de cadeira de criança do tipo ISOFIX. Tantos equipamentos renderam ao XV notas máximas de segurança em institutos dos Estados Unidos e Europa.
Desenvoltura
A marca reúne fãs ao redor do mundo não apenas pelo sucesso alcançado nas pistas de rali. O seu sistema 4X4 (todos os veículos à venda são oferecidos com tração nas quatro rodas) e a confiabilidade do conjunto mecânico estão entre os pontos mais admirados da marca.
Um dos autores da proeza é o motor Boxer. Nele, os pistões trabalham na horizontal e não em pé ou em V, por exemplo, como acontece nos V6, V8 e V12. Com isso, as vibrações causadas pelos movimentos dos pistões são menores, assim como o desgaste das peças. Um dos ganhos é na longevidade do propulsor, há vários relatos de motoristas que percorreram mais de 1 milhão de quilômetros com os seus Subaru sem o menor problema. O centro de gravidade também fica mais baixo e isso reflete na estabilidade dos veículos. Outra marca que adota o mesmo tipo de propulsor é a Porsche, nos seus 911.
No caso do XV, o motor é um 2.0L Boxter de quatro cilindros, 16 válvulas, com bloco e cabeçotes de alumínio capaz de desenvolver 150 cavalos de potência máxima a 6.200 rpm. O torque máximo é de bons 20 kgf.m, porém a altos 4.200 rpm. O câmbio é automático do tipo CVT (continuamente variável) que simula seis velocidades.
Trata-se do mesmo propulsor do Forester, mas sem a ajuda do turbo. E isso define a forma do XV se comportar. O modelo não foi feito para ralis ou provas de aventura, a sua vocação é urbana e familiar. Não haverá problemas nas ultrapassagens ou saídas de semáforo, mas não espere do XV respostas vigorosas ou reações rápidas. Quando instigado, o XV demora para embalar e acima dos 3.500 rpm o ruído vindo do cofre do motor incomoda.
Além do propulsor, o câmbio CVT está escalonado para auxiliar na economia de combustível. Em nosso teste, o computador de bordo aferiu uma média de 9,1 km/l no percurso misto (estrada e cidade). Números na média para um veículo deste porte.
Na estrada, rodando a 120 km/h o XV se comporta com tranquilidade, a carroceria aderna pouco nas curvas e a tração integral, a famosa “Symmetrical All-Whell Drive”, que consagrou a marca japonesa, trabalho ajustada para manter o crossover na linha com tranquilidade. Uma característica que não agradou muito durante o teste foi o pedal do freio. É preciso pisar fundo para sentir o conjunto funcionado. Levasse um tempo para se acostumar e evitar maiores sustos.
A Subaru cobra alto pelo seu crossover, mas se você estiver a procura de um veículo 4X4, discreto, com ampla lista de equipamentos de série, preocupado com a segurança, com um desempenho aceitável, de uma marca conhecida pela durabilidade, o XV pode ser uma boa opção a se considerar.
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