Lembra quando você era criança e fazia de tudo com aquele seu carrinho de brinquedo? Ele era capaz de subir montanhas de cobertores, escalar um sofá, passar por pisos de cimento, asfalto, terra, grama... Enfim, na sua mão, esse carrinho podia enfrentar tudo. Pois o Suzuki Jimny é mais ou menos assim – mas dentro das leis da física e do nosso código de trânsito, claro!
Tivemos uma rápida experiência com o Jimny, que começou a ser montado no Brasil em Itumbiara (GO) e tem preços que partem dos R$ 55.990, em um trecho de terra na cidade de Campos do Jordão (SP). O que foi uma pena, já que o modelo empolga quando você começa a pegar o jeito e superar cada vez mais obstáculos, como fendas enormes, buracos, subidas, descidas e tudo o que uma trilha oferece.
Conduzir um jipinho em um trecho tão acidentado não é das tarefas mais simples. Principalmente para quem não tem tanta prática (meu caso). O primeiro obstáculo era uma fenda de cerca de meio metro onde o carro parecia que a qualquer movimento iria tombar. Com a tração reduzida acionada, o pedal do acelerador fica bastante sensível e o giro do motor sobe rapidamente. Com muita calma para girar o volante e acelerar o carro passei “ileso” neste primeiro desafio.
Já o segundo obstáculo consistia em uma fenda no piso com apenas dois “trilhos” nas extremidades, beirando uma parede de terra, onde as rodas deveriam se encaixar. Este ponto deixa o piloto mais inexperiente meio lelé da cuca. A medida que Jimny ia passando, o carro pendia para o lado esquerdo. E, neste caso, o movimento a se fazer no volante é virá-lo exatamente para onde o veículo está “caindo” e não o contrário. Coisa de doido, mas deu certo!
Seguindo pela trilha o Jimny pulava feito um canguru. Que a suspensão encara qualquer obstáculo isso é fato. Contudo, não significa que os ocupantes não irão sentir cada buraco que ele passa. É necessário, também, um certo tempo para se acostumar com a já dita sensibilidade no acelerador. Desta forma, cada solavanco no caminho gerava uma “pisada” mais forte no pedal e um “soquinho” para os ocupantes. “Mal aí”, pessoal!
Apesar de bastante curto foi um teste bem divertido, que terminou com o jipinho subindo praticamente uma parede de terra. Sim, era uma subida bastante íngreme que em um primeiro momento achei que não conseguiria subir. Agora, sobre como o Jimny se comporta na cidade fica para uma próxima oportunidade, já que a Suzuki não nos deu a chance de conduzir o modelo em circuito urbano.
O Jimny possui o motor em alumínio, movido a gasolina, 1,3L (DOHC), com 16 válvulas, 85 cavalos de potência a 6.000 rpm e torque de 11,21 kgfm a 4.100 giros. A transmissão é manual, de cinco marchas. Por ser bastante compacto – 3,67 m de comprimento por 1,60 m de largura – ele oferece bom desempenho quando falamos em relação peso/potência: 12,82 kg/cv.
Um dos segredos do Jimny para encarar qualquer obstáculo é, além do conjunto de suspensão com eixos rígidos trilink e molas helicoidais, a construção de carroceria sobre chassi. O outro, claro, está no sistema de tração 4x4 com reduzida.
Trata-se de um sistema de roda livre pneumática com caixa de transferência sincronizada e gerenciamento eletrônico. Com ele, é possível fazer a mudança de tração com apenas um toque no controle do painel. O que torna possível optar entre os modos 2WD para uso urbano com tração traseira, 4WD com tração nas quatro rodas e 4WD-L que dobra o torque e permite enfrentar diversos obstáculos off-road com tração 4x4 com reduzida. Por meio do sincronizador da caixa de transferência é possível realizar mudanças entre os modos 2WD e 4WD em velocidades de até 100 km/h.
Mas ao mesmo tempo que as dimensões do Jimny o ajudam no desempenho, elas o prejudicam quando falamos do conforto. Este simplesmente deixou de existir quando quatro pessoas entraram no carro. O modelo “pula” demais e o ruído do motor invade a cabine sem pedir muita licença.
O Jimny brasileiro recebeu algumas alterações estéticas em relação ao importado. As mudanças no visual deixaram sua dianteira mais robusta, com uma entrada de ar no capô e o desenho do para-choque, para-lama e grade dianteira levemente retocados. Nada que deixasse o jipe com desenho moderno. Também conta com rodas de liga leve de 15” com aplicação na cor grafite. Internamente, mudam o formato dos encostos de cabeça e o padrão de tecidos para os bancos e portas. O conjunto de som inclui rádio com AM/FM, CD player com MP3, WMA, USB e conexão com dispositivos Bluetooth.
Por aqui são oferecidas quatro versões de acabamento: a básica, 4All (R$ 55.990); a 4Sun, com teto solar, (R$ 59.990) e a 4Sport, mais equipada, com pneus mistos. A Suzuki prevê que a versão básica responda por 60% das vendas, enquanto a Sport fica com 25%. Há ainda a variante 4Work, destinada a uso comercial (sem preço divulgado pois é vendido por encomenda).
A escolha do Jimny como um primeiro produto “nacional” por parte da Suzuki parece bastante apropriada. O jipinho tem características que condizem com sua missão dentro dos planos da empresa no Brasil.
Chamado de “pequeno trator” por Luiz Rosenfeld, presidente da Suzuki Veículos do Brasil – empresa que representa a marca japonesa em território nacional –, o Jimny tem como objetivo abrir o caminho – como faz quando colocado em uma trilha – e reconstruir a imagem da Suzuki no País. E, de acordo com o executivo, esse ritmo será “contínuo e lento. Degrau por degrau”, já desconversando sobre futuros lançamentos.
O Jimny não tem um concorrente direto. Seu preço um pouco salgado – o valor do modelo nacional não mudou em relação ao importado – o coloca em uma briga com outros “jipes”, como o Ford EcoSport (R$ 54.800) e o Renault Duster (R$ 50.350). Contudo, se olharmos pela tração, o Jimny é o 4x4 mais em conta no Brasil, já que o outro legítimo estradeiro, o Troller T4, parte de R$ 93.933.
| 1,3L, gasolina, 16V, DOHC | | Dianteiras e traseiras em aro 15” de liga-leve |