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Suzuki Jimny melhora, mas ainda é caipira raiz

Chamado de Jimny Sierra, quarta geração do modelo ganha em modernidade, mas não foi feito para a cidade grande

por Lukas Kenji

Tem gente que é fã de carro e tem gente que é fã do Suzuki Jimny. O modelo que é bruto e simpático ao mesmo tempo acumula uma legião de mais de 3 milhões de fãs no mundo. Nesta quarta geração, o pequeno samurai quer mostrar que, além de ser um trilheiro de primeira, também pode ser um bom companheiro na cidade.
Para tanto, o jipe passou por diversas mudanças profundas que começam pelo nome. O protagonista desta avaliação é chamado de Suzuki Jimny Sierra, disponível em três versões, todas acima dos R$ 100 mil.
A opção mais em conta, 4You com câmbio manual, é vendida a R$ 103.990, enquanto a alternativa com transmissão automática sai por R$ 111.990. Nós testamos a topo de linha 4Style, tabelada em R$ 122.990.
O Jimny ganhou sobrenome para que a geração anterior do modelo continue a ser vendida. É a nacional, produzida em Catalão (GO), que tem quatro versões, com preços entre R$ 74.490 e R$ 92.990.

A novidade

Mas voltemos ao modelo mais novo. O Suzuki Jimny Sierra tem arquitetura completamente nova, mais parruda. O chassi ganhou três travessas adicionais de aço em formato de “X”. Na prática, a medida aumentou a rigidez da estrutura em 50%.
Por outro lado, o peso do carrinho não aumentou muito. Na 4Style, que carrega câmbio automático, a balança mostra 1.095 quilos. Justamente essa relação de peso e estrutura do carro fez com que a Suzuki optasse por adotar uma transmissão de apenas quatro marchas, com overdrive.

Na cidade e no off-road, a falta de um câmbio mais elástico não é sentida. Mas na estrada ou mesmo em vias de velocidade média alta, uma quinta posição faria bem à viagem.
A 100 km/h, o painel mostra que o novo motor 1.3 a gasolina gira em 3.500 giros. O propulsor rende 108 cv de potência a 6.000 rpm e 14,1 quilos de torque a 4.000 giros. São 23 cv e 3 quilos a mais do que o 1.3 da geração anterior.
A falta de um câmbio com mais velocidades aliada a um motor que sente-se bem rodando em giro alto interfere diretamente no consumo de combustível. De acordo com o Inmetro, a média na cidade é de 10,3 km/l.
Na estrada, a relação é ligeiramente inferior, com 10,2 km/l. O fato inusitado de o consumo nas rodovias ser pior do que na cidade já mostra que o Suzuki não curte asfalto.

Caipira raiz

Embora seja encarado por muitos consumidores como um aventureiro que ajuda a vencer tranquilamente os obstáculos da cidade, como buracos e valetas, o Suzuki Jimny Sierra ainda é um caipira raiz, feito para rodar na lama.

Ora, os pneus nem de uso misto são. Tem perfil todo-terreno. Já a suspensão é de eixo rígido nas duas extremidades. Isso mesmo, até na frente, o modelo oferece sistema mais bruto. Estes exemplos mostram que não tem como fazer milagres. Apesar de ter ficado mais moderno e tecnológico, o Jimny foi feito para viver longe da cidade grande.
Em relação à capacidade off-road, a nova geração do Jimny traz como novidade seletores de tração são via alavanca agora e não mais em botões. Segundo a Suzuki, os consumidores acham essa mecânica mais confiável. Aqui, não tem segredo, temos 4x2, 4x4 e reduzida.
O carro tem ainda controles eletrônicos de estabilidade de tração e também um assistente de descida. Em ladeiras mais íngremes, é só acionar esse botão e dispensar o pedal do freio.

O Suzuki transmite confiança fora da estrada. O rostinho mais simpático da nova geração mascara o tanque de guerra em dimensões reduzidas. Você tem a certeza de que vai superar qualquer obstáculo com facilidade e não se engana no final das contas.
Um dos poucos atributos do Jimny que são condizentes com as metrópoles é o porte, que pouco mudou. As medidas de comprimento (3,64 m), extre-eixos (2,25 m) e porta-malas (120 l) foram mantidas. As mudanças estão na altura (1,72 m), que aumentou em 2 centímetros e na largura (1,64 m), que cresceu 2 centímetros e meio.
Outro ganho de espaço importante ficou por conta dos bancos frontais, que ganharam 2,4 centímetros em apoio para as pernas a fim de abrigar melhor motoristas mais altos. A qualidade do material dos assentos também foi aprimorada.

Aliás, todo o interior foi aprimorado, sem esquecer das origens aventureiras. Dá para sentir ainda a alma off-road, até porque a maior parte dos plásticos são rígidos, para facilitarem a limpeza e garantirem robustez. Mas é um interior ergonômico, está tudo à mão.
Um opcional é o revestimento em couro dos bancos, que custa cerca de R$ 1.200 e está disponível em todas as versões.
Se o painel de instrumentos mantém aquela telinha alaranjada, a central multimídia ficou mais moderna. É assinada pela JBL, com pareamento com a tecnologia Android Auto e câmera de ré de boa resolução.

Mas é no design externo que está o charme e toda a história do Jimny. Existem diversos elementos que fazem referência às três gerações anteriores do modelo.
Os faróis redondinhos são uma alusão à geração de 1970, enquanto as fendas dos para-lamas e as lanternas traseiras são herança da linha de 1981. Por fim, a grade com cinco fendas remete ao carro de 1998.
A carroceria quadradinha deu ares de Mercedes-Benz Classe G, mas também trouxe características mais divertidas ao Suzuki. O teto preto é opcional, por R$ 1.350.

Há ainda alguns elementos que foram atualizados para garantir melhor dinâmica ao carro. As portas agora têm três estágios de abertura com ângulo de 70º, enquanto as molduras das caixas de rodas ficaram mais largas e com textura para proteger a carroceria de pedras.
Os vidros laterais ganharam em verticalidade para evitar o acúmulo de água e lama nas trilhas, enquanto o capô está mais plano para evitar alguns reflexos que possam atrapalhar a visibilidade.

Fim de papo

Em suma, é inegável a constatação de que o Suzuki Jimny melhorou sensivelmente na quarta geração. Xodó do último Salão do Automóvel de São Paulo, realizado em 2018, o Sierra manteve as raízes de um carro 4x4 simples e eficiente e agregou tecnologias importantes de dinâmica e entretenimento.

É um ótimo produto que esbarra nas condições de mercado. Importado do Japão, sofre com oscilações econômicas e tem preço fora da realidade ainda mais por ser um modelo de nicho.
Na casa dos R$ 120 mil pedidas pela versão topo de linha 4Style, existem diversos modelos 4x4. Inclusive, da Suzuki, como é o caso do Vitara e do S-Cross. Na mesma faixa de preço, o Mitsubishi ASX AWD (R$ 124.990) e, se puder investir um pouco mais, o Jeep Renegade Longitude, tabelado em R$ 134.990, e que tem um eficiente motor turbodiesel.
E não dá para dizer que o Jimny Sierra é um carro confortável na cidade. Rodar com ele diariamente cansa. Ele pula com gosto. Como a posição de dirigir alta e carroceria curta, dá para dizer que dirigir o Suzuki é como guiar uma picape sem caçamba.

No entanto, é preciso ser justo com o Jimny e repetir que o modelo deve ser considerado como opção apenas para quem se aventura com frequência fora de estrada, e não como um SUV aventureiro. No seu nicho, é um carro exemplar.
Se tem tabela de preço alta, pelo menos oferece boas condições de pós-venda. A apólice mais vantajosa no Auto Compara é de R$ 1.898,07. Vale a ressalva de que nem todas as seguradoras aceitam o modelo.
Já no quesito revisão, há preço fixo até 10º serviço. Somando o valor de todos, temos um total de R$ 8.317, que não é alto, tendo em vista de que estamos falando de um carro feito para encarar os mais diversos terrenos e obstáculos.

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