Testamos o nível de picância dos hatches esportivos

Sandero R.S., Speed Up! ou Punto T-Jet, qual deles sacia o apetite de um entusiasta?


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Karina Simões
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Se pimenta nos olhos dos outros é refresco, no carro dos outros pode ser motivo de uma invejinha básica. Não adianta, quem gosta de carros - por mais que seja aquele cara que tira o carro da garagem para polir a carroceria no domingo de manhã e depois guarda -, valoriza a performance. Se você já estava achando o hatch que tem na garagem um tanto sem graça, o ano de 2015 chegou para aumentar o leque de opções de troca.

Dos esportivos que não são de fachada, a Fiat reinava com o Punto T-Jet, que já foi o turbo mais em conta do Brasil. Em julho deste ano a Volkswagen lançou o Up! TSI e a menor etiqueta migrou do italiano para o foguetinho alemão. Em setembro a Renault trouxe o Sandero R.S., primeiro modelo preparado pela divisão esportiva da marca produzido fora da França. Qual deles será o melhor negócio?

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Colocamos os três hot hatches na nossa garagem de uma vez só. Mas antes de começar a esmiuçá-los, fique sabendo que neste comparativo não vamos nos balizar por economia, espaço interno, tampouco nível de equipamentos. O termômetro aqui foi a diversão. Qual dos três carros empolga mais por um pacote financeiramente justo?

Ardidos

Dois motores sobrealimentados e um aspirado fizeram nossa alegria na semana. O Punto T-Jet é equipado com um bloco 1.4 turbo que entrega 152 cv a 5.500 rpm e 21,1 kgf.m entre 2.250 e 4.500 giros. Ele trabalha com o auxílio de uma turbina com 1,0 bar de pressão e intercooler. Acoplado ao conjunto motriz, um câmbio manual de cinco velocidades. O hatch pesa 2.263 kg. Segundo a Fiat, vai do 0 aos 100 km/h em 8,3 segundos e tem velocidade máxima de 203 km/h. A relação peso potência de 8,3 kg/cv do Punto fica entre a do Up! TSI (9,5 kg/cv) e a do Sandero R.S. (a menor, com 7,7 kg/cv).

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O Punto T-Jet foi concebido para ser hot, isso notamos antes mesmo de dar a partida, nos freios a disco com pinças vermelhas, nas rodas com desenhos que lembram bielas, entre outros chamarizes. Mas na prática, o italianinho é o que mais sofre com o “turbo lag” (aquele atraso da hora em que pisamos no acelerador até o funcionamento do turbo). Com o motor girando mais forte, ele arrepia, mas dos três avaliados, a saída do Punto é a menos empolgante. Na máxima, ele se equipara com o concorrente francês.

Já o subcompacto Up! TSI traz agora um turbocompressor em seu 1.0 tricilíndrico. Dentro do capô é tudo milimetricamente posicionado (tive que pegar um espelho e enfiar a mão lá no meio pra enxergar a pecinha mágica da sobrealimentação), parece de brinquedo. Isso até acelerarmos o pequeno, que despeja 16,8 kgf.m de torque já aos 1.500 rpm e, por isso, te faz rir ao volante antes que os rivais mesmo com a menor litragem de todos.

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O pequeno turbo do Up! trabalha com 0,9 bar de pressão e o motor teve diversos componentes revistos, como você pode ver aqui. Ele entrega 105 cv segundo a Volks, mas os dinamômetros Brasil afora tem apontado mais de 130 cv (!). A transmissão de 5 marchas, embora tenha as relações alongadas priorizando o consumo, é bem justinho e agrada. Junte a isso um peso que beira os 1.000 kg e pronto, você tem arrancadinhas ultra rápidas e divertidas. São 184 km/h de velocidade máxima e o 0 a 100 km/h é feito em 9,1 segundos, de acordo com o fabricante.

O Sandero R.S. é o único aspirado do trio. Ele é equipado com o bloco F4R, de 2.0 litros e 16V. Embora seja o mesmo motor do SUV Duster, seu comportamento é bem diferente graças a mudanças na eletrônica. São 150 cv de potência no etanol e 20,9 kgf.m de torque máximo aos 4 mil giros. O comportamento deste aspirado é digno de elogios, ele rende bem desde as baixas rotações. Coletor de admissão e dutos do escape foram reposicionados e redimensionados para auxiliar no desempenho.

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Já o câmbio de seis marchas frustra, mesmo com relações mais curtas – especialmente terceira e quarta marchas. Como outras transmissões da linha Renault a imprecisão é um ponto negativo do câmbio. É fácil confundir as marchas e colocar uma segunda em vez de quarta, por exemplo. Imaginem isso em alta velocidade? Pois é, ou você treina muito para se acostumar com o câmbio impreciso ou procura um especialista em câmbio, que pode te recomendar um radiador de óleo para a transmissão para minimizar o desconforto. Segundo a Renault, o Sandero R.S. vai do 0 aos 100 km em 8 segundos e a velocidade máxima é de 202 km/h.

Dinâmica

Dos três, o Sandero R.S. se mostra o mais preparado para o “pau” quanto ao comportamento dinâmico. A suspensão está com muito mais pressão, especialmente na traseira (92%) o que passa muita segurança para o motorista nas saídas de curva. Dá pra sentir a traseira bem rígida, pouquíssima rolagem e uma sensação de segurança bem maior de maneira geral.

Aqui, vale mencionar a posição de pilotagem, também ajustadinha. O volante 10 mm menor que o do Sandero convencional oferece boa pegada e o banco conta com apoios laterais que seguram bem o piloto. Os freios são a disco nas quatro rodas (ventilados na frente e sólidos atrás), o aerofólio está 50 mm maior e o carro está 2,6 cm mais próximo ao chão. Os pneus são Continental 205/45 calçados em rodas aro 17. Único opcional do carro, o conjunto de rodas e pneus é vendido pelo preço ultra atraente de R$ 1.000. Não vale a pena desconsiderá-los. De série, ele vem com rodas aro 16 e pneus de perfil maior.

O hot hatch da Renault conta com três modos de pilotagem, normal, Sport e Sport +. Para os entusiastas de plantão, elas fazem uma baita diferença, especialmente no último modo, onde os controles de tração e estabilidade são desligados.

O T-Jet não fica atrás, e também oferece três modos de pilotagem. No seletor no console (bem mais sofisticado que o do Sandero) pode-se optar entre os modos “Dinâmico”, “Normal” e “Autonomia”. O modo Dinâmico certamente é o que nos empolga, pois a resposta do acelerador fica mais sensível. Todavia, ele não desliga nenhuma “babá eletrônica”, já que o Punto não as possui.

Embora mais firmes que as suspensões do Punto convencional, o acerto do T-Jet agrada mas não supera o Sandero. Senti bem mais rolagem de carroceria no Punto T-Jet em entradas agressivas de curva do que a bordo do concorrente francês. Em contrapartida, no italiano fui mais feliz no dia a dia, pois seu acerto é, sem dúvida, mais confortável. Para um hot hatch de verdade, quem liga pra conforto?

Ele pára bem, com freios a disco nas quatro rodas são de maior dimensão que os do Sandero. Os pneus são Pirelli FourSeasons 205/50 calçados em beras rodas aro 17, onde as pinças flutuantes pintadas de vermelho arrematam a esportividade. A posição de pilotagem também agrada.

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Dos esportivos, o Up! é o que menos atende a proposta quanto ao acerto dinâmico. As suspensões firmes, assinatura dos carros da Volkswagen, seguram seu ímpeto nas arrancadas mas não são suficientes para dar sensação de segurança aos ocupantes em altas velocidades. Isso porque ele é altinho e os pneus 185/60 R 15 Hankook Optimo são bons para a cidade, mas estão longe de ser ótimos para performance. Os freios são a tambor na traseira e na dianteira contam com um discos ventilados. O Speed Up! não conta com modos de pilotagem, mas ele conta com um atributo que os outros não tem. Embora seja potente, seu motor é o mais econônico do Brasil – sem contar modelos hídridos. Para nosso comparativo, não estamos observando este quesito, mas é algo que você deve saber.

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Atmosfera

Já vimos que o DNA do Speed Up! não é esportividade e sim eficiência. Por isso, ele tem detalhes em azul, que remetem à economia de combustível. O teto é em preto brilhante e ele é bem bonito, mas empolga mais por dentro do que por fora. Se você gostou do motor, saiba também que é possível ter o 1.0 TSI no Up! a partir da versão Move, oferecida a R$ 43.090 (não é preciso pagar R$ 51.507 pelo Speed Up! com computador de bordo, navegação, bancos em couro e visual diferenciado, como o que testamos).

Por dentro, o Punto dá um banho em sofisticação nos concorrentes. Na versão completona testada pela Webmotors havia luzinhas indiretas no painel, revestimento texturizado na cor da carroceria, bancos com acabamento especial, pedaleiras em alumínio, entre outros itens. Por fora, a traseira se destaca com o escapamento duplo, lanternas em leds e para-choques mais encorpados. E mais, a pressão do turbo é mostrada em um painel digital no cluster.

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O Sandero não é o mais refinado em acabamento interno, as portas são forradas em plástico duro e ele não tem o requinte do T-Jet. Mesmo assim, temos certeza que estamos em um esportivo dentro dele. Os bancos poderiam ser ainda mais baixos, mas o piloto se encaixa bem. Há pedaleiras em alumínio, listrinhas vermelhas e a sigla Renault Sport por toda a parte. Por fora, ele também está bonitinho, com escape duplo, adesivos, para-choque mais bonito, luzes diurnas em LED e nenhum nome Sandero na carroceria, só no documento!

Cada cabeça uma sentença

Os três modelos oferecem possibilidades de preparação, alguns mais, outros menos. O Punto é o mais caro de todos e, como ele chegou em 2007 e recebeu foi reestilizado (de leve) em 2012, dá a impressão de se estar mais desatualizado que os demais. Por R$ 69.310, pode-se comprar um Punto T-Jet, mas a versão das fotos chega a R$ 82.815 (ui!).

O Speed Up! custa praticamente R$ 10 mil a menos que o Sandero R.S. e é realmente muito divertido, mas ele não nasceu para ser esportivo – na Europa, a Volks oferece este mesmo motor com mais potência. Ele tem potêncial, mas além de motor, exigiria mudanças na suspensão, além de novas rodas e pneus. Do jeito que está, dá pra você tirar uma onda com os amigos no final de semana e viver sua vida urbana numa boa, sem deixar as calças no posto de gasolina.

O Sandero R.S. passou por muitas mudanças na estrutura do carro para que ele aguantasse bem o tranco, ou seja, resistir a um dono que goste de pisar fundo. Ele não é dos mais confortáveis para a cidade, mas vem de série com computador de bordo, navegação e ar-condicionado, o que garante uma vida urbana gradável na medida do possível.

Cada um com seus atributos nos divertiu de alguma forma, mas nosso termômetro de risadas não mente. Desta vez, o Sandero R.S. levou a melhor.

Agradecimento: Shopping Frei Caneca

 

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