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Não seja óbvio com o Jeep Renegade

Aceleramos o Jeep Renegade Longitude 1.8 Flex automática com o olhar de quem ainda não tem, ou não quer ter, filhos

por Marcelo Monegato

Está no trabalho de um jornalista automotivo analisar cada modelo dentro de diversas perspectivas, não apenas da sua. Sair do senso comum. E em alguns casos chegar à conclusão que nem tudo é óbvio. Escrevo isso para cravar que o Jeep Renegade, por mais criticado que seja, é um utilitário esportivo compacto que ao contrário da maioria de seus concorrentes não tem o talento de atrair famílias com dois adultos, crianças, pré-adolescentes ou adolescentes, mas jovens solteiros, namorando e recém-casados que têm como plano curtir a vida por um tempo sem a companhia dos pimpolhos no banco traseiro.
Em outras palavras, o Jeep Renegade é um SUV que abre mão de entregar espaço de sobra para muitos para oferecer espaço adequado para poucos. E, sim, isso faz dele uma opção interessante. Pois se a ideia é transportar de segunda a segunda de três a quatro pessoas e todas suas tralhas, faz mais sentido colocar na garagem um Compass. Estou errado?
E cheguei a essa conclusão depois de passar mais de uma semana com a versão intermediária Longitude do Renegade, equipada com motor 1.8 Flex e transmissão automática de seis marchas, que parte de R$ 96.990 e que recentemente recebeu o primeiro facelift, ou atualização de meia vida no design, desde que no Brasil debutou, em 2015.

VÍDEO

PINGOS NOS ‘Is’

Apesar de ser realmente uma boa opção para o seu público, o Renegade não se isenta de críticas. Como produto ainda pode evoluir, especialmente em performance nas versões que utilizam o experiente, para não chamar de velho, motor E.torQ EVO 1.8 16V Flex de quatro cilindros e transmissão automática de seis marchas – como a Longitude avaliada. É uma dupla que deixa a desejar nas acelerações e retomadas em baixas rotações, e pega pesado no quesito consumo, entregando os péssimos números de 6,5 km/l na cidade e 7,6 km/l na estrada, quando abastecido com etanol. De acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do INMETRO, que mede o consumo e as emissões dos veículos, o Renegade recebeu nota ‘E’, quando comparado com seus concorrentes, e ‘C’ no geral. Nem mesmo o Start-Stop, item de série no Longitude, ajuda a melhorar estes índices que, convenhamos, não são nada bons.

E o que mais incomoda em rodar com essa dupla nada dinâmica, especialmente com este propulsor, que até tem números interessantes, como 139 cv de potência máxima a 5.750 rpm e 19,3 kgf.m de torque a medianos 3.750 giros, é saber que nos Estados Unidos, por exemplo, o Renegade é ofertado com motor 1.4 16V Multiair (turbo) de quatro cilindros que entrega praticamente a cavalaria do E.torQ Evo, com 140 cv, mas o torque é de 23,4 kgf.m e aparece a menos de 2.000 giros. Ou seja, um Renegade muito mais vivo e interessante para que gosta de dirigir.
Para não se decepcionar muito com o Renegade, é preciso aprender a dirigir em rotações mais elevadas para ter respostas mais intensa. Um dos segredos é, assim que entrar no carro e bater na chave para dar vida ao ‘possante’, é apertar a tecla ‘Sport’ – localizada no painel central, próxima aos comandos do ar-condicionado. Naturalmente, a eletrônica fará com que as trocas de marchas ocorram em rotações mais elevadas. A contrapartida, já que toda escolha é uma renúncia, é um consumo de combustível ainda mais elevado.

Em contrapartida, o acerto da suspensão é primoroso. Está na medida certa para entregar conforto na cidade, que é o habitat natural do Renegande com motor bicombustível – se quer vida offroad, não pense duas vezes em investir mais e levar uma das configurações com motor diesel. Com sistema independente nas quatro rodas, sendo McPherson na dianteira e Multilink na traseira, o Jeep absorve muito bem os ‘perigos’ das trilhas urbanas que o asfalto de péssima qualidade de 99,9% das cidades brasileiras proporciona. Ao mesmo tempo que é rígida para minimizar inclinações exageradas da carroceria em frenagens bruscas e curvas acentuadas com velocidade, digamos, acima da ideal.
Com freios a disco nas quatro rodas – ventilados na dianteira e sólidos na traseira –, sobre segurança nas frenagens. Em situações mais emergenciais, o SUV mostrou uma capacidade de ‘estancar’ com muito equilíbrio, sem mostrar sequer intenções de sair de frente ou de traseira. E é preciso levar em conta que estamos falando de alguém que pesa 1.480 kg. Lembrando que ABS (sistema que evita o travamento das rodas) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem) são de série e estão ali para dar aquela força no desespero...
E por falar em eletrônica, controles de tração e estabilidade são de série. O Renegade tem um comportamento equilibrado, fazendo com que estes recursos atuem muito esporadicamente e em momentos realmente extremos. No entanto, como itens de segurança que são, ajudam muito a ter uma condução muito menos perigosa em situações em que a aderência do piso não ajuda muito, como aquela garoa fina. Há também o auxiliar de partida em rampa.

VAMOS RECONHECER...

O Renegade é muito agradável por dentro. A começar pelo excelente acabamento. Os materiais utilizados são de qualidade e agradáveis ao toque – mesmo os plásticos duros –, e tudo está muito bem encaixado. Não existe folga entre as pelas ou falta de nivelamento entre elas, o que me leva a conclusão de que a montagem do Jeep em Goiana, Pernambuco, é boa e pode garantir um carro sem ‘peças batendo’ depois dos 40.000 km.
A posição também me agrada demais. É de um típico jipinho, ou seja, mais elevada. As regulagens do banco do motorista são manuais, assim como as da coluna de direção – tanto de altura quanto profundidade, duas regulagens que ajudam demais a (como eu gosto de dizer em meus textos e vídeos) ‘vestir’ o carro. E os bancos, revestidos em couro de série, também são muito confortáveis, com abas laterais e no assento na medida para abraçar mesmo os motoristas ligeiramente acima do peso.

O volante é multifuncional e tem excelente empunhadura. Com sistema elétrico progressivo, a direção é extremamente leve para manobras do dia a dia. Não é cansativo rodar por centenas de quilômetros de maneira ininterrupta com o Renegade, mesmo na cidade.
E algo que deixou o Renegade ainda mais interessante, especialmente nesta versão Longitude, é a nova central multimídia. Aliás, exatamente a mesma do Compass. Estou falando de uma tela de 8,4 polegadas, colorida, sensível ao toque e compatível com Android Auto e Apple CarPlay. É uma excelente central, aliás. Rápida e extremamente intuitiva. Além das informações de entretenimento, é possível mexer nas configurações do carro. Quando peguei o carro para teste, a luz diurna não estava funcionando. Entrei na configuração e a função estava desativada. Com um toque no celular, ative o recurso.

GRANDE, PEQUENO OU NA MEDIDA?

Como disse no começo do vídeo, o Renegade não é um carro para família com filhos, sejam eles crianças, pré-adolescentes ou adolescentes, mas sim para uma pessoa solteira que gosta de pegar estrada aos finais de semana ou casal de namorados que quer ainda, por um bom tempo, curtir a vida a dois. Por isso, o Jeep não deve ser comparado com Honda HR-V, Hyundai Creta ou mesmo Nissan Kicks no quesito espaço interno, pois esses asiáticos estão sim de olho no papai, na mamãe, na gurizada e em todas as suas tralhas de segunda a segunda.
O Renegade tem 4,23 metros de comprimento, sendo 2,57 metros de distância entre os eixos. Internamente, para pessoas com estatura mediana – estou falando de 1,75 metro de altura –, quatro pessoas sem problemas. No entanto, uma turminha mais alta, com mais de 1,80 metro, já começa a ficar apertado. Ponto positivo para a entrada USB presente no duto central, disponível para o pessoal que viaja atrás, e negativo para a falta de saída de ar.

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No entanto, o que pega mesmo, é a capacidade do porta-malas de apenas 320 litros – um pouco mais que alguns hatches médios. Pensando para um casal apenas, é espaço suficiente. Se precisar de mais espaço, minha sugestão e colocar aquele bagageiro de teto. É uma saída...
Um dos pontos positivos do bagageiro são alguns recursos interessantes, como uma rede para prender objetos menores e frágeis que não podem ficar ‘sambando’ de um lado para o outro por conta do risco de quebrar. Os nichos laterais também conseguem abrigar algumas sacolas de supermercado. O espete, lembrando, passou a ser de uso temporário para que o espaço fosse ligeiramente ampliado.

CUSTO-BENEFÍCIO

Em termos de equipamentos de série, o Longitude é completinho. O ar-condicionado, por exemplo, é de duas zonas e pode ser controlado pela central. As rodas de 18 polegadas são de liga leve e utilizam pneus 225/55. A câmera de ré está presente, assim como sensor de estacionamento traseiro. Há também limitador e controlador de velocidade, também conhecido como piloto automático.
Com relação a segurança, o Renegade vem com cinto de segurança de três pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes, dois pontos de ancoragem para cadeirinha infantil (Isofix) e airbag duplo frontal. Há como opcional o Pack Safety, que agrega as bolsas infláveis laterais, de cortina e para os joelhos do motorista. Como opcional também existe a possibilidade de todas as luzes dianteiras – faróis, iluminação diurna e faróis de neblina – serem em LED.

MUDOU O DESIGN? SIM, MAS NEM TANTO...

O Renegade 2019 ganhou o primeiro facelift, ou atualização de meia vida desde que chegou ao Brasil, em 2015. A dianteira manteve as sete barras verticais características, mas agora não estão chapadas, mas com uma leve angulação. O para-choque foi redesenhado, mas com uma função offroad de ampliar o ângulo de ataque (entrada) para 28°. Na traseira, a novidade fica apenas para o novo posicionamento da abertura do porta-malas.
Por isso, não se sinta triste por não ter achado que aquele Renegade 2019 era, na verdade, um 2017...

VALE A COMPRA?

Depende totalmente das suas necessidades. Tem família e está em dúvida entre Renegade e HR-V, por exemplo? Sugiro que ataque de Honda ou, de repente, suba o sarrafo financeiro da compra, aperte o cinto e saia da concessionária Jeep de Compass Sport. Agora, é solteiro ou namora e gosta de pegar uma estradinha aos finais de semana, portanto espaço não é uma das exigências, o Renegade passa a ser uma opção interessante e, convenhamos, com muita personalidade. Afinal, o Renegade consegue muito bem traduzir em termos visuais o que é um Jeep.
visuais o que é um Jeep.


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