Mas agora o Cerato cresceu. Já em sua terceira geração chega mais amadurecido e parece mais pronto para entrar em um ringue bastante concorrido no mercado nacional. Cresceu em tamanho e no preço, diga-se. São duas versões oferecidas para o All New Cerato – onde vai parar essa moda de batizar os carros dessa forma? – Com câmbio manual de seis velocidades, a variante de entrada sai por R$ 67,4 mil. Quando equipado com caixa de transmissão automática sequencial, também de seis marchas e com paddle shift, o três volumes custa R$ 71,9 mil.
Mudou
O visual do Cerato mudou e não foi pouco. Ele agora conta com nova estrutura de carroceria e ganhou novo design. Entre as mudanças, destaque para a grade dianteira, com desenho que adequa o modelo à nova filosofia estética da marca coreana e para os faróis dianteiros – com desenho que invade a lateral e traz iluminação diurna feita por LEDs. Já na traseira, o porta-malas ficou mais curto e elevado, deixando o sedã com um aspecto de cupê. As lanternas, também redesenhadas, agora avançam na tampa do bagageiro e do para-lamas.
O interior não tem aquela cara de “espaçonave” como vemos no Civic, mas foge um pouco do tradicional e fica mais moderno na comparação com o Toyota Corolla. O console central apresenta novo desenho, com contornos em material que lembra a fibra de carbono para as saídas de ar e o painel de instrumentos traz novo grafismo, de fácil leitura. Além disso, o computador de bordo passa a ser controlado por botões no volante multifuncional.
Quase “completão”
Sobre a lista de equipamentos, vale dizer que desde a geração anterior ela agradava. Estão nela, ar-condicionado digital, computador de bordo, volante multifuncional, rádio CD/MP3 com conexões USB e iPod, vidros elétricos nas quatro portas, controle eletrônico de velocidade, retrovisores com regulagem elétrica e rebatimento, airbags frontais duplos, direção elétrica com três modos de condução, freios a disco nas quatro rodas com ABS (antitravamento), sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, entre outros itens.
Com a chegada de um novo modelo, tão renovado, era esperado que alguns itens ausentes se fizessem presentes. O Cerato fica devendo alguns componentes importantes quando se fala em um veículo em sua faixa de preço. Para citar alguns: sistema de som Bluetooth, navegador GPS, e controle de estabilidade e tração. E por que não airbags adicionais?
Como anda
O WebMotors andou por cerca de 30 quilômetros, em percurso predominantemente rodoviário, com a versão automática do Cerato. Esta é a variante na qual a Kia deposita a maior parte de suas fichas. A marca espera que, dos 10 mil carros que pretende emplacar até o fim do ano, 85% sejam equipadas com câmbio automático.
O novo Cerato agora tem 4,56 m de comprimento, 1,78 m de largura e 1,46 m de altura. Mas o que faz diferença é a maior distância entre-eixos, agora com 2,70 m. Tal medida é suficiente para acomodar confortavelmente até cinco ocupantes.
Ambas versões, no entanto, trazem motor de 1,6L flex, capaz de entregar 122 cv de potência máxima a 6.000 rpm, com torque de 16 kgfm a 4.500 rpm (quando abastecido com gasolina). Já com etanol, a potência sobe para 128 cv a 6.000 rpm e torque de 16,5 kgfm a 5.000 giros. Trata-se do mesmo bloco da geração anterior e do Hyundai HB20.
Rodando com o carro, o fôlego que parece faltar ao motor em alguns momentos é compensado pela agilidade do câmbio de seis marchas. Em retomadas, o câmbio trabalha bem, mas a caixa parece sempre brigar sozinha para encontrar a rotação mais correta no motor incansável.
Embora entregue potência próxima ao bloco 2,0L do VW Jetta, o Cerato ficaria “redondinho” com um motor 2,0 litros. Mas, oficialmente, a Kia afirma que o motor GDI ainda não poderia ser usado com etanol. E isso parece não ser um assunto que tira o sono dos executivos da marca por aqui, já que a versão hatch do Cerato contará com um outro bloco 2,0L que não o GDI. Nem o 1,6L turbo parece que dará o ar da graça em território nacional tão cedo.
Tanto trabalho do conjunto poderia resultar em um consumo exagerado, mesmo com um bloco pequeno. Mas o Cerato recebeu nota B do Inmetro para a versão automática e nota A para a variante mecânica. De acordo com a medição, rodando com etanol, o carro faz 6,6 km/l na cidade e 9,1 na estrada. Já com gasolina, faz 9,5 na cidade e 12,4 na estrada. Durante o teste, na rodovia, o computador de bordo apontava um consumo médio de 7,9 km/l.
A Kia até fez um bom trabalho quando o assunto é isolamento acústico, mas com o torque chegando a rotações mais altas, o motor precisa “gritar” mais alto para entregar sua potência e acaba invadindo a cabine.
Ponto positivo vai para o recurso de assistência variável da direção. Com um toque no botão presente no volante, o motorista pode alternar entre os modos conforto, normal ou esportivo. Isso faz com que o volante fique mais duro ou mais macio, facilitando as manobras dentro da cidade, por exemplo. A suspensão, por sua vez, foi bem acertada e faz com que o carro incline pouco nas curvas.
Mercado
O Kia Cerato, como já dito, terá pela frente consagrados modelos no Brasil. Em 2012, o segmento de sedãs médios respondeu por 6,8% do total do mercado. A lista de concorrentes inclui Honda Civic, Toyota Corolla, Chevrolet Cruze, Hyundai Elantra e Volkswagen Jetta.
O sedã tem papel importante nos planos da marca para 2013. Depois do tombo sofrido em 2012, quando emplacou 41.160 veículos (queda de 46% em relação a 2011), a Kia pretende crescer cerca de 10% e comercializar neste ano 45 mil unidades. O Cerato responderá por 10 mil unidades nesse total.
Para recuperar o terreno perdido por aqui e conseguir entrar no Inovar Auto, a Kia corre atrás de sua fábrica . Mesmo sem uma planta a marca prepara mais sete lançamentos até o fim de 2013.