Teste: Novo Focus 2.0 Flex é a cartada final da Ford

Ford adota motor 2.0 flex como trunfo final para aquecer as vendas do Focus, principamente do sedã


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- A Ford resolveu seguir etapas muito bem definidas e pontuais com o novo Focus. Primeiro, lançou a segunda geração do modelo, em setembro de 2008, apenas com versões com motor 2.0 16V a gasolina. A linha 1.6 só veio no apagar das luzes de 2009, com tecnologia flex e uma nova linha de motores, mas apenas na derivação hatch para as versões de entrada da gama. Agora, é a vez de a marca norte-americana se voltar novamente para o topo do segmento. O propulsor 2.0 16V Duratec finalmente recebe tecnologia flex. Para compensar o atraso, o modelo ganha nova caixa manual e redução de preços.

A flexibilidade no motor é bem-vinda, mesmo que tardia. Na verdade, surge mais de um ano após o EcoSport com o mesmo 2.0 16V passar a rodar com gasolina e etanol. A Ford argumenta que são regulagens e tratamentos diferentes para cada tipo de veículo. O Focus, por exemplo, ganhou comando variável de válvulas na admissão, uma forma de otimizar o torque. De acordo com a montadora, o modelo ganhou 10% a mais de força entre 1 mil e 2.500 rpm. Além disso, consegue uma faixa quase plana de torque entre 3.750 e 5.500 giros.

O torque máximo chega a 19,5 kgm nas 5.250 rotações com etanol. Com gasolina, foi mantido em 18,8 kgm aos 4.250 giros. A potência com etanol chega 148 cv e se mantém em 143 cv a 6.250 rpm, enquanto a taxa de compressão foi elevada para 10,8:1. Ao mesmo tempo, o Focus ganha um novo câmbio manual de cinco marchas, fabricado em Taubaté, 7 kg mais leve que o anterior e com promessa de engates mais macios e precisos e diminuição no esforço do pedal de embreagem. Já a transmissão automática de quatro velocidades também recebeu nova calibragem.

Com esse conjunto, a Ford espera entusiasmar as vendas, principalmente da versão sedã do Focus. Enquanto a configuração hatch mantém respeitáveis médias de 2 mil unidades mensais e é o segundo do segmento, o três volumes patina nas mil unidades. Bem aquém dos objetivos da Ford na época do lançamento da nova geração. A marca não fala em números, mas nos bastidores esperava que o sedã fosse brigar com os líderes Toyota Corolla e Honda Civic. A própria marca admite que a falta de uma versão flex foi um ponto negativo para o modelo. E projeta que a derivação sedã vai responder por algo em torno de 65% das vendas do novo motor 2.0 flex.

Mas, como no mercado brasileiro o bolso é o que ainda conta mais, mesmo no segmento dos médios, a Ford também tratou de reduzir os preços do Focus 2.0 16V em 3%, em média. Com isso, o Focus hatch parte dos R$ 56.570 na versão GLX manual e chega a R$ 69.900 na Ghia automática. O sedã, por sua vez, começa em R$ 58.570 na GLX mecânica e alcança R$ 71.900 na Ghia automática. Uma forma de encarar tanto os rivais mais baratos quanto os mais caros que o Focus sedã enfrenta: Corolla, Civic, Citroën C4 Pallas e Chevrolet Vectra, que vão dos R$ 60 mil aos R$ 86.260.

O custo/benefício também entrou na conta. Todas as versões do Focus agora passam a contar de série com faróis de neblina, volante revestido em couro com detalhes cromados e terceiro encosto de cabeça no banco traseiro, além do novo sistema de som com rádio/CD/MP3 com entrada auxiliar. Eles se juntam à boa lista de equipamentos do médio, que conta com airbag duplo, freios com ABS, EBD e controle de frenagem em curvas, direção eletro-hidráulica com três modos de condução, trio, ajustes de altura do banco do motorista e dos faróis, alarme, computador de bordo e controle de cruzeiro, entre outros.

A versão Ghia recebe a mais o sistema MyConnection, que reúne o som, entradas para USB e iPod, Bluetooth agora com comando de voz em português “brasileiro”. Além disso, o topo de linha conta com ar automático dual zone, volante multifuncional, teto-solar elétrico, revestimento interno em couro, sensor de obstáculos traseiros, regulagem elétrica do banco do motorista e partida do motor sem chave. Argumentos que podem mudar os rumos do Focus sedã. Mesmo que tardiamente.

Instantâneas

# O Focus é fabricado na planta da Ford em Pacheco, na Argentina.
# A primeira geração do Focus foi lançada no Mercosul em 2001. A segunda geração surgiu em setembro de 2008, quase quatro anos após ser lançada na Europa.
# No Salão de Detroit, a Ford mostrou a terceira geração do Focus, que será lançada nos mercados europeu e norte-americano no ano que vem. Para o Mercosul, a expectativa é que o novo carros surja apenas em 2014.
# A direção eletro-hidráulica do médio pode ser ajustada em três níveis: normal, conforto – que suaviza a direção – e esporte, que enrijece a direção.
# Em dezembro, a Ford estreou na segunda geração do Focus o novo motor Sigma 1.6 16V.

Ponto a ponto

Desempenho - A nova transmissão manual, bem escalonada, casa bem com o motor flex de 147 cv e deixou o Focus levemente mais esperto nas arrancadas. As respostas ao pedal do acelerador são ágeis e o propulsor entrega bastante força nas primeiras pisadas. Segundo a Ford, o modelo sai da inércia e alcança os 100 km/h em 10,4 segundos com 100% de etanol no tanque. Nas retomadas, o 2.0 16V trabalha bem na faixa entre 3 mil e 3.500 giros, com o motor enchendo bem e otimizando as ultrapassagens. A máxima, de acordo com a montadora, é de 205 km/h.
Nota 8

Estabilidade - O Focus sempre foi muito bem equilibrado, tanto em retas como em curvas. A suspensão por braços múltiplos atrás garante freadas bruscas sem levantar demais a traseira ou fazer o carro mergulhar em demasia. Nas retas, uma pequena sensação de flutuação surge aos 160 km/h. Nas curvas, o sedã torce pouco e não faz qualquer menção de jogar a traseira.
Nota 8.

Interatividade - O sistema My Connection da versão top Ghia facilita bem a vida do motorista, que pode regular itens como som e ar ao comando da voz. A ergonomia ainda é beneficiada com o volante multifuncional e a maioria dos comandos ao alcance do condutor. A exceção é o botão dos faróis, à esquerda do quadro de instrumentos, que poderia ser melhor posicionado. O banco do motorista tem ajuste elétrico na versão, o que otimiza a melhor posição para dirigir, em conjunto com volante, ajustável em altura e profundidade. A visibilidade é satisfatória. Já as mudanças na transmissão não surtiram o efeito completo prometido pela Ford. Apesar de o pedal de embreagem estar mais macio, os engates do câmbio são pouco precisos e macios.
Nota 7

Consumo - A Ford fala em um consumo médio com etanol de 8,2 km/l. O computador de bordo do sedã testado acusou 7,0 km/l em trajeto quase totalmente rodoviário.
Nota 6

Tecnologia - A plataforma do Focus é de 2004, recente para os padrões brasileiros. Conta com um motor eficiente 2.0 16V, com blocos e cabeçotes em alumínio e comando variável de válvulas. A direção eletro-hidráulica oferece três opções de modo de condução. O médio também ganhou uma nova caixa mecânica e é equipado com a eficiente e moderna suspensão traseira multilink. Na segurança, a linha recebe airbag duplo e freios com ABS, EBD e controle de frenagem em curvas. Sensor de obstáculo só na top Ghia, assim como o sistema de conectividade por comando de voz.
Nota 8

Conforto - A suspensão traseira filtra bem as irregularidades do asfalto. O modelo oferece bom espaço para pernas de todos os ocupantes, mas atrás os passageiros com mais de 1,75 m de altura tendem a raspar a cabeça no forro do teto. De qualquer forma, dois adultos e uma criança viajam sem grandes apertos no banco traseiro. O isolamento acústico só perde a eficiência após os 120 km/h.
Nota 8

Habitabilidade - Há dois porta-copos no console central e um porta-objetos que serve de descansa-braço. Os porta-trecos das portas, contudo, são pouco espaçosos e práticos. O porta-malas recebe bons 536 litros. Os acessos aos bancos dianteiros são facilitados pelo bom vão das portas, mas atrás os ocupantes precisam fazer certo contorcionismo devido ao caimento da terceira coluna.
Nota 7

Acabamento - O interior do Focus Ghia tenta mesclar tons claros e escuros em uma combinação controversa. De qualquer forma, os encaixes e fechamentos são precisos e os materiais, de forma geral, agradam aos olhos e ao toque. Há alguns sinais de rebarbas, porém, na forração do teto. Um pecado para um carro de tal segmento.
Nota 7

Design - A segunda geração do Focus adota o estilo kinetic, que mescla linhas angulosas e musculosas. A frente é bem harmoniosa e arrojada. No sedã, a traseira é mais clássica, remete ao médio-grande Mondeo, e perde em agressividade se comparado ao hatch. De qualquer forma, a terceira geração do modelo já deu as caras lá fora e deve
deixar o Focus atual defasado a partir do ano que vem.
Nota 7

Custo/benefício - A configuração três volumes do modelo parte dos R$ 58.570 na GLX mecânica e chega aos R$ 71.900 na versão Ghia automática. A Ghia manual testada custa R$ 67.450. O modelo sofreu redução leve de preço, ganhou alguns itens para ficar posicionado em uma faixa ampla de preços do segmento de sedãs médios onde e Ford
acredita destinar 60% do mix da nova linha 2.0 16V Flex.
Nota 7

Total - O Ford Focus 2.0 16V flex somou 73 pontos em 100 possíveis

Primeiras impressões - Esperto, pero no mucho

Campinas/SP - A Ford justifica a demora para dotar o novo Focus com motor 2.0 16V flex pelo tempo necessário para a engenharia adequar o propulsor Duratec flex no sedã médio. Para tal, ao contrário do EcoSport, que recebeu o flex em sua linha 2.0 no fim de 2008, o Focus ganhou comando variável de válvulas e acelerador eletrônico. Isso sem falar no novo câmbio manual. Mudanças que deixaram o Focus sedã sutilmente mais ágil. Mas nada que corresponda a um desempenho mais arrojado.Realmente, a caixa bem escalonada entregou certa força ao modelo nas arrancadas. As respostas ao pedal do acelerador ficaram levemente mais espertas. O benefício maior, porém, se dá na hora das retomadas. Nos poucos trechos de subida do test drive na região
de Campinas, interior de São Paulo, o Focus se portou bem. Não esmoreceu nem pediu reduzidas de marcha, principalmente entre 3 mil e 4 mil giros.

Esta faixa também garantiu boas retomadas em pista plana. E não é difícil chegar aos 160 km/h com o modelo, que mostra apetite para ir além - segundo a Ford, a máxima com etanol é de 205 km/h.

É em alta velocidade que o Focus demonstra seu exemplar comportamento dinâmico. O modelo parece estar a todo momento “na mão” do motorista. Só mesmo quando se atinge os 160 km/h a comunicação entre rodas e volante começa a exigir pequenas correções. Mas nada que desabone o equilibrado sedã argentino. Nas curvas acentuadas, o modelo não desgarra, mesmo em velocidades pouco civilizadas. Nas arrancadas, a suspensão mantém o modelo comportado sem levantar a dianteira. Na hora de parar bruscamente, é a vez da suspensão por braços múltiplos fazer o serviço e impedir que a traseira levante em demasia. Além disso, com o jogo de freios com ABS e EBD, o carro preserva a trajetória.

A suspensão bem acertada também é aliada do conforto. Ela filtra os buracos e desníveis da pista sem refletir em sacolejos no habitáculo. A bordo do Focus sedã, aliás, a vida não é das mais difíceis. Os bancos acomodam bem todos os ocupantes e o motorista ainda conta com ergonomia eficiente e boa posição para dirigir.

Os engates do câmbio manual, porém, continuam um tanto ásperos e pouco precisos, mas o pedal da embreagem foi aliviado e requer menos esforços. A versão testada Ghia ainda traz o My Connection, sistema de conectividade onde é possível regular a intensidade do ar ou a frequência do som pelo comando de voz. Maravilhas modernas que facilitam a vida do condutor. E um detalhe que pode encantar potenciais clientes.

FICHA TÉCNICA – Ford Focus sedã Ghia 2.0 16V

MOTORGasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.999 cm³, quatro cilindros em linha, duplo comando no cabeçote, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
POTÊNCIA 143 cv com gasolina e 148 cv com etanol a 6.250 rpm
TORQUE 18 kgm com gasolina a 4.250 rpm e 19 kgm com etanol a 5.250 rpm
CÂMBIO Manual com cinco marchas à frente e uma a ré
TRAÇÃODianteira. Não oferece controle de tração
DIREÇÃO Por pinhão e cremalheira; eletroidráulica
RODAS Dianteiras e traseiras em aro 16” de liga-leve
PNEUS 205/55 R16
COMPRIMENTO 4,48 m
ALTURA 1,50 m
LARGURA 1,84 m
ENTREEIXOS 2,64 m
PORTA-MALAS 526 l
PESO em ordem de marcha 1.347 kg
TANQUE55 l
SUSPENSÃO Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos e barra estabilizadora. Traseira independente em braços múltiplos, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos e barra estabilizadora. Não oferece controle eletrônico de estabilidade
FREIOS Discos ventilados na frente e discos sólidos atrás. ABS, EBD e controle de frenagem em curvas
PREÇO R$ 58,57 mil na GLX mecânica e alcança R$ 71,90 mil na Ghia automática


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