Teste: Peugeot 5008 é mais que um sete lugares

Você quer um carro de sete lugares. Ok, existem muitas opções. Pensou no novo Tiguan Allspace? Sim, VW é legal, o preço está competitivo na versão intermediária, mas falta recheio. Chevrolet Spin? Hum, a GM melhorou o visual, mas o Equinox é mais estiloso e tem bom custo benefício. Toyota Hilux SW4? É um 4x4, porém muito caro... Mitsubishi Outlander? Citroën Grand C4 Picasso? Já pensou no Peugeot 5008? Não sei se ele está na sua lista de opções quando considera a compra de um sete lugares, mas deveria.

Testamos a versão Griffe, vendida a R$ 175.990 - a outra opção é a Griffe Pack, que custa R$ 181.990. De cara você pode achar que é o 3008, seu irmão menor e mais conhecido que já testamos aqui na Webmotors. A dianteira é igualzinha, as diferenças estão da coluna B para trás. A plataforma alongada acomoda a terceira fileira de bancos, dois assentos individuais e manualmente escamoteáveis que ficam escondidos sob o assoalho do porta-malas. Ou seja, nada dos bancos atrapalhando o espaço do porta-malas como no Spin ou SW4, por exemplo.

Para começar, vale ressaltar a facilidade de montagem dos bancos da terceira fileira e, se preferir, eles podem ser removidos. Já os bancos da segunda fileira correm em trilhos individuais e podem ser reclinados em cinco níveis aumentando o conforto dos passageiros.

Precisa de espaço? Com os bancos da terceira fileira rebatidos a capacidade do porta-malas é de 780 litros e pode aumentar para 1.940 litros. Com todos eles montados ainda sobra um espacinho de 237 litros. É pouco, mas se considerarmos que o Renegade tinha 260 litros de capacidade, até que é razoável - para a linha 2018, o SUV compacto da Jeep aumentou o espaço do bagageiro para 320 litros. Na hora de fechar o porta-malas nem adianta procurar um botão, ele não tem acionamento elétrico. É manual e a porta não é das mais leves.

Para testar a versatilidade dos assentos, convidamos alguns funcionários da Webmotors para um almoço... no carro! Assista:

SALA DE ESTAR

O visual é moderno, mas é na sofisticação do acabamento da cabine que ele pode te ganhar. O painel tem revestimento em borracha macia, tecido e botões em aço escovado. A iluminação interna é um show a parte, até em volta do teto panorâmico há um filete azul de iluminação. O teto, inclusive, dá uma sensação de amplitude à cabine e tira um pouco a sensação claustrofóbica de quem vai lá no “fundão”. Ele ainda pode ser aberto na parte frontal.

Os bancos são revestidos em couro e os dianteiros contam com ajustes de memória e regulagens elétricas para o motorista, além de aquecimento e função massagem para os dois ocupantes que vão na frente. Não é qualquer massagem, é possível escolher entre cinco estilos, de uma que imita patinhas de gato à massagem na lombar. Parece bobagem, mas ajuda a manter a calma quando o trânsito não está amigável. Os mimos para quem vai na segunda fileira são as mesinhas e cortinas, mas o espaço para as pernas é o que mais agrada os ocupantes, já que o assoalho é plano.

A central multimídia tem tela de 8 polegadas sensível ao toque com diversas funções. GPS não tem, mas você pode emparelhar seu celular – há conectividade com Apple Car Play e Android Auto – e usar o Google Maps na tela da central para os modelos Android. Quem tem iOS não consegue utilizar a função, é necessário usar o Waze no próprio smartphone ou comprar o opcional que a Peugeot oferece por salgados US$ 300. Não vale a pena.

Há uma única entrada USB, mas em contrapartida o carro oferece carregamento por indução para os smartphones que possuem esta funcionalidade. Tomadas 12V na dianteira e nas três fileiras podem resolver o problema de bateria dos ocupantes. Não esqueça de levar seu adaptador.

O apoio de braços do motorista e passageiro da frente é um generoso compartimento refrigerado que mantém sua bebida fresquinha. Cabe tranquilamente uma garrafa de 1,5 litro. Quer esconder objetos? Além dos compartimentos nas portas e do convencional porta-luvas, existem dois espaços escondidos no assoalho atrás dos bancos dianteiros que servirão bem para isso.

Na cabine, o painel de instrumentos i-Cockpit totalmente digital de 12,3 polegadas, - que apareceu primeiro no 208, lembra? -  causa boa impressão. O volante ovalado e pequeno permite que olhemos as informações do cluster por cima dele e não através, como na maioria dos outros veículos. O volante pequeno é questão de gosto e costume. Eu, particularmente, gosto. Ainda é possível escolher três estilos de mostradores, o mais completo, o pessoal – onde você escolhe as informações que quer que sejam exibidas - e o minimalista onde o único dado visível é o velocímetro digital.

DESEMPENHO 

A direção elétrica, bem levinha, auxilia o motorista nas manobras assim como os sensores dianteiros, traseiros e a câmera 180°. Os 1.632 kg de peso do SUV – sim, o que um dia foi minivan virou SUV para cair no segmento mais desejado do planeta - são empurrados pelo propulsor 1.6 THP da PSA. Este motor é da linha Prince, desenvolvido em parceria com a BMW, e equipa também o 3008. São 165 cv a 6.000 rpm e 24,5 kgf.m de torque a precoces 1.400 giros, o que explica suas boas retomadas.

O rendimento agrada, mas com o carro cheio ele perde para alguns concorrentes mais potentes, por exemplo, o Equinox equipado com motor 2.0 turbo de 262 cv vendido a R$ 155.990 ou o Tiguan Allspace 350 TSI R-Line com motor 2.0 turbo de 220 cv vendido a R$ 179.990.

O câmbio automático de seis velocidades tem trocas suaves e precisas e, quando no modo manual, as mudanças podem ser realizadas pelas aletas atrás do volante. Há ainda um botão Sport no console central, que apenas eleva um pouco a rotação do motor.

A suspensão é independente na dianteira e semi-independente na traseira com eixo de torção. O acerto firme minimiza o rolamento de carroceria e não compromete o conforto. De série ele conta com controle de estabilidade, mas não há tração nas quatro rodas. Os freios são ABS com distribuição eletrônica de frenagem, a disco nas quatro rodas (ventilados na dianteira e sólidos na traseira). Já as rodas são de liga leve aro 19 calçadas com pneus 235/50.

Segundo a montadora, o 0 a 100 km/h é realizado em 10,5 segundos enquanto a velocidade máxima fica em 206 km/h. Como a proposta é familiar, acho que os dados de consumo são mais relevantes do que a performance. De acordo com o Inmetro, o ele faz 9,5 km/l na cidade e na estrada 12,1 km/l.

Itens que vêm de série na versão são sistema de auxílio em subidas, piloto automático, limitador de velocidade, acendimento automático dos faróis, freio de estacionamento traseiro, limpador do vidro traseiro indexado à marcha ré, entre outros equipamentos. A versão top de linha adiciona sistema de ponto cego ativo, leitor de placa, piloto automático inteligente (também conhecido como ACC) e correção de permanência em faixa.

O 5008 é oferecido nas cores Cinza, Preto, Branco e na Emeral Crystal, que é  o modelo que testamos.

VALE A PENA COMPRAR UM PEUGEOT?

Manutenção cara, falta de peças e desvalorização colocaram a Peugeot em maus lençóis no passado. O preconceito com a montadora é forte aqui no Brasil. A imagem negativa é difícil, mas não impossível de se apagar. Para ganhar a confiança dos clientes, além da garantia de três anos a marca oferece o pacote Total Care, que garante, entre outros serviços, transparência nos preços das revisões a preço fixo e serviço de assistência 24 horas por 8 anos. A desvalorização, hoje, trata-se de um mito que assombra a montadora. A Tabela Webmotors pode tirar suas dúvidas.

CONCLUSÃO

Sofisticado, bonito, bem acabado, bem equipado, espaçoso e com o motor 1.6 THP que atende a proposta de carro familiar, o 5008 garantiu um lugar na minha lista de opções de sete lugares. Antes de disseminar ódio nos comentários, caro leitor, aviso que isto não é um 'publi' até porque não fazemos avaliações pagas. O 5008 se mostrou mais que um simples modelo de sete lugares e pelo preço vem bem recheado se compararmos com os rivais. Para quem tem família grande e gosta de conforto e tecnologia, é uma ótima pedida.