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Teste: Pulse Abarth mostra que é um hot... SUV?

Muito mais esportivo que utilitário, será que o modelo da Fiat é uma boa opção para os órfãos dos hot hatches?

por Evandro Enoshita

O Fiat Pulse Abarth é um bicho exótico. No papel, é um SUV. Mas é possível mesmo tratar como utilitário esportivo um carro com porte de hatch compacto, pacote aerodinâmico esportivo, motor turbo com 185 cv de potência e rodas grandes calçadas com pneus de perfil baixo?
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Será que essas características fazem do SUV compacto da marca italiana um candidato a tomar o lugar dos finados hot hatches? Eu rodei mais de mil quilômetros com o Pulse Abarth e conto para vocês como foi essa experiência.

Teste: Fiat Pulse Abarth

O último de sua espécie ou o primeiro de uma nova?

Primeiro, foi o Renault Sandero R.S. que deu adeus. Depois, foi a vez do Volkswagen Polo GTS sair de cena. Olhei para o lado e o segmento de hot hatches tinha sido praticamente extinto.
É obvio que opções mais caras de hatches esportivos - o Mercedes-AMG A 45, o Honda Civic Type R e o Toyota GR Corolla - ainda estão por aí. Mas não são carros exatamente baratos ou usáveis no dia a dia.
Acho que por isso mesmo eu olho com tanta simpatia para o Pulse Abarth. Medindo 4,13 metros de comprimento, 1,78 metro de largura, 1,55 metro de altura e com um entre-eixos de 2,53 metros, é pequeno e me lembra de tempos mais simples, em que os utilitários esportivos não tinham engolido quase todo o mercado automotivo.
E verdade seja dita: eu não consigo tratar o Pulse Abarth como um SUV. O essencial da formula visual de um hot hatch está lá: pacote aerodinâmico esportivo, rodas de 18 polegadas, além do logotipo da Abarth, que é uma chancela da Stellantis para os seus carros de temperamento nervoso. Mas com um vão livre de 19 cm para o solo.
É como se um piloto de corridas - de macacão, capacete e sapatilhas - tivesse subido em pernas de pau para virar um artista circense.

Para os solteiros

Apesar de ser um SUV, um ponto positivo do Pulse Abarth é que o motorista não fica limitado apenas ao ajuste do assento na posição "muito alto".
Até é possível jogar o banco lá em cima. Mas eu consegui me acertar tranquilamente em uma combinação de assento, volante e cinto de segurança um pouco mais baixa e próxima dos - olha só eles mais uma vez - hatches compactos.
Não que seja difícil achar uma posição ideal de guiar, já que os botões do painel ficam todos ao alcance das mãos e o volante multifuncional - que é compartilhado com outros modelos da Stellantis - seja um dos melhores do mercado brasileiro na facilidade para acessar os comandos.
Mas olhei para o banco de trás e a cadeirinha do João, o meu filho de três anos e meio de idade, ficou meio apertada. Tive que jogar o banco dianteiro do carona para frente. E aí, a Juliana, minha esposa, teve que se espremer para caber no espaço restante. Não costumo ter esse tipo de contratempo nos SUV. Já nos hatches compactos...
E o bagageiro tem teóricos 370 litros de capacidade na medida feita com água. Na real, deve ser algo em torno de 300 litros. Nem preciso falar qual tipo de carro tem um porta-malas com esse tamanho, né?
Me lembrei quando não tinha filhos e o banco traseiro não levava cadeirinha alguma.

Roncando alto

E por falar no João, o garoto já está dando os primeiros passos no mundo dos testes de carro. E um dos pontos que ele criticou no Pulse Abarth foi o ronco grave e alto do motor. Ele prefere os elétricos, que fazem quase nada de barulho.
Claramente ele ainda tem muito a aprender. Pois é justamente o ronco do motor 1.3 turbo de 185 cv de potência um dos pontos que sempre me empolgaram no Pulse Abarth. O puro resultado sonoro de canos de metal retorcidos com propósito. Nada de emuladores de som que usam alto-falantes.
Mesmo assim, o "SUV" - cansei e vou tratar o Pulse assim a partir de agora, como um "SUV" - ainda é bem civilizado no uso cotidiano. É claro que a direção é mais pesada e a suspensão é mais firme que o padrão dos modelos da marca italiana. Mas não dá para chamar o carro de desconfortável. Rodei pelo menos um terço desses mais de mil quilômetros na cidade e pegando trânsito.
Nessas horas eu agradeci o fato de o Pulse Abarth ter um câmbio automático de seis marchas e o vão livre de 19 cm para o solo. O suficiente para superar rampas e valetas sem raspar a frente. É quase como estar ao volante de uma das versões mansas do modelo. Espero não estar me rendendo aos utilitários esportivos.

Mas é o trânsito abrir e a estrada aparecer para esses pensamentos intrusivos irem embora. Ainda mais depois que você aperta o botão "Poison" no volante. É o modo esportivo do Pulse Abarth, que quando acionado muda o layout do painel e faz o "SUV" virar uma fera.
O acelerador fica muito sensível e o câmbio passa a atrasar bastante as trocas de marchas. Um claro convite para pisar mais fundo e conferir, na prática, se o modelo da Fiat acelera realmente de zero a 100 km/h em 7,6 segundos e atinge os 215 km/h de velocidade máxima.
Ah, e como esse cara faz curvas bem! Fico realmente pensado o que o Pulse Abarth seria capaz de fazer se fosse um pouquinho mais plantado no chão.
Mas é como diz o ditado: cavalo que corre bebe. Com gasolina, as médias oficiais são razoáveis: 12,2 km/l (estrada) e 10,5 km/l (cidade). Já com etanol, o Abarth fica mais gastão: médias de 8,8 km/l (estrada) e 7,2 km/l (cidade).
Senti essa diferença na prática: usei o carro apenas com o combustível vegetal e raramente consegui ultrapassar os 8 km/l de média. Dava desespero ver os risquinhos do medidor sumindo a cada acelerada.

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Bolsas a menos

Além da grade frontal e das rodas novas, o Pulse Abarth incorporou outras novidades na linha 2026. Caso dos painéis de porta com revestimento em vinil, dos bancos com novo revestimento, dos assentos dianteiros redesenhados - com ajustes elétricos para o motorista - e do teto solar panorâmico.
Já o pacote de tecnologia e de segurança poderia ser mais completo: tem faróis de LED com acionamento automático, freio de estacionamento eletrônico, frenagem autônoma de emergência e assistente de manutenção em faixa.
O controlador adaptativo de velocidade, que já é visto em outros modelos da mesma faixa de preço, não vem no Pulse Abarth. Mas a ausência mais séria é a dos airbags de cortina, já que estão presentes apenas as bolsas infláveis frontais e laterais dianteiras.

Quanto custa manter um Pulse Abarth?

Bora falar de racionalidade. A garantia do Pulse Abarth é de três anos sem limite de quilometragem. O plano de manutenção prevê revisões a cada um ano ou 10 mil quilômetros.
Para manter o carro até a 5ª revisão, o proprietário terá que desembolsar R$ 4.607. Valor que fica na média de outros modelos da mesma faixa de preço.
E o seguro? Fiz a cotação para um homem, de 38 anos, casado e morador de São Paulo. A cobertura completa para o Pulse Abarth variou entre R$ 2.359,50 e R$ 13.129,50. Valores sem descontos ou bônus. E, mais uma vez, na média.

Vale a pena comprar um Pulse Abarth?

O Fiat Pulse Abarth sai por R$ 157.990. É o mesmo preço de muito SUV compacto mais manso.
Por outro lado, não é a opção válida para quem está de olho em um carro com atributos de SUV, como espaço interno mais amplo, porta-malas maior e alguma capacidade de cair na terra.
No final das contas, o esportivo da linha Pulse realmente parece ter sido pensado para os órfãos dos hot hatches. Aliás, nem é preciso fazer muito esforço para esse carro aqui se aproximar dos hatches esportivos.
Até porque todo carro é uma tela em branco para o dono mais dedicado, não?

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