- Segundo a propaganda veiculada pelo grupo Caoa, o Hyundai i30 é um modelo equivalente ao BMW Série 1, com a mecânica Mercedes-Benz e com o mesmo acabamento dos luxuosos ingleses. Você acredita? Pois é... O carro tem um desenho elaborado pelos estúdios da marca coreana na Alemanha, o mesmo motor 2-litros do utilitário Tucson e um acabamento espartano, principalmente para a categoria em que ele vai atuar. O i30 chega para abocanhar as vendas dos hatches médios, onde estão modelos consagrados no mercado nacional.
O WebMotors foi convidado pelo grupo a conferir se o carro realmente é o que a sua propaganda vende. Durante a apresentação do modelo, pudemos perceber que o design do automóvel agrada, apesar da tentativa de mesclar a dianteira do Civic antigo com as lanternas traseiras arrojadas na coluna C. Para tropicalizar o automóvel, o Hyundai brasileiro chega com rodas de aro 17” e detalhes cromados. O prateado nas rodas chega a “gritar” um pouco, mas nada que incomode os olhares tradicionalistas.
Se por fora existe uma bela viola, por dentro o Hyundai traz alguns detalhes que podem prejudicar a imagem externa do carro. O banco do motorista é em tecido sendo em couro só na versão topo de linha, de R$ 72 mil e suas regulagens são manuais. O excesso de cromado na manopla do câmbio automático de quatro velocidades, no console e no acabamento das portas demonstra ostentação. Ao rodar com o carro em asfalto liso, dá para notar que em pequenas ondulações a estrutura da montagem interna gera ruídos.
O lado bom do i30 está no volante de diâmetro menor, que conta com regulagem de profundidade e altura, no sistema de som e na direção eletromecânica progressiva.
Ao abrir o capô, dá para perceber que a marca coreana buscou um maior cuidado com o acabamento. O motor posicionado transversal tem uma pequena capa de plástico. O bloco fica evidente e o forro da tampa é bem colocado. A bateria é selada e não esboça nenhuma marca conhecida. Segundo o grupo Caoa, o i30 tem garantia de cinco anos. Ela dura todo o período, independentemente de seus proprietários, desde que todas as revisões tenham sido feitas nas concessionárias. A primeira, aos 5 mil quilômetros, envolve troca de lubrificantes e filtros e custa cerca de R$ 200.
O WebMotors rodou com o Hyundai i30 equipado com teto-solar e com acabamento intermediário. A versão de entrada não tem teto nem ar-condicionado digital, e custa R$ 58 mil. Aquela em que nós rodamos custa R$ 63 mil. Ela oferece quatro airbags, ar-condicionado digital, rádio com leitor de MP3, porta-luvas refrigerado, ESP programa eletrônico de estabilidade ABS e EBD distribuidor eletrônico de frenagem.
Ao volante
O grupo Caoa reservou com exclusividade a pista da Pirelli, em Sumaré, interior de São Paulo, para a realização do test-drive. O tempo não foi o ideal para avaliação do veículo, mas foi o suficiente para relatar o que o i30 reserva para as ruas brasileiras. Rodamos com o hatch médio durante cinco minutos em um circuito delimitado por cones. O motor responde bem à “pisada”, sem solavancos, e a estrutura do carro agrada.
A suspensão traseira composta por multilink favorece a estabilidade nas curvas. Com o tempo bem chuvoso, o WebMotors forçou algumas situações de emergência para ver como o veículo se comportava. Detalhe: pista de teste tem áreas de escape e todos os equipamentos de segurança para que esse exercício fosse executado. Entramos em uma curva a 60 km/h e pisamos no freio, como em uma situação de emergência. Resultado: o carro não escapou e retomou a trajetória sem que houvesse grandes esforços. No momento da pisada, deu para sentir que os sistemas eletrônicos salvam o motorista de situações de perigo ou erro.
Quando a seção de testes começou a evoluir aceleração, frenagem e slalon, o WebMotors teve de liberar a pista para outro veículo de comunicação. Na reta, o i30 mostrou que consegue acelerar de 0 a 100 km/h em 11,1s. Um ponto ruim são as lentas trocas automáticas. Elas mostram que o carro precisa de muito mais para ser considerado um esportivo. Com 1.327 kg o i30 oferece uma relação peso/potência de 9,3 kg/cv.
O banco tem regulagem de altura por meio de alavanca. Com ele, você consegue se ajustar perfeitamente a uma posição ideal de pilotagem. Os espelhos retrovisores em formato de gota oferecem um bom raio de visão. O volante eletromecânico progressivo oferece segurança na hora das manobras bruscas, porém causa estranhamento. Com o intuito de dar um tom de esportividade ao carro, ele fica pesado demais em algumas situações.
Devo comprar?
Sim, se você procura um carro despojado. Sim, se você não faz manutenção em oficinas independentes. Apesar de ter garantia de cinco anos, o i30 tem uma pequena rede de concessionários, 130 unidades, e pouca oferta de peças. Sim, se você não liga para um automóvel que tenha sistema flexível em combustível. Sim, se você não se importa com o valor da revenda. Todos os pontos colocados acima estão presentes nos modelos concorrentes do i30, como Volkswagen Golf, Fiat Stilo, Chevrolet Astra e Vectra GT.
Não, se você não suporta câmbios automáticos de quatro marchas e lentos. Logo mais, chega o i30 com transmissão manual de cinco velocidades por R$ 54 mil.
O i30 terá quatro versões de acabamento. A mais em conta tem um valor sugerido de R$ 58 mil. Ela oferece dois airbags, ar-condicionado analógico, rádio com leitor de MP3, porta-luvas refrigerado, ESP programa eletrônico de estabilidade ABS e EBD distribuidor eletrônico de frenagem. Um pouco acima deste modelo é a versão com teto solar e ar-condicionado digital, vendida a R$ 63 mil.
A terceira versão oferece ar-condicionado digital, quatro airbags, teto-solar, rádio com leitor de MP3 e os mesmos equipamentos de segurança encontrados no modelo de entrada. O valor é R$ 69,9 mil. A versão topo de linha custa R$ 72 mil. Ela tem os mesmos itens da anterior, porém o conjunto de airbags é formado por oito bolsas.
Segurança da vida a bordo
O Euro NCAP European New Car Assessment Programme, instituto europeu que avalia a segurança dos veículos fabricados na Europa, registrou que o Hyundai i30 conquistou cinco estrelas no item segurança para condutores, quatro estrelas no item que envolve a segurança de crianças e duas estrelas no destinado a segurança de pedestres.
O Hyundai é um bom carro. O problema é a sua propaganda, que o coloca em um patamar semelhante ao de veículos que custam acima de R$ 100 mil, sendo que ele não atende a essa expectativa. Ele, na verdade, concorre diretamente com os hatches médios nacionais e fabricados no Mercosul. Fique de olho e ponha o i30 na garagem certa.
FICHA TÉCNICA – Hyundai i30
MOTOR | Quatro tempos, quatro cilindros em linha, transversal, refrigeração a água, 1.975 cm³ |
POTÊNCIA | 145 cv a 6.000 rpm |
TORQUE | 190 Nm a 4.600 rpm |
CÂMBIO | Automático de quatro velocidades |
TRAÇÃO | Dianteira |
DIREÇÃO | Por pinhão e cremalheira; eletromecânica |
RODAS | Aro 17”, de liga-leve |
PNEUS | 225/45 R17 na dianteira e na traseira |
COMPRIMENTO | 4,25 m |
ALTURA | 1,48 m |
LARGURA | 1,78 m |
ENTREEIXO | 2,65 m |
PORTA-MALAS | 340 l |
PESO em ordem de marcha | 1.327 kg |
TANQUE | 53 l |
SUSPENSÃO | Dianteira independente, tipo MacPherson; traseira interdependente, multilink |
FREIOS | Discos ventilados, ABS com BAS |
CORES | não divulgado |
PREÇO | R$ 63 mil |