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Teste: Volkswagen Gol Comfortline 1.0

Apesar de ter caído no ostracismo, o carro mais vendido entre 1987 e 2013 surpreende pela boa dirigibilidade

por Marcelo Monegato

Após décadas de protagonismo, o Gol caiu no ostracismo. Em 2014 deixou o posto de carro mais vendido do Brasil para tornar-se coadjuvante. Com o tempo, as rugas ficaram mais evidentes e a idade do projeto sucumbiu a até então estrela da Volkswagen. No entanto – e isso pode parecer antagônico –, o Gol, mesmo precisando de uma revolução de ‘para-choque a para-choque’, continua sendo muito mais carro que boa parte de seus concorrentes.


A principal qualidade do Gol continua na solidez do conjunto mecânico. É possível encontrar até diversão ao volante do Volks, mesmo na versão Comfortline com motor 1.0 12V bicombustível de três cilindros – com até 82 cv de potência máxima (etanol) a 6.250 rpm e 10,4 kgf.m de torque a 3.000 rotações. E tal ‘diversão’ tem como principal responsável a excelente relação do câmbio manual de cinco velocidades – com engates curtos, precisos e silenciosos. As três primeiras marchas conseguem extrair vigor do propulsor, entregando principalmente boas retomadas. Já as mais altas já miram a eficiência.


A direção é hidráulica, o que não é nenhum problema – já dirigi muitos carros sem qualquer tipo de assistência –, mas é fato que a direção elétrica está um degrau acima no que se refere a conforto, especialmente para modelos essencialmente urbanos


De acordo com dados do Inmetro, o Gol Comfortline 1.0 faz na cidade 8,8 km/l (e) / 12,9 km/l (g) e na estrada 10,3 km/l (e) / 14,5 km/l (g). Em um uso misto, no entanto, consegui cravar 14,2 km/l (g), o que me deixou bastante impressionado.



Não posso deixar de elogiar a regulagem da suspensão do Gol. Independente tipo McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, o Volks é um carro firme – e firme é muito diferente de duro. Nas curvas que entrei mais ‘chutado’, a transferência de peso inclinou minimamente a carroceria, transmitindo confiança e me instigando a abusar um pouco mais do acelerador. O sistema também copia bem as irregularidades leves do asfalto, eliminando as vibrações, mas não deixa de bater seco – e forte – nas crateras.


A Volkswagen fica devendo para o Gol os controles de tração e estabilidade. Itens de segurança que salvam vidas – especialmente em condições adversas, como em pista molhada –, e que já são encontrados em rivais, como no Ford Ka. A eletrônica está presente, como manda a legislação, nos freios com ABS (antitravamento das rodas) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem).


De acordo com dados do Inmetro, o Gol Comfortline 1.0 faz na cidade 8,8 km/l (e) / 12,9 km/l (g) e na estrada 10,3 km/l (e) / 14,5 km/l (g)


A direção é hidráulica, o que não é nenhum problema – já dirigi muitos carros sem qualquer tipo de assistência –, mas é fato que a direção elétrica está um degrau acima no que se refere a conforto, especialmente para modelos essencialmente urbanos, como o Gol – além de gerar, mesmo que pouco, uma maior economia de combustível. No Chevrolet Onix, carro mais vendido do Brasil e rival do Volks, a direção é elétrica...




ESPAÇO INTERNO & ACABAMENTO


Com relação ao espaço interno, o Gol é ‘ok’. Com 3,89 metros de comprimento, o Volks é menor que Onix (3,93 metros) e HB20 (3,92 metros) – os dois modelos mais vendidos do País na atualidade, de acordo com dados da Fenabrave (Fcaptionação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). E com 2,46 metros de distância entre os eixos, o Gol também fica em desvantagem diante do Chevrolet (2,52 metros) e Hyundai (2,50 metros). Não é um carro para famílias grandes, mas transporta sem problemas quatro pessoas de altura mediana (1,75 metro).



O acabamento do Gol está em sintonia com o segmento. A maioria das peças é de plástico – tem apenas um detalhe pequeno em tecido no painel das portas -, mas tudo está muito bem encaixado e sem folgas. É algo espartano, mas sóbrio. Não é necessário mais que isso, e alguma coisa além acabaria influenciado no preço, como sempre...


CUSTO-BENEFÍCIO


O Gol é um carro que entrega tudo o que o básico exige. Além da direção hidráulica – que poderia ser elétrica -, o modelo tem ar-condicionado, vidros e travas elétricas, airbag duplo frontal, ajuste de altura do banco do motorista, computador de bordo e rádio CD player com entrada USB e conexão Bluetooth. Ficou faltando pelo menos um ajuste de altura da coluna de direção – se tivesse o de profundidade também ficaria perfeito – e ISOFIX para fixação da cadeirinha infantil.


Com 3,89 metros de comprimento, o Volks é menor que Onix (3,93 metros) e HB20 (3,92 metros). E com 2,46 metros de distância entre os eixos, o Gol também fica em desvantagem diante do Chevrolet (2,52 metros) e Hyundai (2,50 metros)


Alarme antifurto, sensor de estacionamento traseiro, rodas de liga leve de 14 polegadas, volante multifuncional e central de entretenimento com navegação por GPS são apenas opcionais.



O preço das seis primeiras revisões fica em 2.655,37. O detalhe é que no Gol os serviços periódicos acontecem a cada 10 mil km ou seis meses, e não 10 mil km ou um ano, como a maioria dos veículos. Por isso, muita atenção para não perder a garantia de fábrica. Já o preço do seguro ficou com valor médio de R$ 4.135 e a franquia em R$ 3.115.


Importante ressaltar que recentemente a Volkswagen tirou do configurador a versão Comfortline 1.0 12V e poucas concessionárias têm unidades zero-quilômetro nesta configuração à venda – é possível encontrar alguns na Webmotors. Pelo configurador da Volks é possível montar um Gol Trendline 1.0, Comfortline 1.6 ou Track 1.0.


CONCLUSÃO


Diante da concorrência, o Volkswagen Gol continua sendo um bom automóvel. No entanto, a idade do projeto faz com que o hatch necessite uma revolução mais que uma simples evolução. Os pontos mais críticos, na minha opinião, estão em tecnologia – uma central multimídia já de fábrica mais moderna, por exemplo – e itens de série, especialmente segurança, como ISOFIX e controles de tração e estabilidade. O design não chega a me incomodar, mas uma mudança é necessária para deixar o passado recente para traz e reviver os anos de glória entre 1987 e 2013, quando era protagonista e os concorrentes mero figurantes.



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