Teste WebMotors: Nissan Leaf, divertido, ecológico e... elétrico!

Dirigimos quase 100 km pelas ruas de São Paulo sem emitir um grama de poluentes


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Rodrigo Ribeiro
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- Há mais de dois anos o WebMotors publicou sua primeira avaliação de um carro elétrico, o REVAi, e repetimos a dose ano passado, com o Mitsubishi i-MiEV. De lá para cá, já testamos três híbridos, sendo que dois já são vendidos no Brasil. É, o mercado de automóveis está mudando para melhor, do ponto de vista ecológico. E a Nissan do Brasil aproveita essa onda para divulgar o Leaf, primeiro elétrico produzido em larga escala no mundo.

Fabricado no Japão, o hatch médio movido somente à eletricidade não há motor a gasolina nem como gerador já é vendido em alguns países da Ásia, Europa e Estados Unidos, onde briga lado a lado com o Chevrolet Volt, que tem motor a combustão. As vendas por aqui continuam no campo dos sonhos, dependendo de incentivos de um governo que ainda prefere concentrar esforços em carros flexíveis ao invés de híbridos ou elétricos.

Mas isso não desanimou a Nissan, que importou temporariamente dez unidades do Leaf para exposições e testes – incluindo este, realizado pelo WebMotors pelas congestionadas e poluídas ruas de São Paulo.

Sem surpresas
Com a proposta de não extrapolar a autonomia de até 160 km segundo a Nissan, ficamos livres para dirigir o Leaf por um dia inteiro. A restrição de tempo se deve à licença temporária do Leaf, que usava placas verdes, destinadas a veículos em teste. Felizmente isso não impediu uma boa percepção do elétrico, que surpreende por fora, mas não por dentro.

Se o design chama a atenção devido principalmente aos faróis em LEDs elevados, cuja função também é aerodinâmica, o interior tem o que se espera da maioria dos carros: console central com tela multimídia, mostradores digitais e manete de acionamento do câmbio e do freio de mão elétrico. Ponto para a Nissan, pois isso facilita a transição de um motorista acostumado com os carros convencionais – e poluidores.

A partida se dá pisando no freio e apertando o botão de partida, como o Grand Livina SL e GT-R. A diferença, neste caso, é que só dá para saber que o carro está pronto para andar por um aviso no painel, como no Fusion Hybrid. Depois disso basta desacoplar o freio de mão elétrico e engatar a marcha desejada Neutro, Drive ou Ré por um botão redondo entre os bancos dianteiros.

Cuidado com os motoboys
Após isso o carro começa a andar logo que se tira o pé do freio – comportamento de carro automático simulado pelo Leaf para aumentar o conforto para os novatos. Só o pedal de freio requer um pouco de aprendizado. Além do sistema a disco nas quatro rodas, o sistema de frenagem conta com um sistema que recupera a energia cinética do Leaf. A vantagem é que boa parte dessa força, que seria desperdiçada, vira energia elétrica e volta pra bateria. O problema é que com isso o pedal fica “borrachudo”, dificultando frenagens suaves enquanto o motorista não se habitua.

O detalhe é fácil de resolver o sistema do Fusion Hybrid simula o comportamento de um freio convencional e não oculta as virtudes do Leaf. Entre elas, o divertido torque instantâneo dos motores elétricos. Localizado sobre o eixo dianteiro, o motor de 80 Kw o equivalente a 108 cv, aproximadamente oferece 28,5 Kgfm assim que se pressiona o pedal do acelerador.

Com isso o Leaf arranca em semáforos com vigor de dar inveja a muito esportivo. O motorista só precisa ter atenção aos motociclistas: por estarem acostumados a saírem na frente nos faróis, eles não esperam que um carro saia ao lado deles. Em movimento o Leaf tem estabilidade superior ao Tiida, de onde empresta a plataforma, graças à suspensão mais firme e às baterias no assoalho, que baixam o centro de gravidade do carro. O espaço interno é similar ao “primo” mexicano.

Outra característica que pode ser perigosa nos elétricos é o silêncio, mas este pode ser sutilmente rompido por um pequeno “zumbido” produzido artificialmente pelo Leaf para denunciar sua presença aos pedestres desatentos.

O curioso é que, mesmo sendo silencioso, o Leaf chama atenção. Perdemos as contas de quantas pessoas, a pé ou em outros carros, ficaram seguindo o hatch médio com os olhos. Outras perderam a vergonha e nos questionaram sobre potência, desempenho, autonomia e preço.

Urbanóide
Nas ruas não dava tempo para explicar, mas aqui iremos contextualizar o Leaf antes de responder às dúvidas. A proposta da Nissan com o Leaf é que ele seja um carro com locomoção exclusivamente urbana. A marca também espera que com ele os usuários tenham o mesmo comportamento adotado com os celulares: ao chegar em casa, coloca-se a bateria para recarregar  - no caso do Leaf, através de um conector localizado na dianteira do hatch.

Dito isso, os 160 km de autonomia do Leaf parecem mais do que suficientes. Nosso Leaf acusou 128 km de autonomia com a bateria carregada, mas mesmo este índice é superior ao que a maioria das pessoas percorre diariamente. O desempenho 0 a 100 km/h em 11,9 s e 145 km/h de velocidade máxima é condizente com um carro que legalmente não poderá ultrapassar os 90 km/h.

A autonomia pode aumentar ou diminuir conforme os periféricos do carro são utilizados, como o ar-condicionado. Para extender ao máximo a capacidade das baterias do Leaf, a Nissan colocou um pequeno painel com células fotovoltaicas no aerofólio traseiro. A peça é responsável por transformar a luz do sol em eletricidade para recarregar as baterias de 12V do carro.

O tempo de recarga – 16 horas em uma tomada de 110 V, metade desse tempo em uma de 220 V – pode assustar, mas lembre-se de quanto tempo seu carro fica parado na garagem de um dia para o outro. E alterações na rotina podem ser contornadas por uma carga rápida de 400 V em postos especiais, suficiente para repor 80% da autonomia em 30 minutos.

O Leaf, como todo carro elétrico, acelera bem, é silencioso e não polui. O problema é que, como todo carro elétrico, ele tem uma bateria. No caso, uma cara unidade de íons de lítio de 90 Kw de potência. Por causa disso ele custaria no Brasil, sem incentivos, estratosféricos R$ 230 mil.

É difícil imaginar o mais ecológico dos empresários pagando essa pequena fortuna em um elétrico baseado na plataforma de um hatch médio. Contudo, se o valor caísse para a metade disso, lentamente veríamos Leafs carregando em condomínios e assustando motoboys em semáforos. Isso porque não é só financeiramente que ele torna as coisas mais leves. Ele também faz isso na consciência.

FICHA TÉCNICA – Nissan Leaf

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MOTOR

Elétrico, corrente alternada, dianteiro, transversal

POTÊNCIA

108 cv a 1 rpm

TORQUE

280 Nm 28,5 kgfm a 1 rpm

CÂMBIO

Inexistente

TRAÇÃO

Dianteira

DIREÇÃO

Por pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

RODAS

Dianteiras e traseiras em aro 16” de liga-leve

PNEUS

Dianteiros e traseiros 205/55 R16

COMPRIMENTO

4,45 m

ALTURA

1,55 m

LARGURA

1,77 m

ENTREEIXOS

2,70 m

PORTA-MALAS

330 l

PESO em ordem de marcha

1.600 kg

BATERIA

Íons de lítio, 24 Kw/h

SUSPENSÃO

Dianteira independente, tipo McPherson e traseira dependente, tipo eixo de torção

FREIOS

Discos ventilados na dianteira e traseira, com recuperação de energia cinética

PREÇO

R$ 230 mil estimado



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