O Caoa Chery Tiggo 7 Sport oferece ótimo custo-benefício para um SUV de menos de R$ 150 mil. Embora seja preciso abrir mão de alguns itens.
Não se engane pelos testes de carrões e viagens para lugares impressionantes. A vida de um jornalista automotivo é muito mais "classe trabalhadora" do que se imagina. E, como bom proletário, gosto mesmo é quando aparecem coisas bacanas, porém com preços bem abaixo do esperado. Tá. Mas como o Caoa Chery Tiggo 7 Sport se encaixa nessa história?
É que esse é um SUV médio vendido por R$ 146.990 no mercado brasileiro. Preço bem inferior ao da média do segmento e que posiciona o carro montado em Anápolis (GO) na mesma faixa das versões mais acessíveis de alguns concorrentes compactos.
Posto isso, qual será o segredo do preço baixo do Tiggo 7 Sport? Seria o SUV da marca sino-brasileira mais um automóvel barato, mas fraco e despojado? Confira isso nas próximas linhas.
A Sport é a versão de entrada da linha Tiggo 7 e estreou no mercado brasileiro em fevereiro de 2024. Não demorou para que o SUV da Caoa Chery se tornasse uma febre.
Digo mais: é por "culpa" desse Sport que o Tiggo 7 ultrapassou a barreira dos 30 mil emplacamentos em 2024 e se tornou o modelo mais popular da marca sino-brasileira.
Mesmo assim, nada no visual externo entrega que esse é um carro basicão. É preciso um olhar treinado para diferenciar esse SUV médio aqui de outros carros do segmento. O conjunto ótico do tipo full-LED e os cromados na carroceria dão um ar caprichado ao modelo.
Inclusive, se não fossem as rodas de 18 polegadas com pintura escurecida e a ausência do logotipo "Pro" na traseira, o Sport passaria fácil pelo Tiggo 7 Pro Max Drive, que é R$ 30 mil mais caro.
O Tiggo 7 Sport mede 4,50 m de comprimento, 1,71 m de altura, 1,84 m de largura e tem entre-eixos de 2,67 m. O resultado é o ótimo espaço interno para um SUV de menos de R$ 150 mil. Na dianteira, na traseira e no porta-malas, que tem capacidade para 525 litros.
Porém, melhor que o espaço interno é o capricho com o acabamento, que salta aos olhos. Se do lado de fora o 7 Sport não parece um carro de entrada, a mesma história se repete na cabine.
Além dos bancos de couro - com ajustes elétricos -, a montagem dos componentes é caprichada e a qualidade dos materiais é digna de um SUV médio dos bons, com plásticos sem rebarbas e material macio ao toque em boa parte das superfícies. Há até espaço no painel para iluminação com LEDs decorativos!
Incomum para um carro de origem chinesa é a boa ergonomia, com comandos bem posicionados e bom equilíbrio entre comandos físicos e em tela.
A lista de equipamentos de conforto do Tiggo 7 Sport é bem recheada. Além dos bancos de couro com ajustes elétricos que eu citei anteriormente, estão presentes o carregador de celular por indução, chave presencial, retrovisor interno eletrocrômico, multimídia com tela de 10,25 polegadas e painel digital configurável.
Já o pacote tecnológico e de segurança tem seis airbags, freio de estacionamento eletrônico, controlador automático de velocidade, câmera de ré e sensor de estacionamento traseiro, além de faróis com acendimento automático e sensor de chuva.
Mas um dos pontos em que a Caoa Chery passou o facão para baixar o preço do SUV foi justamente na lista de equipamentos. Itens que já estão se tornando comuns em outros modelos da mesma faixa de preço - como o ar-condicionado automático e o espelhamento sem fio para smartphone - estão ausentes no 7 Sport.
E também está ausente no Tiggo 7 Sport o pacote ADAS. Ou seja: ficaram de fora os - dispensáveis - assistente de manutenção de faixa e alerta de saída de faixa. E também os importantes monitor de pontos cegos e frenagem autônoma.
Mas, olhando para o que oferece os concorrentes na mesma faixa de preço, até dá para perdoar a ausência do pacote ADAS no SUV da Caoa Chery.
Outro ponto em que o Tiggo 7 Sport está abaixo das versões mais caras da linha é na motorização. Diferentemente das versões com preços mais altos, que têm a motorização híbrida-leve ou um 1.6 turbo com injeção direta, o Tiggo 7 Sport tem um conjunto motriz mais antigo e menos potente.
O motor é um 1.5 turbo flex com injeção multiponto. Sem nenhum tipo de eletrificação, é praticamente o mesmo do Tiggo 7 lá de 2017. Com etanol, desenvolve 150 cv de potência. O câmbio é um CVT, com nove marchas simuladas.
Abastecido com gasolina, entrega números apenas razoáveis de consumo. Registra médias de 11,2 km/l (estrada) e 11,1 km/l (cidade). Com um tanque de 51 litros, roda até 571 quilômetros com um abastecimento.
O Caoa Chery Tiggo 7 Sport me surpreendeu positivamente ao volante. Apesar de ser um SUV com acerto voltado para o conforto, este não é um carro para quem curte direção levíssima e suspensão molenga, que inclina a cada curva mais forte.
A direção é leve na medida - embora possa ficar mais pesada no modo Sport de condução, e a suspensão - McPherson na dianteira e multibraços na traseira - é bem equilibrada.
Confesso que eu esperava menos. Ainda mais pela origem chinesa do modelo. Para quem não sabe, o pessoal de lá ama um carro maciozão...
Já o motor 1.5 turbo - apesar de menos sofisticado do que o usado nas versões mais caras da linha - entrega um desempenho correto. Não empolga, mas está longe de fazer você passar sufoco em ultrapassagens.
Aliás, eu usei o carro quase 100% do tempo no modo Sport de direção - há ainda o modo Eco, voltado para a eficiência - e me surpreendi pela combinação de boas respostas e suavidade no funcionamento do conjunto motor e câmbio. Vai por mim, nem todo carro é assim no modo "esportivo".
Outro ponto positivo é o silêncio a bordo. O isolamento acústico é caprichado e quase não se ouve a suspensão trabalhando, mesmo nos pisos mais irregulares.
Falando agora de usabilidade, o painel de instrumentos configurável é fácil de usar e bastante completo em informações. Exibe inclusive a pressão e temperatura dos pneus.
Já a multimídia tem tela grande - de 10,25 polegadas -, mas é um equipamento de visual e layout simples. É bem funcional, apesar de exigir o uso de cabo para espelhar e tela do smartphone.
O que é mais difícil de se acostumar é o curioso espelho retrovisor interno com lente convexa. Detalhe que, vale destacar, está presente em outros modelos da marca e atrapalha o cálculo de distância em relação ao carro que estiver atrás.
Você vai acabar se acostumando a usar os retrovisores laterais com mais frequência para compensar essa característica do retrovisor interno.
Fiz a cotação no Auto Compara e o valor do seguro no meu perfil, sem bônus ou descontos adicionais, ficou em R$ 6.194,59. Bem abaixo da média do segmento.
E o custo para fazer as revisões? Para fazer os serviços de manutenção obrigatórios até os 60 mil quilômetros, o proprietário terá que desembolsar R$ 5.552,54.
Soma um pouco superior à de concorrentes na mesma faixa de preço. Lembrando que a garantia oferecida pela Caoa Chery é de cinco anos.
O Tiggo 7 Sport é um carro bem completo e de visual caprichado por dentro e por fora, que ainda entrega bom espaço interno e rodar confortável. E que não cobra caro para se manter.
Por outro lado, para essa escolha há várias renúncias, como o pacote tecnológico e de equipamentos menos recheado que o visto em outros SUVs da mesma faixa de preço.
Mas será que vale a pena trocar o pacote tecnológico e de equipamentos mais recheado por um SUV maior? Eu faria esse acordo. E você? Faria?
CAOA CHERY - TIGGO 7 - 2022 |
1.5 VVT TURBO IFLEX TXS DCT |
R$ 139990 |
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