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De cara, vou engatilhar minha metralhadora de críticas. Não à Hilux especificamente, mas a todas as Picapes com motor bicombustível. Não consigo enxergar sinergia entre estes propulsores e este tipo de veículo. Além de não conseguir entregar um desempenho que salte aos olhos – e aqui estou falando não apenas de performance voltada para o trabalho, mas para o ‘passeio’ dominical também –, os números de consumo são desesperadores.
No caso da Hilux, o propulsor 2.7 16V de quatro cilindros aspirado entrega 163 cv de potência a 5.000 rpm e torque de 25 kgf.m a elevados 4.000 giros, e está atrelado a uma transmissão automática (conversor de torque) de seis marchas. O conjunto, no dia a dia, entrega uma Picape que parece sempre estar ‘amarrada’, mesmo com a caçamba vazia. A sensação de quem está ao volante é que sempre é preciso dar mais carga no acelerador para que possa mover suas quase duas toneladas – confira a ficha técnica completa no Catálogo 0KM da Webmotors.
E o resultado de ‘meter’ o pé no pedal da direita para ter uma Hilux mais desenvolta, vamos dizer assim, acaba refletindo em um consumo elevado de combustível. De acordo com o INMETRO, a Hilux Flex faz (se segura aí na cadeira) na cidade 4,8 km/l com etanol e 6,9 km/l com gasolina. Na estrada, os números saltam para 5,6 km/l com derivado de cana de açúcar e 8,1 km/h com derivado de petróleo. Estes dados que impressionam negativamente conferem à Toyota nota ‘D’ tanto no geral quanto em seus concorrentes diretos.
Conclusão: se a Picape média não for diesel, na minha opinião, é ‘carta fora do baralho’!
MAIS COMPORTAMENTO...
O rodar da Hilux com carga é mais confortável do que com caçamba vazia. Sua capacidade de carga, apenas para não deixar passar em branco, é de 1.036 litros ou 830 quilos. E o motivo é que totalmente ‘free’, a traseira da Toyota pula como uma ‘cabrita louca’. E essa é uma característica da maioria das Picapes médias, pois a traseira utiliza eixo de torção. Disse ‘maioria’ e não todas, em virtude de a Nissan Frontier, por exemplo, já utilizar sistema multilink que, no final das contas, consegue entregar uma ‘bruta’ muito mais estável quando sem carga.A Hilux é equipada de série com freios a disco na dianteira (ventilados) e tambor na traseira, sistema ABS (antitravamento das rodas em frenagens de emergência) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem).
Quando no 4x2, a tração é traseira. Portanto, quando ‘colamos’ o acelerador no assoalho e despejamos os 25 kgf.m nas rodas de trás, a tendência é que a caçamba queira ‘ultrapassar’ o capô. Por isso os controles de tração e estabilidade também estão presentes para evitar uma escapada subida, principalmente com piso molhado. Importante destacar que a reação da Hilux Flex é muito menos intensa que a diesel, que gera 45,9 kgf.m já a baixos 1.600 giros. Mas, de qualquer maneira, a eletrônica atua como item de segurança.
Com opção de tração nas quatro rodas, a Hilux, mesmo flex, consegue transpor estradinhas mais acidentadas sem dificuldades – só não queira fazer uma expedição em mata fechada, pois a Toyota não é um jipe. E a escolha da tração pode ser feita por um seletor no painel, o que facilita demais para o condutor.
EQUIPADA COMO UM AUTOMÓVEL DE PASSEIO
Quando falo que as Picapes são SUVs de caçamba, a parte SUV está do lado de dentro. No espaço, em alguns casos no acabamento, e também nos itens de série. No caso da Hilux, por exemplo, a versão SRV tem sete airbags de série – duplo frontal, laterais, de cortina e também o de joelhos para o motorista. Aproveitando a carona nos itens de segurança, a Picape fabricada na Argentina oferece ainda ISOFIX para fixação de cadeirinha infantil, controle eletrônico em declive (bom para estradinhas de cascalho solto com a caçamba cheia), cinco de segurança de três pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes.Um dos pontos positivos da Hilux é a posição ao volante. Apesar de sempre elevada, o que para uma ‘grandalhona’ como ela é fundamental, o assento do motorista tem ajuste de altura e lombar elétricos, e a coluna de direção regulagens manuais não apenas de altura, mas também de profundidade, algo que nem toda Picape tem. Desta maneira, qualquer motorista consegue ‘vestir’ a Toyota muito bem, assumindo postura muito confortável para viagens de longas distâncias e deslocamentos em pisos mais acidentados de terra batida, por exemplo.
Os bancos, assim como o volante multifuncional, são revestidos em couro, o que denota um capricho extra da marca japonesa. As peças de plástico duro estão por todas as partes, assim como alguns itens emborrachados. A montagem transmite sensação muito positiva, pois não há espaço entre as partes. Destaco ainda o bom revestimento acústico, pois, apesar de ser naturalmente mais silencioso que um motor diesel, o ruído do bloco bicombustível invade pouco a cabine, permitindo um diálogo tranquilo entre os ocupantes.
A direção tem assistência hidráulica e é confortável para pequenas manobras. É, no entanto, um pouco anestesiada e não muito direta. O ar-condicionado tem somente uma zona e o ponto positivo é que há saída de ar para quem viaja atrás. Vidros das quatro portas, travas e ajustes dos espelhos retrovisores externos são elétricos. E o painel de instrumentos tem tela de LCD entre o velocímetro e o conta-giros com todas as informações do computador de bordo.
A Hilux SRV Flex também é equipada com central multimídia com tela de 7 polegadas, colorida e sensível ao toque. Tem navegação por GPS, mas peca em não ser compatível com os sistemas Androis Auto e Apple CarPlay. Outro ponto que desabona o recurso que tem até TV Digital é o fato de ser lenta em suas reações – não foram raras as vezes que tive que apertar mais de uma vez a tela para que o comando fosse aceito. Para um carro de mais de R$ 140 mil, uma central mais moderna é praticamente obrigação.
O espaço interno também é bom. Pessoas com até 1,80 de altura não enfrentam problemas com a cabeça raspando no teto ou os joelhos roçando no banco dianteiro. O único ‘porém’ fica por conta do assoalho, que não é plano, dificultando a acomodação de quem viaja na posição central, e o fato de o duto central avançar um pouco além da conta para a parte traseira. A inclinação do encosto do banco das pessoas que viajam atrás é ‘ok’, evitando, como em algumas Picapes médias mais antigas, ela posição ereta demais, que com o tempo acaba causando desconforto.
CUSTOS
Um dos pontos positivos da Hilux é o fato de contar com o bom atendimento pós-venda da Toyota. O preço das seis primeiras revisões na versão Flex com tração 4x4, que acontecem a cada 10.000 km rodados ou 12 meses, fica em R$ 5.430,49 – destaque para a revisão de 40.000 km, que sai por R$ 1.611. Apenas como comparação, as revisões até 60.000 km da Chevrolet S10 LTZ Flex 4x4 ficam em R$ 4.696.Já o custo médio do seguro, cotado para um homem entre 35 e 40 anos, residente na cidade de São Paulo (SP), fica em R$ 10.630, com valor da franquia em R$ 6.515. Não deixe de cotar o seguro da Toyota Hilux SRV Flex 4x4 de acordo com o seu perfil no Autocompara.
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