Honda Civic Type R 1887

Type R: este não é o Honda Civic que você conhece

Veja como foi a experiência de rodar no dia-a-dia com o esportivo Type R, a versão mais extrema do médio da Honda


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Rode em um Type R e sinta-se em uma vitrine. Dos motoboys ao dono de um Mercedes Classe C novinho que sacou o celular para tirar fotos e ainda acenou em sinal de aprovação, é impressionante como esse carro chama a atenção. Nem parece, mas você está a bordo de um Honda Civic. Ainda que bem mais esportivo que os sedãs que eram feitos aqui no Brasil até a 10ª geração.

Só passei por algo parecido ao guiar esportivos de marcas premium, como Porsche e Jaguar. A verdade é que o Honda Civic ainda é um objeto de desejo do brasileiro. Tanto que sempre figura entre os carros mais buscados aqui na Webmotors. Eu mesmo teria facilmente um sedã da 10ª geração se a minha conta bancária permitisse.

Se as versões mais mansas já são tratadas assim, não poderíamos esperar algo diferente dessa máquina de 297 cv. O meu colega André Deliberato, aqui do WM1, teve a oportunidade de andar com o Civic Type R na pista. Agora, veja como foi a minha experiência de rodar com o Civic Type R no dia-a-dia.

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Honda Civic Type R 1916
Oficialmente, o Civic Type R é um hatch. Mas se dissessem que é um cupê de quatro portas, todo mundo iria acreditar
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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O Honda Civic Type R

Visual matador

O assédio dos fãs (do carro, não os meus) começou antes mesmo de eu somar a primeira dezena de quilômetros com o Type R. O Civic esportivo virou até assunto no grupo do condomínio no WhatsApp.

Também pudera, a Honda foi matadora ao escolher um exemplar na tonalidade Racing Blue Pearl para a sua frota de imprensa. O carro se destaca mesmo parado.

Além desse azul brilhante, a Honda oferece o Type R no Brasil nas cores vermelha, preta e branca. Mas, na minha humilde opinião, o azulão é - de longe - a tonalidade mais bonita e chamativa para o modelo. O João, o meu filho de 1 ano e 11 meses, adorou o carro e não parava de repetir que esse Civic azul era "maneiro".

Aliás, é impressionante como o hatch Type R pouco lembra o pacato Civic Hybrid. Menor e mais largo, o esportivo aparenta ser também muito mais baixo que o sedã híbrido.

Mas é só impressão mesmo, já que a diferença não chega a ser de 3 centímetros. Completam o pacote o arrojado o kit aerodinâmico e as belas rodas de 19 polegadas com finíssimos pneus 265/30.

Interior também é caprichado

É na cabine que o Type R lembra mais o Civic Hybrid. Isso apesar dos belos bancos esportivos (vermelhos na dianteira e pretos na traseira) e forrados com tecido com efeito Suede.

A posição de dirigir é igualmente boa, assim como o acabamento e os materiais da cabine. O acesso ao carro também é fácil e não exige contorcionismos. Algo mais típico de um hatch médio do que de um esportivo.

Honda Civic Type R 1764
O acabamento interno é um dos pontos fortes: materiais de qualidade e forrações na cor vermelha
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Já o quadro de instrumentos repete o layout visto no Hybrid nos modos de direção mais mansos, mas oferece a opção de uma interface exclusiva e repleta de informações. Dá para consultar até a temperatura do ar de admissão.

O espaço interno é bem amplo e dá para levar tranquilamente duas pessoas no banco traseiro. Aliás, essa é a capacidade máxima, já que a posição central do assento dá espaço no Civic Type R a um generoso porta-copos. Já o porta-malas tem piso plano e bons 337 litros de capacidade.

Honda Civic Type R 1791
A multimídia funciona como um sistema de telemetria para o Civic Type R
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Lista de equipamentos

De série, o Civic Type R tem ar-condicionado de duas zonas, multimídia com tela de nove polegadas e som premium Bose com 12 alto-falantes, carregador de celular por indução, retrovisor interno eletrocrômico, bancos dianteiros do tipo concha, faróis de LED com acionamento automático, sensor de chuva, rodas de 19 polegadas e chave presencial.

O pacote tecnológico do esportivo inclui painel digital configurável, sistema de telemetria LogR, assistente de manutenção em faixa, monitor de pontos cegos, frenagem autônoma e controlador adaptativo de velocidade.

Com números e lista de equipamentos dignos de um carro familiar, dá até para esquecer que esse é um Civic é um esportivo. Mas, ao apertar o botão de partida no painel, você volta a se lembrar disso.

Honda Civic Type R 1880
O motor 2.0 turbo de 297 cv é combinado com um (raro) câmbio manual de seis marchas
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Carro nervoso

O Civic Type R tem motor 2.0 turbo com 297 cv de potência e 42,8 kgf.m de torque. Já o câmbio (preciso e justíssimo) é manual de seis marchas. Uma verdadeira raridade nesses tempos em que muitos esportivos saem de fábrica com caixas automatizadas e de dupla embreagem.

O Civic Type R até tem recursos para facilitar o uso no trânsito urbano. Como o monitor de pontos cegos convencional, que é superior ao sistema LaneWatch (baseado em câmera) usado no Hybrid.

Mas o carro se comporta como um estranho na cidade. O conjunto de suspensão esportiva e os pneus de perfil baixo estão longe de garantir o conforto de rodagem de um carro de luxo na mesma faixa de preço. Isso sem contar que o câmbio manual torna chata a tarefa que conduzir esse Civic esportivo no trânsito lento.

É que o Type R sempre está pedindo para ser acelerado. Até 3.000 rpm, o motor 2.0 tem um comportamento bem pacato e ronca bem manso. Mas é só alongar um pouco mais as marchas para sentir um tranco, como se realmente tivessem 297 cavalos (o bicho, não a unidade de potência) sob o capô, puxando a dianteira do Type R.

Você pode até achar que a brincadeira está no fim. Mas, na verdade, ela nem começou. O motor já estará berrando alto - graças à válvula no escape central que garante um som mais encorpado -, antes mesmo das shift-lights começarem a acender no painel, indicando a hora certa de cambiar para um marcha superior.

Os freios do Type R, com discos nas quatro rodas e pinças de quatro pistões, são fornecidos pela italiana Brembo
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Modos de condução

Ah, e tudo isso mesmo no modo de direção Comfort, que é o mais manso dos quatro disponíveis. Nas posições Sport e R+, a direção fica mais pesada e a suspensão, ainda mais firme. Sem falar nas respostas ao acelerador. E ainda há a opção Individual, que permite personalizar os acertos de cada sistema do Type R.

Por isso mesmo, é preciso ter muita atenção ao painel. O Type R embala com facilidade absurda e manter o carro dentro dos limites urbanos e até rodoviários de velocidade é um exercício (imenso) de paciência e autocontrole. Para você e para este Civic esportivo.

E na hora de parar, o sistema de freios assinado pela Brembo e com pinças de quatro pistões é competentíssimo. Surpresa zero para um conjunto com a chancela da marca italiana.

O Civic Type R é um carro para uso diário?

Essa eu vou responder de bate-pronto: esse Civic Type R não é um carro para uso diário. É um pecado botar uma máquina dessas para enfrentar o uso urbano cotidiano.

O pequeno vão livre para o solo exige cuidado para o motorista não raspar a frente do carro. Isso sem contar que o esportivo da Honda não lida muito bem com ruas esburacadas e é monótono enfrentar o trânsito ao volante de um Type R. A embreagem está longe de ser uma pedra. Mas não é aquela coisa levinha daquele Fit manual da sua mãe, tia ou irmã.

Em resumo: se essa for a sua ideia, me poupe, se poupe e nos poupe. Esse Civic esportivo funciona muito melhor como um carro de fim de semana.

O Honda Civic Type R é uma belíssima opção para quem quer um carro para curtir ao volante
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Sabe aqueles momentos em que você está cansado de tudo e só quer pegar a estrada para relaxar? Ou até encarar um track day? Pois é. Essa é a máquina perfeita para isso. Diria até fenomenal. E ainda tem espaço suficiente para levar os amigos (ou a família) em um passeio rápido (e bem divertido).

O Civic Type R custa R$ 429.900 e é um belíssimo brinquedo para qualquer apaixonado por carros mais endinheirado. Pode parecer um valor distante da maioria dos fãs dos médio da Honda.

Mas, pensando bem, é uma soma perfeita para o público que a marca quer atingir: aquele cara que pode se dar ao luxo de comprar um carro só para curtir. Preciso ganhar na loteria!

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