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Volkswagen Polo GTS: um saudosista bem moderno

Veja como anda a versão mais arrojada e potente do hatch compacto da marca alemã. E como ela pode te arrancar sorrisos

por Fernando Miragaya

Foi quase como voltar no tempo. Nos anos 1980, o Gol GTS era o “esportivo” mais acessível que um adolescente de classe média poderia sonhar - o que não significava, necessariamente, comprar. Mais de três décadas depois, enfim, tenho a oportunidade de dirigir um exemplar da mítica sigla da Volkswagen: só que, agora, com a roupa do Polo.
Ao me deparar com o carro já chama a atenção a quantidade de detalhes estéticos necessários à versão - até para tentar justificar o preço de R$ 99.470, pouco mais de R$ 15 mil além da então topo de linha do hatch, Highline. Mas falo sobre o desenho depois. Quero dirigir.
Dentro do carro, mais apetrechos visuais que saltam aos olhos - em contraste com o acabamento simples do Polo. Vou primeiro ao que interessa e aperto o botão de partida do motor para ver o nível de déjà vu.

Flashback

Meu sonho de adolescente era o Gol GTS, mas minha referência é o Passat GTS Pointer, que tive a alegria de ter - bem depois e na forma de um usado ano 1988. Era a década de 1990 e esse que vos escreve já era pai do hoje autor das fotos que ilustram esse teste. O motor à época era o velho AP 1.8, com 99 cv, o que já me proporcionava quase a mesma felicidade da paternidade.
Agora, temos um EA211 com turbo e 150 cv. E, como era de se esperar, o motor que equipa versões dos SUVs T-Cross e Tiguan é diversão garantida no hatch compacto. As acelerações já são espertas, mas a coisa fica mais empolgante conforme a velocidade aumenta.

O carro pedia um câmbio manual, mas o automático de seis marchas não anestesia demais o desempenho. As primeiras relações são curtas e as mudanças são rápidas. O 0 a 100 km/h, segundo a Volkswagen, é feito em 8,4 segundos.
Vou para a estrada para ver como são as retomadas e, obviamente, não me decepciono. O 1.4 é elástico. Sobra força do motor já nas 1.500 rotações e é só pisar que o bicho responde e o turbo entra fácil. Ultrapassar o caminhão na rodovia? Fácil, extremamente fácil…

Pimenta na relação

E é possível ficar melhor. Ao lado da alavanca do câmbio, uma tecla permite mudar o modo de condução para Sport. O ponteiro do conta-giros no bacana quadro de instrumentos configurável - e com coloração vermelha nesta versão - sobe rapidamente e percebo que vem coisa boa por aí.
O motor passa a trabalhar em giros mais altos e suas respostas ao pedal do acelerador ficam mais espertas - assim como as da transmissão. Para apimentar o ambiente, entra em ação o atuador sonoro, que amplifica o som do motor na cabine.
A direção fica levemente mais firme e direta. Só não dá para entender um volante tão grandão para um GTS - só as costuras vermelhas, o detalhe preto brilhante e o emblema GTS o diferem de qualquer outro Polo.
Passo a caixa para o modo sequencial para usar as borboletas atrás do volante. O Polo GTS devora o asfalto sem pestanejar. Alcançar os 110 km/h permitidos na estrada é tarefa, novamente, fácil. O carro mantém a tocada mais arisca quase que todo o tempo.

Para melhorar, o acerto de suspensão privilegia toda a proposta esportiva do GTS. O jogo com McPherson na frente e eixo de torção atrás tem molas e amortecedores com calibragem mais firme. Além disso, a barra estabilizadora dianteira é 1 mm mais grossa. Mas o modelo não é rebaixado em relação aos Polo civis - provavelmente, ia arrastar em qualquer valeta ou quebra-molas.
Mas a pegada mais rígida é o suficiente para deixar a versão GTS cravada no chão. Curva para a direita, curva para a esquerda, e o hatch se mantém firme. A boa rigidez da carroceria já proporcionada pela plataforma MQB e o bloqueio eletrônico do diferencial (XDS+) fazem o resto.

Agora, os detalhes

Pois é, prometi falar dos detalhes exclusivos desta versão, e eles são muitos e necessários para pontuar a faceta esportiva do Polo GTS. O para-choque é mais robusto que o restante da linha e tem faróis auxiliares em novo desenho.
Um filete vermelho liga os faróis de full-LED, com luzes de posição também diferenciadas. A grade frontal preto brilhante traz nichos to tipo colmeia e ostenta a sigla GTS.
Nas laterais, as capas dos retrovisores são pintadas na cor preto brilhante e as rodas são de aro 17” e calçam pneus 205/50. Na traseira, spoiler no alto da tampa em preto brilhante, para-choque mais encorpado, lanternas de LED com seções diferenciadas e ponteira dupla do escapamento.

Dentro, o acabamento decepciona como no restante da linha. Muito plástico rígido, algumas falhas de encaixes nos painéis e uma barulheira de plástico batendo em cada buraco. A cabine com elementos escurecidos, contudo, dá uma amenizada.
Os bancos da frente são inteiriços, como dita a cartilha de esportivos ou esportivados. Têm abas firmes, que seguram bem o corpo do motorista e do carona - especialmente naquelas curvinhas que citamos. Eles são revestidos com um misto de couro e tecido, trazem linhas horizontais no desenho e a inscrição GTS em relevo.

Uma placa com a sigla GTS aparece na soleira das portas. A cor vermelha dá seus toques no interior. A cor está nas molduras das saídas de ar, na base da alavanca do câmbio e nos tapetes - e no volante revestido de couro, como citado.

Equipamentos

Um dos destaques do Polo GTS é o sempre elogiado Active Info Display, o quadro de instrumentos configurável. O modelo também é vendido com controles de estabilidade e tração, assistente à subida em rampas, sensores de estacionamento na frente e atrás com câmera de ré e retrovisor eletrocrômico.
Ar-condicionado automático, chave presencial, start/stop do motor, sensores de chuva e crepuscular também estão inclusos. O multimídia vem com tela de 8”, CD player, conectividade Android Auto e Apple CarPlay, GPS, Bluetooth e comando de voz.

As cores podem fazer o Polo GTS passar dos R$ 100 mil - só o preto sólido não cobra a mais. O branco ou vermelho sólidos custam R$ 495 extras. As metálicas azul, cinza e prata - como as das fotos - cobram R$ 1.585.
O som também pode fazer o carro superar os cinco dígitos. O pacote Beats, com o sistema de som que inclui alto-falantes, tweeters, subwoofer e amplificador, inclui o recurso de variação do espaço no porta-malas e rede para objetos no compartimento. Sai por R$ 2.400.

Vale a pena?

O Polo GTS é para quem gosta de uma tocada mais arrojada e de se diferenciar em meio à multidão. Mas a maior potência e o visual cobram um preço bem elevado. Em compensação, vem com as três primeiras revisões grátis - o dono só vai gastar uns R$ 400 com a troca de itens adicionais que não constam nas visitas.
Para um carro com proposta esportiva, também deixa a desejar em outros pontos. Merecia um volante menor e com melhor pegada, maior capricho no acabamento, pedais mais firmes e até uma opção com câmbio manual - pedir configuração duas portas, ok, seria demais. Mesmo assim, diverte o motorista - e faz alguns voltarem no tempo.

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