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Volvo S60 Polestar traz o melhor de dois mundos

Sedã tem desempenho digno de esportivo e consumo de combustível que ultrapassa os 22 km/l

por Lukas Kenji

Poucas atitudes são mais inapropriadas na história das relações humanas do que gritar “gol” antes da hora. É o anticlímax do anticlímax. Se trouxermos para o universo automotivo, é como se um empolgado dono de carro esportivo destacasse os predicados de seu carango em uma roda de amigos, quando, de repente, alguém lança a máxima: “mas e o consumo”?

Tal pergunta enfezaria os proprietários de onze em cada dez esportivos. Mas não seria nem um pouco inconveniente caso o modelo em questão fosse o Volvo S60 Polestar Engineered. Por trás deste nome enjoado está a divisão esportiva da marca sueca, capaz de desenvolver um sedã que acelera rumo aos 100 km/h em 4,4 segundos a partir da inércia, mas que também pode cumprir com um consumo de combustível médio na casa de 22 km/l.
Estamos diante, portanto, de um exemplar pouquíssimo badalado, mas que pode ser considerado um dos esportivos mais versáteis do mercado nacional. A solução para números tão expressivos não é nenhum segredo. A aposta está na motorização híbrida, capitaneada por um motor 2.0 turbo que desenvolve 320 cv de potência e 43,8 kgf.m de torque máximo.
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A parceria com um propulsor elétrico eleva as unidades para totais 407 cv a 5.700 rpm e 68,3 kgf.m entre 2.200 rpm e 5.400 giros. Todo esse ímpeto fica sob a batuta de uma transmissão automática de oito velocidades impecável.

Confusão

Num primeiro contato, o sedã impõe certa confusão na cabeça do condutor. Não fica claro se estamos prestes a guiar um veículo executivo que prima pelo conforto e discrição ou se estamos a poucos segundos de acordar um esportivo impetuoso que faz jus ao DNA de divisão esportiva.

Os modos de condução ajudam a esclarecer as coisas. Nos mais amenos, que priorizam o consumo de combustível, o S60 é um elegante gentleman. Progride com rapidez, mas sem chegar perto de tirar o motorista do prumo.
A tocada ganha mais emoção somente quando está acionado o modo que leva o nome da versão esportiva. Mas, ainda que interfira em parâmetros dinâmicos como suspensão, direção e velocidade de escalonamento das marchas, o sedã sueco fica longe de emular algo parecido em relação à AMG ou Motorsport, por exemplo.
Essa sensação é amplificada pela falta de elementos de decoração mais agressivos. Por dentro, os bancos esportivos frontais ficam encarregados de impor presença, junto aos cintos de segurança de tom amarelo. Mas a história não evolui. O layout do acabamento interno é de ótima qualidade, como em todo Volvo, mas não vai além.

Por fora, a máxima continua. Os para-choques são mais agressivos em relação à versão padrão, enquanto as rodas de 19 polegadas aprisionam discos de freio perfurados e ventilados de 371 mm da Brembo. Mas, não fosse a cor chamativa das pinças, era como se falássemos de qualquer S60.
Dinamicamente, os recursos mais avançados ficam por conta dos amortecedores ajustáveis assinados pela Öhlins, com regulagem manual de carga, além de uma barra anti-torção e molas mais baixas.
É claro que o Volvo também vem carregado de equipamentos semi-autônomos e de segurança. O mais sofisticado é o piloto automático adaptativo que interfere na aceleração, frenagem e também no volante.
Outros itens de destaque são ar-condicionado de duas zonas, sistema de som Harman Kardon, teto-solar panorâmico, volante com aquecimento e assento dianteiro com ajuste lombar elétrico.
Mas as telas digitais que compõem o painel de instrumentos e central multimídia continuam o maior chamariz do interior. No entanto, já é preciso fazer uma atualização no sistema para que o acesso ao Android Auto e Apple CarPlay possa ser feito sem a necessidade de cabo. Um carregador de celular por indução é outro equipamento bem-vindo.

Por falar em comodidades, é possível cravar que falamos de um sedã desenvolvido para que quatro ocupantes viajem com tranquilidade. O modelo de 4,76 metros de comprimento (o mesmo de um Audi A5, por exemplo) reserva bons 2,87 m de entre-eixos para as pernas, mas tem um túnel central altíssimo, muito por conta do posicionamento da bateria.
Já o porta-malas não é dos mais expressivos, mas também não faz feio. Geralmente, os aparatos elétricos roubam espaço do bagageiro, o que não rola no S60, que ainda oferta 442 litros, ante 375 litros do BMW 330e, a versão híbrida do Série 3.
No bagageiro, aliás, vem o cabo para recarregar a bateria do sedã. Com ela plena, o modelo pode rodar por até 49 quilômetros em modo puramente elétrico. Também é possível recarregar o sistema com a força do motor à combustão, o que pode ser útil em alguns locais longe de postos de abastecimento, mas que também derruba drasticamente os números de consumo médio do veículo.

Valores

Ainda assim, vale repetir que o Volvo tem desempenho médio superior aos 22 km/l, algo que seria impensável em um esportivo até pouco tempo atrás. E se formos além, vemos com tranquilidade que esse modelo tem um custo-benefício pra lá de satisfatório. O carro tem tabela de R$ 381.950.
Se você não fizer questão dos apetrechos dinâmicos da grife Polestar Engineered, consegue ainda um desconto de R$ 38 mil na tabela, pela versão R-Design.

Agora considere que nenhum modelo da Motorsport ou da AMG está disponível por menos de R$ 400 mil.
Assim, realmente a proposta é tentadora. Mas é preciso considerar que o Volvo S60 Polestar Engineered não entrega a mesma capacidade performática de um C63, por exemplo, embora seja apenas 4 décimos mais lento na aceleração de 0 a 100 km/h.
Ainda assim, o sueco oferece uma experiência que ocuparia uma lacuna entre o BMW 330e, um híbrido extremamente competente, mas que não chega a entregar desempenho de esportivo, e um C63, que não tem preocupações racionais e foca na performance acima de tudo.
Se você deseja aproveitar um pouco desses dois mundos, o sedã sueco é uma resposta bem convincente.

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