VW CrossFox melhora, mas conserva velhos problemas

Novo estilo está mais limpo, mas estepe na traseira e falta de itens importantes são elementos que poderiam melhorar


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Gustavo Ruffo
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- Conta-se que, na época em que o Brasil tinha imperador, os ingleses conseguiram vender até esquis para a neve por aqui. Isso é prova da mania dos brasileiros de copiar modismos estrangeiros sem questionar. Um desses modismos é a mania de ter um utilitário esportivo. Feito para rodar na terra e no asfalto, esse tipo de veículo perdeu seu propósito e, na maior parte das vezes, a única terra que viu foi a que a enchente carregou do canteiro para a rua. Quem não pode comprar um SUV sigla de Sport Utility Vehicle, em inglês, para utilitário esportivo apela para os “off-road de butique”, ou versões “aventureiras”, ou “off-road light”. O VW CrossFox é uma delas. Apesar de ter melhorado em relação a sua versão anterior, a herança off-road e a falta de ar-condicionado atrapalham o novato.

Vendido a R$ 46,09 mil, o CrossFox até que traz um bom conteúdo por seu valor básico. Retrovisores, travas e vidros elétricos, computador de bordo, volante com regulagem de altura e distância, direção hidráulica e banco traseiro deslizante não são de se jogar fora, mas um carro neste valor deveria incluir o ar-condicionado e as rodas de liga-leve de serie, para não falar de ABS e airbags duplos, equipamentos de segurança que, na Europa, são obrigatórios. E custam bem menos. Aliás, os carros lá custam bem menos, e não só por causa de imposto...

Como sempre dizemos, e as marcas japonesas sabem muito bem, carro bom de revenda traz muitos itens de conforto de série. Na hora de passá-lo para a frente, ele tem esses equipamentos compondo seu valor final. Os equipados com opcionais vêm o investimento ir todo pelo ralo, já que, na hora de fixar seu valor de tabela, o que conta é apenas o que ele traz de série. Já estava na hora de as fabricantes mais antigas do país aprenderem essa lição e oferecer aos consumidores veículos mais bem equipados em vez de tentarem rentabilizar seus concessionários com a venda de acessórios e opcionais. Quem sabe um dia?

Outro elemento que faz falta ao CrossFox é a opção de câmbio manual automatizado, chamado pela Volkswagen de I-Motion. Especialmente considerando que o Fox é o modelo nacional que melhor utiliza esse recurso, com trocas de marcha extremamente suaves, em nível bem melhor que o oferecido pela concorrência e até pelo VW Gol. Como os volumes de venda do CrossFox são baixos, talvez a marca alemã não tenha achado que valia a pena desenvolver o dispositivo para seu modelo aventureiro. Mas vale, já que esse é um item de conforto que compradores de carros nessa faixa de preço provavelmente gostariam de adquirir.

Além de não trazer itens de série importantes, o CrossFox também é penalizado pela tentativa de parecer um veículo 4x4. O estepe na traseira, por exemplo, impede que o porta-malas do carro possa ser aberto em espaços pequenos. Quem estaciona o veículo de ré tem de deixar pelo menos meio metro de distância da parede para conseguir abrir o compartimento de carga. Ou isso ou ele retira as compras rebatendo o banco traseiro, uma tarefa não exatamente cômoda...

Para piorar, o estepe do lado de fora do carro até pode ser uma bossa bacana, para os apreciadores do visual fora-de-estrada, mas quem mais gosta disso são os ladrões, que têm um pneu de aro 15” e uma roda às vezes de liga-leve ao alcance das mãos. Mesmo com a tranca especial, que é driblável, como qualquer tranca. A questão é: para que provocar a cobiça alheia quando o estepe caberia perfeitamente dentro do carro?

Falando em rebatimento dos bancos, o do CrossFox está bem mais seguro do que o polêmico sistema que acabou decepando os dedos de alguns consumidores. Mesmo assim, a VW não se furtou a colar um aviso na parte traseira do encosto do banco, em português, inglês, espanhol e francês, pedindo que ninguém rebata o banco sem antes ler o manual de instruções. Seguro morreu de velho, como diriam os antigos e sábios.

Ao volante

Como não poderia deixar de ser, o CrossFox é idêntico ao Fox no interior a não ser por alguns detalhes de acabamento, o que é bom. O Fox tem um padrão de acabamento que deixa a maior parte de seus concorrentes comendo poeira, especialmente o Chevrolet Agile, ainda novo de mercado.

Encontrar a melhor posição de dirigir, algo fundamental para uma direção mais segura e confortável, é fácil no “off-road light” da VW. Ele traz, como já dissemos, regulagem do volante em altura e distância, banco do motorista com regulagem de altura e cintos com altura ajustável. A posição de dirigir, alta, há de agradar às mulheres, mas não é das melhores para quem gosta de fazer curvas um pouco mais rápido.

Não bastassem as possibilidades de regulagem, o CrossFox também traz comandos muito acessíveis, com os botões dos vidros e do retrovisor no apoio de braço do motorista. Quem optar pelo toca-CD com MP3 e Bluetooth, infelizmente opcional, poderá comprar também o volante multifuncional, que ajuda bastante a acessar não só o sistema de som, mas também o computador de bordo do carro.

Equipado como o avaliamos, ou seja, com toca-CD com MP3 e Bluetooth R$ 1.000, ar-condicionado R$ 3.841, ABS e airbag R$ 2.850, sensores de chuva e de luminosidade R$ 985, volante multifuncional R$ 286, banco traseiro bipartido R$ 403 e sensor de estacionamento R$ 684, ele sairia por R$ 56.139, pouco mais de R$ 10 mil a mais do que seu preço original. Podia ser pior: se trouxesse teto solar R$ 2.032, pintura Laranja Atacama ou Amarelo Ímola R$ 1.701 e couro R$ 3.448, ele custaria absurdos R$ 63,32 mil. Com esse dinheiro, dá para comprar um bom utilitário usado. Com tração nas quatro rodas, mesmo.

Em termos dinâmicos, a maior altura em relação ao solo torna o CrossFox menos divertido de acelerar do que o Fox, mas nada que o prejudique ou passe a sensação de instabilidade, pelo contrário. O CrossFox, na estrada, se mostrou um bom companheiro, ganhando velocidade de modo fácil e ágil. A suspensão, apesar de alta, é firme.

Em pisos esburacados ou muito ondulados, ou seja, quase todos os que temos no Brasil, o CrossFox mostrou valentia. Dá confiança enfrentar lombadas e valetas com ele, fator que não deveria justificar um preço tão mais alto que o cobrado pelo modelo “paisano” do Fox. Em todo caso, se tem quem aceite pagar o preço, sempre haverá quem queira cobrá-lo.

A questão, no caso do CrossFox, é exatamente essa: compensa pagar mais por um Fox de “pernas compridas” e estepe do lado de fora? Se você busca o status e o visual do carro, talvez sim, apesar do problema de abertura do porta-malas. Se isso não é uma preocupação sua, olhe a versão comum do Fox com carinho. Ela vai fazer você mais feliz.

FICHA TÉCNICA – VW CrossFox

MOTORQuatro tempos, quatro cilindros em linha, transversal, refrigeração a água, 1.598 cm³
POTÊNCIA 104 cv álcool e 101 cv gasolina a 5.250 rpm
TORQUE 153 Nm álcool e 151 Nm gasolina a 2.500 rpm
CÂMBIOManual de cinco velocidades
TRAÇÃO Dianteira
DIREÇÃOPor pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
RODAS Dianteiras e traseiras em aro 15” de aço ou de liga-leve
PNEUS Dianteiros e traseiros 205/60 R15
COMPRIMENTO 4,03 m
ALTURA 1,63 m
LARGURA 1,68 m
ENTREEIXOS 2,47 m
PORTA-MALAS260 l, ampliáveis a 353 l com banco traseiro retraído
PESO em ordem de marcha 1.130 kg
TANQUE50 l
SUSPENSÃO Dianteira independente, tipo McPherson; traseira com eixo de torção
FREIOS Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
CORESBranco Cristal, Cinza Vulcan, Amarelo Ímola, Laranja Atacama, Prata Sargas, Bege Gold, Vermelho Tornado, Azul Místico, Preto Stone, Preto Magic e Preto Ninja
PREÇOR$ 46,09 mil


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