VW SpaceFox

Proprietários de modelos concorrentes avaliam a mistura de perua e minivan que começa a crescer no mercado nacional


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Luís Figueiredo
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- No lançamento do SpaceFox, a Volkswagen deixou claro: o modelo briga em dois segmentos, das peruas e das minivans. Missão difícil, para o que deve somar atributos distintos: dirigibilidade das primeiras e o espaço e a versatilidade das últimas, como explicado pelo repórter Gustavo Henrique Ruffo na avaliação de estréia do veículo.

Mas como o SpaceFox está se saindo nessa cruzada? Ele é, afinal, capaz de atender tanto a quem precisa de espaço e funcionalidade quanto a quem busca “comportamento de automóvel” ao volante pouco encontrado em uma minivan? Além disso, qual a percepção do público sobre esse modelo em relação ao que se paga por ele?

Para responder a essas e a outras perguntas, pedimos a ajuda de alguns colegas de trabalho. Todos têm um ponto em comum: são ou foram proprietários de veículos concorrentes diretos do SpaceFox. VW Parati, Chevrolet Meriva, Honda Fit, Fiat Palio Weekend e o Mercedes Classe A, um dos primeiros monovolumes a estrearem no mercado brasileiro. Além disso, estão no que se chama “momento de compra”, na hora de trocar de carro. E a perua/minivan Volkswagen tornou-se mais um elemento de peso a se considerar nessa decisão.

Cesar Senatore, publicitário, quer trocar de carro por um belo motivo: a família vai crescer. Com a chegada do segundo filho, Cesar precisa de mais espaço para levar carrinho, bolsas, bicicleta, brinquedos... E sua VW Parati já não o atende mais. Pensou logo em uma minivan, mas resolveu considerar o SpaceFox. Gostou logo do desenho do modelo e do acabamento, embora ache que há “muito plástico” – ele diz que não liga e que já está acostumado com o que chama “padrão Volkswagen”.

Mas dois pontos o desagradaram e fizeram-no colocar o SpaceFox na geladeira: o porta-malas, considerado muito estreito, e o preço. Sobre o primeiro, Cesar tem fundamento: o porta-malas do SpaceFox tem capacidade 7 litros menor do que o da Parati – 430 litros contra 437 litros, ainda que dê a impressão de ser maior. Mesmo com o banco traseiro deslizante sistema ARS, por trilhos longitudinais, o ganho não é suficiente na opinião de Cesar – “como vou levar o carrinho do bebê aqui?”. Quanto ao preço, na opinião do publicitário o modelo VW poderia oferecer mais pelo que custa: são R$ 45.600,00 na versão de entrada, com direção hidráulica, desembaçador/limpador do vidro traseiro e banco do motorista com ajuste de altura.

Se o porta-malas não é o melhor para levar carrinhos de bebê, pode atender perfeitamente a outras necessidades. Como acomodar uma completa aparelhagem de som, incluindo grandes caixas acústicas, o hobby do analista de sistemas Arthur Lima. O espaço oferecido pelo SpaceFox o fez lembrar de seu Fiat Palio Weekend, que o acompanhou em muitas aventuras. Mas para Arthur o excesso de plástico no acabamento é negativo. “Isso fica muito barulhento com o tempo, solta tudo. E o meu Ford Fiesta tem mais porta-trecos do que o SpaceFox, o que ajuda bastante”, diz ele, que continua animado com o carro VW.

Em busca de um substituto para seu Mercedes-Benz Classe A, a publicitária Fernanda Gasciarino era só elogios para o espaço traseiro do SpaceFox. “É muito confortável! Três adultos acomodam-se muito bem aqui, com muito espaço para pernas e mesmo para os quadris”. Fernanda gostou do acabamento, relevando o uso de plástico. Só ficou incomodada com a posição do cinto de segurança lateral traseiro – “pega no pescoço, é desagradável” –, com o tamanho do porta-luvas e com os botões no volante para controle remoto do rádio. Mas Fernanda ainda quer conferir um monovolume, como o Honda Fit ou o Fiat Idea, antes de tomar sua decisão.

Um Fit é o atual carro da também publicitária Fernanda Zambon, que antes do Honda teve uma Chevrolet Meriva. Tanto num quanto noutro carro nunca teve problemas com a visibilidade, o que detectou no SpaceFox. “É difícil enxergar a frente o carro, e tive que mudar minha posição habitual de dirigir para ver melhor aqui”, relatou Fernanda. Para ela, além da dificuldade em “ver” a frente do carro, a larga coluna “A” do VW limita a visão em esquinas e pode esconder um pedestre atravessando a rua – mas desse mal também padecem as minivans. E, como a posição de dirigir é mais alta, o retrovisor interno pode igualmente atrapalhar a visão numa conversão à direita. Fernanda diz que está feliz com seu Fit e que não o trocaria pelo VW, “principalmente pelo consumo de combustível, que no Honda é muito melhor do que era na Meriva e que dificilmente será igualado pelo SpaceFox”. Segundo a fábrica, com 100% de gasolina o modelo consegue a média de 14 km/l em circuito misto cidade/estrada; com álcool, são 9,2 km/l. A Honda infelizmente não declara dados de consumo ou desempenho o que merece reprovação, mas o Fit é famoso por gastar pouco combustível.

Nenhum dos entrevistados reclamou do painel de instrumentos do SpaceFox, idêntico ao do Fox – e também ao da Kombi, que tem pequenas diferenças na grafia dos números. Mesmo o conta-giros diminuto e de visibilidade prejudicada não incomodou. Todos reclamaram da coluna “C”, a traseira, que atrapalha a visão no trânsito e na hora de manobrar.

Unanimidade foi o desenho do Spacefox: agradou aos quatro – além de receber muitos elogios e chamar a atenção nas ruas.Os 37,6 cm a mais em comprimento do SpaceFox 4,18 metros ante 3,80 m remediaram uma certa indigestão causada pelo desenho do Fox, deixando-o mais equilibrado. A distância entre eixos permanece exatamente a mesma: 2,46 metros. Esse aumento da carroceria trouxe também mais 86 quilos de peso, subindo dos 1.009 kg do Fox para 1.095 kg. Embora tenha comprometido um pouco o desempenho da perua/minivan, proporcionou dirigibilidade mais agradável – em que tem a colaboração das mudanças feitas na suspensão, com eixo de torção 30% mais rígido na traseira e barras estabilizadoras de maior diâmetro, o que diminui a rolagem – inclinação da carroceria em curvas.

De acordo com a VW, o motor EA-111 flexível em combustível roda com álcool, gasolina ou qualquer mistura de ambos, de 1,6 litro de cilindrada, abastecido com gasolina leva o SpaceFox a 173 km/h de velocidade máxima, atingindo 100 km/h em 11,1 segundos, partindo do zero. Com álcool, são 175 km/h e 10,8 s no 0 a 100 km/h. Para o Fox, os números são 186/187 km/h e 10,8/10,5 segundos, gasolina/álcool.

A posição de dirigir elevada garante, sim, espaço traseiro muito bom, mas não agrada a todos. Estar tão “longe do chão” transmite sensação estranha e causa insegurança nas curvas feitas em velocidade alta – reflexo também da inclinação da carroceria, que embora minimizada ainda se faz presente. Melhor seria ter posição de dirigir mais baixa, próxima do chão. Mas isso acabaria com o maior trunfo do Fox/SpaceFox.

Na cidade o SpaceFox é ágil e seu câmbio mostra-se adequado, com engates precisos e leves, e escalonamento de marchas bem acertado. Já o comportamento em estrada sofre com as marchas curtas, e o carro cruza a 120 km/h com o conta-giros chegando às 4.000 rpm, o que aumenta o nível de ruído na cabine e incomoda pela sensação de motor esgoelando.

Seu consumo, embora a fábrica aponte números mais otimistas, ficou bem abaixo do declarado. Na cidade, o SpaceFox é gastão com álcool e nem tão econômico com gasolina, atingindo as marcas aproximadas de 6 km/l e 8 km/l, na ordem. Em percurso rodoviário seus números melhoram, mas ficam igualmente aquém dos anotados pela VW.

A versão avaliada, Comfortline R$ 47.900,00, trazia todos os equipamentos oferecidos como opcionais, além de direção hidráulica e ar-condicionado, itens de série. Estavam lá airbag duplo, freios ABS e o toca-CD com leitor de MP3 – embora interessante pelo recurso, o sistema carece de maior fidelidade sonora, deixando a desejar nesse aspecto.

A conclusão é que o SpaceFox tem, sim, atributos para agradar a gregos e troianos – a quem gosta de peruas, assim como a quem gosta de minivans. Mas sua tarefa será mais difícil do que parece, já que, assentada a poeira do lançamento, a realidade salta aos olhos e é, digamos, um tanto “plástica”.
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