Yamaha YZF-R1M: nunca foi tão fácil ir tão rápido

Menos peso, mais potência e tecnologia derivada da MotoGP
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Agência Infomoto
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Após uma sessão de 25 minutos na pista a moto entra nos boxes. Por wi-fi, o piloto descarrega os dados de desempenho em um tablet. Informações como o melhor tempo, a velocidade máxima, a inclinação nas curvas e até mesmo a atuação dos controles eletrônicos está ali na tela a sua frente. A cena poderia ser de um treino em qualquer etapa do Campeonato Mundial de MotoGP, não fosse a nova Yamaha YZF-R1M a moto estacionada nos boxes. Fabricada em série, a versão topo de linha da superesportiva japonesa ganhou novo visual, perdeu peso e ficou mais potente. Para domar os 200 cv traz uma tecnologia embarcada semelhante às motos de corrida e um preço estratosférico: R$ 169.900, vendida apenas sob encomenda.

Lançada no exterior em 2015, a mais recente geração da famosa superesportiva japonesa só desembarcou por aqui neste ano. Redesenhada do zero, a nova R1M foi projetada para oferecer desempenho avassalador, mas com um controle inigualável.

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Para isso, a Yamaha adotou o que há de mais moderno na tecnologia embarcada. Além do sistema que permite analisar o comportamento da moto por meio de um aplicativo para tablets e smartphones, a grande inovação é a instalação de uma Unidade de Medição Inercial (Inertial Measurement Unit, ou “IMU”) de seis eixos, o que possibilita uma leitura precisa da posição da moto nos eixos lateral, transversal e longitudinal, além de detectar as forças de aceleração em outros três eixos. A IMU foi instalada pela primeira vez em uma moto de rua justamente nesta esportiva japonesa.

As informações da tal “IMU” são enviadas a uma central eletrônica de 32-bits, a mesma capacidade de processamento dos videogames de última geração, que faz 125 cálculos por segundo para regular a atuação dos inúmeros controles eletrônicos existentes na R1 com mais precisão e eficiência. E não são poucos. Controle de tração com nove níveis de atuação, controle de derrapagem lateral, sistema anti-empinada com três níveis de ajustes, controle de largada, freios ABS unificados e o câmbio eletronicamente assistido. 

Na R1M, a versão avaliada, soma-se a toda essa tecnologia o conjunto Öhlins Electronic Racing Suspension (ERS), o conjunto de suspensão eletrônica da marca sueca. Além de funcionar como uma suspensão ativa, o ERS permite ajustes “manuais” mais precisos. A R1M também sai de fábrica com uma central de comunicação e a antena GPS para permitir a telemetria ou por ajustes por meio dos aplicativos móveis.

Mais leve e potente

Toda essa tecnologia presente na nova Yamaha R1M, e também na R1 standard, foi adotada para que o piloto possa controlar essa esportiva focada principalmente em seu desempenho nas pistas, único local apropriado para aproveitar tudo que ela tem a oferecer.

Essa herança das provas de motovelocidade já aparece no visual e no porte do modelo. A YZF-R1 abandonou o design com um conjunto óptico duplo que a caracterizava desde que foi criada há 18 anos. As linhas, assim como toda a tecnologia, agora são herdadas da M1, protótipo da MotoGP pilotado por Valentino Rossi e Jorge Lorenzo, campeão mundial da categoria em 2015.

A carenagem limpa tem dois discretos filetes de LED para a iluminação diurna, enquanto a iluminação principal é feita por dois canhões de luz que ficam escondidos. Na R1M, a carenagem, o para-lama dianteiro e outras peças são feitas em fibra de carbono, reforçando ainda mais o visual “racing”.

Ao montar na R1M, o porte compacto lembra uma esportiva menor de 600cc em função da curta distância entre-eixos (1.405 mm). Subquadro e rodas de magnésio deixaram-na mais leve: 179 kg a seco (199 kg pronta para acelerar).

O motor de quatro cilindros, mais compacto, tem tudo novo: do curso e diâmetro dos pistões, bielas fraturadas e até o cabeçote. Mas ainda se beneficia do virabrequim crossplane e seu intervalo de ignição desigual (270°-180°-90°-180°), o que proporciona um controle maior sobre o torque transmitido à roda traseira. Ganhou melhor alimentação com mais volume de ar para produzir 200 cavalos de potência máxima a 13.500 rpm.

Na pista

Depois de tanto papo técnico era hora de entrar na pista do autódromo Velocittá, no interior de São Paulo. Embora seja compacta, a nova R1 proporciona excelente encaixe até para pilotos mais altos e o bom espaço permite se movimentar com facilidade sobre ela – como nas versões anteriores.

A resposta é quase que instantânea em função da construção crossplane e de um acelerador eletrônico mais moderno. Desde os médios giros, o motor já demonstra um fôlego impressionante e empurra bastante até o limite de rotações.

Já na segunda volta, abro todo o gás na entrada da reta principal e sinto a frente levantar alguns centímetros antes de a eletrônica atuar e colocar a roda dianteira no solo. O câmbio de seis velocidades – com as três primeiras bem curtas – conta com a ajuda do Quick Shift e permite somente subir as marchas sem a necessidade de usar a embreagem: em quarta marcha, no final da reta, havia ainda mais giro do motor e o painel marcava 238 km/h – a telemetria mais tarde revelaria que a velocidade real era de 209 km/h.

Era hora de colocar os freios para funcionar: grandes discos duplos com pinças radiais na dianteira e um disco simples na traseira trabalham em conjunto com a eletrônica para reduzir a velocidade na entrada da primeira curva. Mal se nota o ABS unificado atuar, para isso é preciso realmente exagerar na dose ou errar a frenagem.

O ajuste esportivo da suspensão mantém o conjunto dianteiro na trajetória, enquanto a moderna eletrônica cuida para que a traseira não derrape, mesmo que você abuse do acelerador. Somente em uma das curvas mais rápidas do circuito em subida, tive a sensação que a traseira quis derrapar – impressão depois confirmada pela telemetria da moto.

Com todos os controles eletrônicos regulados em posições intermediárias, era possível acelerar sem medo e ainda assim aproveitar tudo que a nova R1M pode oferecer em uma pista. Esse aspecto é o que mais surpreende na superesportiva: diferentemente de outras tecnologias voltadas mais para a segurança, a avançada eletrônica que a Yamaha adotou não atrapalha a experiência de pilotar esportivamente. Para mim, nunca foi tão fácil ir tão rápido em uma pista.

Bem-vindo ao futuro

Após dois anos de seu lançamento, quando o CEO Global da Yamaha afirmou que a empresa apontava para o futuro com a nova geração da YZF-R1, sou obrigado a concordar com Hiroyuki Yanagi.

Com um motor menor, mais leve e mais potente, combinado com um chassi igualmente compacto e uma eletrônica extremamente sofisticada, a superesportiva japonesa traz um pacote completo que as outras fábricas terão que se esforçar para superar. A nova Yamaha YZF-R1M eleva o patamar do segmento e dá boas-vindas ao futuro.

Mas seu sucesso pode ser comprometido pelo alto preço da moto em nosso mercado. Fabricada apenas no Japão, a nova R1 será prejudicada pela alta do dólar e os elevados impostos para motos importadas no Brasil. O preço da versão avaliada, a R1M, foi de R$ 169.900 em seu primeiro lote - o modelo é produzido em série, porém em quantidades limitadas, e o valor das futuras encomendas irão depender da variação cambial.

Mas mesmo a versão standard, cotada a R$ 125.900, que traz toda a tecnologia embarcada - exceto pela suspensão eletrônica e a central de comunicação que permite fazer a telemetria - também está com preço mais salgado do que as concorrentes, como a BMW S 1000RR (R$ 75.900) ou a recém-chegada Ducati 1299 Panigale S (R$ 89.900). 

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