O que torna um carro esportivo? Muitos vão dizer que são os “números de desempenho”. Gerar cerca de 300 cv de potência, chegar aos 100 km/h em aproximadamente 5 segundos ou mesmo superar os 300 km/h. Alguns ‘bólidos’, no entanto, existem para desmistificar isso. Um exemplo é o Toyota GT86, modelo que não é comercializado no Brasil, mas que o WebMotors teve a oportunidade de testar pelas ruas e avenidas brasileiras.
O GT86 é equipado com motor 2.0 boxer da Subaru que desenvolve ‘apenas’ 200 cv de potência a 7.000 rpm e torque de 20,8 kgf.m a 4.400 giros. Com estes números, a aceleração de 0 a 100 km/h é em 7,7 segundos e a velocidade máxima belisca os 230 km/h.
Como podemos ver, os dados de desempenho do Toyota são básicos. Então o que faz dele um esportivo?
CONFIRA O VÍDEO:
A resposta é simples: todas as outras características! A principal delas é, sem dúvida, uma receita já consagrada: motor dianteiro, tração traseira, menos de 1.300 kg (são 1.257 kg) e suspensão extremamente firme. Podemos ‘salpicar’ esta mistura com uma transmissão manual de seis marchas. E para harmonizar, que tal controles de tração e estabilidade, que podem ser desligados apertando dois botões no console central?
Outros pontos que agregam esportividade ao japonês é a posição baixa ao volante – a sensação de estar sentado no chão -, os bancos dianteiros esportivos tipo ‘concha’ com ajustes manuais e o ronco proporcionado pelo sistema de escapamento, que conta com duas saídas. O design também exala esportividade.
RODANDO
Durante a avaliação, chegamos à conclusão – e não precisamos rodar muito para isso – que apesar de dócil para rodar nos grandes centros, o Toyota é avesso a ambientes urbanos. Além da suspensão rígida e da transmissão manual, como já comentamos, o GT86 tem pedal da embreagem longo e mais rígido do que o normal. E a direção, apesar de elétrica, não é tão suave como em alguns veículos que buscam proporcionar conforto em vez de desempenho.
Na estrada, porém, as coisas mudam. E para muito melhor. Em trechos sinuosos, a receitinha mencionada acima revela sabor delicioso. A tração traseira ajuda a apontar a dianteira para a saída das curvas, ampliando a diversão. Com os controles eletrônicos ligados, o GT86 parece caminhar sobre trilhos. Com eles desligados, tudo fica mais emocionante e perigoso – não recomendamos.
O conjunto motor e câmbio tem sintonia fina perfeita. A caixa auxilia o motor a trabalhar em média e altas rotações, onde entrega melhor desenvoltura. Os engates precisos – curtos e extremamente justos – também agradam demais.
O ponto negativo vai para o interior. O excesso de vermelho utilizado nos detalhes deixa o visual cansativo. Até certo ponto brega. Menos vermelho e mais preto melhoria muito. Outra falha é o sistema de som antigo, com iluminação verde, destoando de todo o resto. Uma central multimídia com sistema de navegação GPS e tela sensível ao toque agregaria comodidade sem, porém, tirar sua esportividade.
Agrada o painel de instrumentos, com conta-giros maior e posicionado ao centro. Além de contar com um discreto quadrado que mostra a revela de forma digital, no topo o shift light pisca quando beliscamo as casa dos 7.000 rpm. O velocímetro, menor, está posicionado à esquerda. E os demais leitores, à direita.
CONCLUSÃO
O Toyota GT86 é, definitivamente, um esportivo sem números fantásticos, mas com um prazer ao volante estratosférico. E talvez esteja ai seu charme. Seu maior poder de sedução. É um carro para bater de frente com o novo Honda Civic Si e seu motor 2.4 aspirado de 209 cv e 23 mkg.f de torque. Seu principal porém, no entanto, está no preço. Fabricado no Japão, chegaria com preço muito elevado por conta da pesada carga de impostos e do dólar valorizado frente ao real. Hoje, seria inimaginável um GT86 no Brasil por menos de R$ 150 mil. Mas o fato de a Toyota manter duas unidades do ‘bólido’ em sua frota aqui no Brasil, nos faz ter esperanças de que o plano de importar oficialmente a ‘fera’ ainda existe. E é nesta esperança que nós, aficionados por carros, nos agarramos.
PS: O Toyota GT86 também seria um excelente companheiro de track day. Ainda mais se um pouco da eletrônica fosse alterada para dar um pouco mais de saúde. Mas isso é papo para uma outra conversa...
Consulte preços de carros novos e usados na Tabela Fipe e WebMotors.