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Geely EX2: um novo líder no pedaço?

Confira quais são as armas desse novato para brigar pelo cliente dos elétricos de entrada

por Evandro Enoshita

Nunca se vendeu tanto carro elétrico no Brasil. Dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) apontam que, entre janeiro e outubro deste ano, foram emplacados por aqui 61.365 automóveis a bateria. Crescimento de expressivos 18,4% na comparação com o mesmo período de 2024. E, com o mercado tão aquecido, o que não faltam são novidades. Como o Geely EX2.
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Sob o guarda-chuva da Renault, a marca chinesa estreou em julho no Brasil com o SUV médio elétrico EX5. Agora, chegou a hora de explorar a faixa de entrada dos carros a bateria com o EX2, um hatch compacto que aposta forte no custo-benefício. Será que o novato é o carro certo para você?

Teste: Geely EX2 Max

Um nicho (quase) inexplorado

Mesmo com novidades chegando praticamente a cada minuto, o mercado brasileiro de carros elétricos ainda tem algumas brechas que podem ser exploradas pelos fabricantes. Uma delas está, justamente, na base da pirâmide.
É que boa parte das marcas recém-chegadas ao Brasil decidiiu apostar as fichas em SUVs na faixa a partir dos R$ 200 mil. Foi assim com a própria Geely, que priorizou o EX5 na sua estreia brasileira.
Com isso, até há pouco, quem buscava um elétrico abaixo dos R$ 140 mil tinha como únicas opções os modelos subcompactos. Carros como o Renault Kwid E-Tech e o BYD Dolphin Mini. Modelos muito versáteis no uso urbano, mas menos práticos em um uso mais amplo.

E o Geely EX2 veio justamente para quebrar essa lógica. É um hatch compacto elétrico com preço de subcompacto, além de um pacote mecânico e de equipamentos que lhe permite brigar, inclusive, com os automóveis a combustão na mesma faixa de mercado.
Na versão de entrada Pro, o EX2 sai por R$ 123.800. É pouco mais caro que um Dolphin Mini. Mas, mesmo nessa configuração das fotos, a topo de linha Max, o modelo tem no preço um dos mais fortes argumentos de venda: sai por R$ 136.800, ou R$ 13.100 a menos que o concorrente direto BYD Dolphin.
E vamos às dimensões: o Geely EX2 tem 4,13 metros de comprimento, 1,80 metro de largura, 1,58 metro de altura e 2,65 metros de entre-eixos. É porte de hatch compacto, mas com distância entre os eixos dianteiro e traseiro idêntica a do sedã Volkswagen Virtus.

Espaço de sobra. Para pessoas e malas

Com dimensões tão favoráveis, o espaço interno é - de fato - um dos pontos fortes do Geely EX2. Para quem vai na frente, a área disponível é bem boa para um hatch de dimensões compactas.
Mas leva vantagem, mesmo, quem viaja no banco traseiro. Com assoalho plano e amplo espaço para os joelhos, a sensação é de que você está viajando em um sedã compacto "dos grandes". Ou até mesmo em um três volumes médio.
E para quem tem filhos pequenos, outra vantagem: a carroceria é alta e as portas têm bom ângulo de abertura. Características que facilitam na hora de colocar ou tirar a criança da cadeirinha.

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E no visual e no acabamento? Aqui, o EX2 não destoa tanto de outros chineses. Tem cabine minimalista, com acabamento caprichado - tem até luzes decorativas em LED no painel e nas laterais de porta dianteiras - e uma multimídia de tela grande, com 14,6 polegadas.
E por falar em telas, gostei do layout usado tanto na multimídia quanto no quadro de instrumentos digital, de 8,8 polegadas. Além da ótima resolução, o grafismo também confere um ar de refinamento para o EX2.

A área para bagagens também é bem boa. São 375 litros no porta-malas e mais 70 litros no compartimento dianteiro, sob o capô. Fiz o teste e é possível guardar uma mala de bordo de 10 quilos no espaço - apropriadamente - chamado de fronta-malas pela Geely.
Só uma coisa me incomodou na cabine do EX2: o fato de a multimídia não ser compatível com espelhamento do smartphone via Android Auto e Apple CarPlay. A própria Geely reconhece que isso precisa mudar e afirma que está trabalhado numa solução.
Mas quem comprar o carro no lançamento terá que contornar essa deficiência baixando o app CarbitLink no celular. Um aplicativo que - literalmente - copia a tela do celular na multimídia. E está longe de ser uma solução prática ou ideal.

Equipamentos

Desde a versão de entrada, o EX2 tem ar-condicionado com saídas de ventilação para o banco traseiro, faróis de LED com acionamento automático, rodas de 15 polegadas, multimídia com tela de 14,6 polegadas, painel digital, seis airbags e seletor de modos de condução.
Já a versão topo de linha Max adiciona rodas de liga leve de 16 polegadas, banco do motorista com ajustes elétricos, luz decorativa configurável, câmera 540 graus, carregador por indução e o pacote ADAS com controlador adaptativo de velocidade de cruzeiro, frenagem autônoma e alerta de saída de faixa.
É uma lista bastante completa para um hatch nessa faixa de preço e porte. E não estou falando apenas dos concorrentes elétricos.

Motor e tração traseiros

Na parte mecânica, o Geely EX2 é bem diferente de outros elétricos de entrada aqui do mercado brasileiro.
A começar pelo motor de 116 cv de potência e 15,3 kgfm de torque, que é posicionado na traseira e traciona apenas as rodas traseiras. É um arranjo visto normalmente apenas em elétricos com motores mais potentes.
Esse conjunto motriz permite que o EX2 acelere de zero a 100 km/h em 10,2 segundos e atinja a velocidade máxima de 140 km/h. Equipado com uma bateria de 39,4 kWh, o Geely EX2 pode rodar até 289 quilômetros com uma carga de bateria. Uma boa marca para um elétrico de entrada.
Já o conjunto de suspensão tem o tradicional layout McPherson na dianteira. Na traseira, a coisa é um pouco mais exótica. É do tipo multilink, normalmente vista em modelos mais caros. Os freios são a disco, ventilados na dianteira e sólidos na traseira.

Como é dirigir o Geely EX2?

Já adianto que gostei bastante do Geely EX2 ao volante. Esperava encontrar características de rodagem muito mais próximas às de outros modelos importados do país asiático. Ou seja: aquele automóvel macio e totalmente voltado para o conforto. Me enganei.
A direção é leve, mas não é molenga em excesso. Mas quem merece aplausos mesmo é a suspensão, que surpreendeu justamente por não priorizar 100% o conforto e entregar um comportamento mais neutro e próximo ao de um hatch a combustão nacional.
Por ser um carro elétrico de tração traseira, estava animado para saber como o EX2 iria se comportar nas acelerações mais fortes. Mas esqueça as rodas destracionando ou a traseira rabeando.

O hatch da Geely é muito ágil mesmo no modo Eco de condução. Mas não chega exatamente a empolgar. É ágil, mas sem entregar doses cavalares de adrenalina. Mais uma vez, lembra um desses hatches nacionais com motores 1.0 turbo.
A principal vantagem da tração traseira é puramente prática: as rodas dianteiras tem um ângulo de esterçamento de quase 45 graus, o que permite ao EX2 manobrar em espaços pequenos com a mesma desenvoltura do - bem menor - BYD Dolphin Mini.
E bora falar na usabilidade. O Geely EX2 concentra uma série de comandos na tela da multimídia. Mas, ao mesmo tempo, ainda tem botões físicos para ativar o ar-condicionado ou regular os retrovisores externos.
E os atalhos na tela central também facilitam na hora de acessar as funções mais usadas do veículo ou alterar o modo de condução. Para ficar melhor, só se o EX2 já fosse compatível com o espelhamento do smartphone.

Quanto custa para rodar com o Geely EX2?

Vou falar primeiro do custo de recarga. Encostei em um eletroposto com 28% de carga da bateria e autonomia restante de cerca de 100 quilômetros.
Depois de 50 minutos plugado no carregador, encerrei a recarga com a bateria cheia e autonomia para rodar exatos 356 quilômetros. Valor superior ao do alcance oficial por considerar o perfil de uso do veículo no momento.
No final das contas, gastei R$ 76,08 para conseguir um alcance de mais 250 quilômetros. Lembrando que os eletropostos são a forma mais rápida de carregar um elétrico. Mas, de longe, a mais cara também.
E, agora, falando no custo de revisão. O plano de manutenção do Geely EX2 prevê serviços obrigatórios a cada 20 mil quilômetros ou um ano. Apenas para as três primeiras paradas, o proprietário irá desembolsar R$ 1.310.
Lembrando que a garantia é de seis anos ou 150 mil quilômetros para o veículo, enquanto a da bateria motriz é de oito anos ou 150 mil quilômetros.
Fiz também a cotação do seguro no Auto Compara. Para ter a cobertura completa, o dono do EX2 Max terá que desembolsar entre R$ 2.494,10 e R$ 2.959,96. Isso no perfil de um homem, 38 anos, casado e morador da capital paulista. E não custa nada lembrar que esse valor é sem bônus ou eventuais descontos.

Vale a pena comprar um Geely EX2?

O Geely EX2 entrega preço competitivo - mesmo nessa versão de topo Max - além de bom desempenho e autonomia longa para um elétrico de entrada. De quebra, ainda é espaçoso, bem equipado e bom de guiar.
Olhando apenas para o produto, o EX2 tem, sim, potencial para se tornar um dos líderes entre os carros elétricos no mercado brasileiro.
Mas eu e você sabemos que o mercado automotivo é cheio de variáveis e não dá para cravar com 100% de certeza, certo? Afinal, não param de surgir novidades nas lojas.
E, no final das contas, é o consumidor quem sai ganhando. Veja também
Oferta Relacionada: Marca:GEELY Modelo:EX2

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