Carro é coisa de mina! O Lancer de Carol Cussiol

Em um mundo que luta a cada dia contra o machismo, contamos a história do modelo que a designer projeta pelo Instagram

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André Deliberato
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Estamos em 2016. Caroline Felipe Cussiol, designer gráfica, 26 anos, tem um Ford New Fiesta com algumas modificações estéticas, mas está cansada dele. Até que em um dia daquele ano ela entra em uma oficina e vê um Mitsubishi Lancer Evo vermelho de costas em um elevador. A partir daquele momento, seu mundo mudaria completamente - e você vai conhecer essa história a partir de agora.

Venha para 2020. Carol conquistou seu Lancer, mas a grana que juntou para comprá-lo não permitiu que fosse um Evo. "Me apaixonei na hora por aquele carro, mas não tinha dinheiro para a versão mais esportiva. A partir dali, decidi montar um projeto de um Lancer que fosse tão bonito quanto um Evo, da cor que eu queria. Tinha que ser do jeito que estava na minha cabeça", revela.

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Lancer Evo Original
Este foi o Mitsubishi Lancer Evo que Carol viu na loja de escapamento - o sonho começava ali
Crédito: Arquivo pessoal
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Projetado pelo Instagram

Desde o começo desse ano, Caroline Felipe Cussiol conta com ajuda de amigos e seguidores do Instagram de seu carro para tomar as próximas decisões de seu projeto - que se chama Project Lancer SV. O "SV" significa "Shelby Vrum" - o 'S' é de 'Shelby', nome dado em homenagem a Carroll Shelby; e o 'V' é de 'Vrum', apelido recebido pelas amigas. Para seguir, procure @projectlancer.sv.

"A ideia de criar a conta veio de uma amiga que ama meu carro. Foi a Ana Letícia. Ela falou para eu fazer o Insta na expectativa de as pessoas curtirem meu projeto e, quem sabe, até ganhar algumas coisas relacionadas a ele. Eu sempre tive preguiça e medo do público masculino, porque tem muito machista nesse ramo", conta.

Mas felizmente Carol se surpreendeu com a quantidade de reações positivas. "As pessoas me apoiam para caramba, é a coisa mais legal do mundo. E eu até me complico com as enquetes do projeto, porque nas votações das decisões que tomo sobre ele muitas vezes os seguidores escolhem as opções mais caras, como foi o caso dos bancos", comenta, antes de gargalhar.

"Acredite, os comentários são sempre muito construtivos e sempre me elogiam. Eu realmente estou muito surpresa quanto a isso, porque quando você expõe o seu sonho isso pode trazer coisas negativas de pessoas que não pensam como você", explica.

Carro do dia a dia

O Lancer de Carol também é o modelo que a designer gráfica usa diariamente. "Quarta-feira é o dia mais triste da semana, porque é seu rodízio e é quando vou trabalhar com o carro do meu pai. Fico até triste de não poder rodar com o SV, que tem o cheirinho que eu escolhi. Aquele carro é minha vida, ele não sai de moda", comenta, sempre empolgada quando o assunto é o sedã da Mitsubishi.

Carol entrega que os pais não gostam muito do carro. "Antes de comprá-lo, havia dito ao meu pai que não faria nada nele, mas no segundo dia já tinha trocado o escapamento. Eles não desgostam do veículo em si, mas sabem que dedico muito tempo e muita grana para ele. O que, em teoria, me impede de crescer financeiramente", explica e se diverte, ao mesmo tempo.

"Na real, eles acham o SV bonito. Meu pai acha desconfortável e exagerado, mas é porque eles não andam no carro como deveriam. E minha mãe acha barulhento, fato que faz todo mundo olhar para ela. E ela não gosta", diz Carol.

Fiesta Da Carol
Este era o New Fiesta de Carol, que foi trocado em 2016 pelo projeto do Lancer SV
Crédito: Arquivo pessoal
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Tem mais: criar uma conta para o Lancer no Instagram ainda proporcionou a Carol novas amizades e viagens. "Fiz amigos incríveis e os melhores rolês da minha vida depois que conheci gente por causa desse carro. Fiquei muito próxima a muitas pessoas e voltei a frequentar grupos dos quais estava desapegada Criar essa conta foi uma das melhores coisas que fiz nos últimos anos", conta.

A designer prefere não citar os amigos nominalmente, mas ressalta que eles até fazem uma linha de frente de apoio ao seu projeto. "Não vou citar todos os nomes para não esquecer de ninguém, mas criei amizades extremamente gostosas com várias pessoas que estão comigo para tudo. Eles até me defendem: qualquer comentário negativo ou mais pejorativo nas fotos ou nos vídeos eles rebatem e me protegem. É realmente muito legal, a gente meio que se trata como família", afirma Carol.

A história do Lancer

Carol comprou o Mitsubishi Lancer 0 km com a cor específica que queria, um tom perolizado chamado de cinza Londrino. "Ele veio pelado, mas eu já tinha optado à parte pelas saias laterais, um aplique no para-choque que só vinha nos Lancer importados [NR: caso das versões Rallyart e Evo] e um envelopamento preto, além do aerofólio da versão GT", relembra.

Depois de algum tempo, ela passou a comprar adesivos em um tom de azul turquesa para o carro - que hoje podem ser vistos no logotipo da Mitsubishi no volante, nas rodas e no tow hook (gancho) dianteiro.

O aerofólio foi um dos acessórios que cresceu de tamanho com o tempo. "Achei que o pequeno seria suficiente e paguei por ele. Mas não, tinha que ser o do Evo. Mandei pintar e achei que pararia por ali. Não de novo. Comprei o capô do Evo, que foi uma nota por ser de fibra de vidro, e envelopei tudo de carbono", explica Carol.

E você acha que parou por aí? "Claro que não! Cheguei até a mandar fabricar um splitter dianteiro que nunca havia sido feito para o Lancer. Ou seja, por causa do meu carro vários Lancer por aí agora têm esse splitter, que foi criado devido ao meu projeto", celebra a designer gráfica.

Mitsubishi Lancer SV de Carol Cussiol
"Todo Lancer que tiver splitter no Brasil só usa o equipamento porque foi o meu SV quem o criou", conta Carol
Crédito: Arquivo pessoal
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Respiro por dois anos

Completíssimo? Quase. Depois dessa primeira investida nos anos iniciais, Carol ficou um bom tempo sem mexer no carro, mas aproveitou para curtir cada momento ao lado dele - lembrem-se que, até então, só o visual do carro havia sido modificado. O motor, portanto, era o Mivec 2.0 original, aspirado a gasolina, de 160 cv e 20,1 kgf.m de torque.

"Eu apenas coloquei um intake [WM1: filtro de ar mais esportivo] que só me faz perder potência na realidade, mas a ideia era turbinar e fazê-lo chegar a 260 cv ou 280 cv, como no Evo [WM1: que tem 295 cv e 37,3 kgf.m de torque]. Só de ouvir meu carro 'espirrar' seria um sonho, afinal, a gente que gosta de carro quer muito ter um 'turbão' na vida, né?", revela Carol.

O que vem por aí

Depois de duas temporadas sem investir no Lancer, Carol voltou com tudo com seu projeto, o que fez com que a designer criasse a conta do carro no Instagram. "Decidi trocar as rodas e quis até comprar os bancos Recaro do Evo, que são lindos, mas não tive condição de assinar o cheque. Apelei ao Instagram e acabei por decidir levar para casa esses da Corbeau".

Carol também customizou os faróis dianteiros, que ganharam projetores de LED, máscara negra e até Demon Eyes, recurso que faz a iluminação oferecer o tom turquesa que pode ser encontrado em outras partes do veículo. "A última atualização foram as molas esportivas da Eibach para dar uma rebaixada no carro, que era muito alto", conta.

Deu para perceber o quanto Carol entende do assunto? Mas quando "acaba" o projeto? "Ainda estou longe do final, coisa que imagino que nunca irá acontecer. Ainda tem muita coisa que quero fazer, como comprar os para-lamas com entrada de ar do Evo, trocar as rodas mais uma vez e, claro, turbinar o motor, além de aplicar várias partes do veículo de carbono. Mas não vou dizer quais são para não dar spoiler", antecipa.

"O SV é um sonho. Se você somar tudo que já gastei até agora ao preço do carro original, daria até para comprar um Evo. Mas esse é o meu projeto. É um carro que me trouxe coisas infinitas, que não tem como acabar. Eu investi tudo isso para que eu pudesse realizar a conquista da minha vida. Acredite, é a coisa mais incrível do mundo olhar para trás e ver o projeto que criei, do jeito que queria, com minha cara e minha personalidade. Nunca vou ficar satisfeita, mas sempre estarei realizada", finaliza.

Carol customizou os faróis, que ganharam projetores de LED, máscara negra e até "Demon Eyes"
Crédito: Arquivo pessoal
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