Insano: rodamos no carro de um piloto de rali!

Sentamos no banco do carona de Guiga Spinelli, pentacampeão do Rally dos Sertões, que não tirou o pé com o WM1 a bordo

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André Deliberato
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O que vou descrever agora, aqui para vocês, parece loucura, mas aconteceu e foi mais incrível do que descer de montanha russa (para quem tenta imaginar adrenalina parecida): fomos de carona em um carro de rali profissional e sentimos na pele como é a vida de um navegador.

A palavra antes do título já dá um spoiler da sensação: foi insano! Mas calma, vamos voltar um pouco no tempo. A notícia é que a Mitsubishi vai voltar a disputar, este ano, com equipe oficial, o Rally dos Sertões - após um hiato de sete anos. As etapas acontecem entre os dias 11 e 19 de agosto.

Guiga Spinelli, pentacampeão da competição, piloto que por duas vezes esteve entre os nove mais rápidos do Rally Dakar e titular da equipe de pilotagem da fabricante japonesa, voltará a competir.

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Mitsubishi L200 Sertões (1)
Guiga Spinelli e Paulo Fiuza vão em busca do título na L200 preparada para o Sertões
Crédito: Murillo Mattos / Divulgação
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Rali de velocidade!

Existem dois tipos de rali, apesar de diversas segmentações: os de velocidade e os de regularidade. Spinelli corre no de velocidade, aquele em que os carros parecem atravessar fazendas a mais de 200 km/h e onde o navegador, na realidade, é o responsável por tudo que o piloto faz.

O navegador de Guiga este ano será o português Paulo Fiúza, que já navegou para o brasileiro em várias outras competições - a última vez foi em 2014.

Só que uma semana antes do fervo começar, quem navegou para o Guiga foi este repórter que vos escreve. E foi daquele jeito: Guiga NÃO TIROU O PÉ e engoliu curvas, bumps de terra e descidas como se a morte não importasse. Não dava tempo nem de ler o próximo passo na apostila.

Na realidade a volta rápida com o piloto durava cerca de 3 min. Quase como um rolê de montanha russa, só que em uma escala ainda mais alucinante, já que no brinquedo sabemos que o carrinho anda sobre trilhos.

Na L200 Triton Sport Racing o traçado era de areia e cascalho em uma volta de quase seis quilômetros na Fazenda Velocittá - e obviamente o braço de Guiga. Ou seja, se ele errasse, já era.

Ou não, já que ralizeiros têm bizarramente esse costume de "celebrar" a capotada. Vai entender...

Antes de contar como foi a volta, também precisamos noticiar que este escriba pilotou a L200 Triton Sport R, uma versão da picape preparada para corridas que atende à categoria T2 da FIA. No mesmo traçado da volta do Spinelli, em velocidades até que altas... Mas longe do que estava por vir.

Também guiamos, no retorno para São Paulo, a novíssima versão Savana da picape. Em breve, aqui no WM1, você poderá conferir as primeiras impressões da variante tão querida pelo público brasileiro.

Volta (ultra) rápida

Cintos ajustados - na posição mais apertada possível, espremendo tudo que desse -, um tubo com saída de ar-condicionado à minha frente que nem parecia estar ali e um calor infernal.

Guiga me pergunta: "Quer sair na manha na zona controlada e fazer uma espécie de 'launch control' ou já posso ir no gás?"

Apesar de quase ter dado uma pipocada, eu estava ansioso e queria aquilo. A resposta foi rápida: "vai sem dó".

L200 Triton Savana Sertões
A L200 Triton Savana Sertões é a configuração "civil" que comemora a participação da marca na competição
Crédito: Divulgação
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A L200 Triton Sport Racing usa um motor V8 5.0 aspirado de mais de 400 cv e tem câmbio sequencial. Tem  1.850 quilos, mas vale lembrar que 500 são para o reservatório de gasolina - ou seja, é um carro V8 que pesa cerca de 1.300 quilos.

Não existe dado oficial de zero a 100 km/h, mas pode apostar que isso acontece em menos de 4 segundos. Esse ano, porém, há uma limitação de velocidade: a máxima será de 170 km/h. NA TERRA.

Guiga pisa mesmo na zona de radar e parece que a loucura já começou. Mal eu sabia que aquilo era só um aquecimento.

Chegamos na zona cronometrada, paramos na fotocélula - aquele tradicional aparelho de medição de largadas em ralis - e Guiga lança um "Tá preparado?". Importante: se eu estivesse de fralda, já teria usado. Antes da questão que ele tinha acabado de fazer.

Ele acelera sem dó e, como eu disse, a sensação é de que qualquer erro seria fatal. Uma capivara que cruzasse o traçado faria o carro voar longe e capotar diversas vezes. Mas Guiga conhecia o traçado e o carro.

A tocada de pilotagem de rali é completamente diferente daquela em uma prova de pista como nós, avaliadores de carros e "pilotos" amadores, estamos acostumados a tocar. A freada é 100% antes, em linha reta, e na curva o pé vai lá embaixo no acelerador.

A traseira de um carro de rali parece estar sobre um skate posicionado para a lateral, de tão solta. Guiga entrava em curvas pelo ar, já com o volante posicionado para o lado onde queria que o carro fosse. Insano, assustador e incrivelmente impressionante estar do lado dele.

Sem exagerado, foi a maior experiência onboard que vivi nesses 15 anos em que trabalho nessa área.

Parágrafo especial para falar sobre o absurdo que é a suspensão do protótipo em que estávamos - que é justamente o carro que Guiga Spinelli vai usar nos Sertões. Voava, recebia pancada atrás de pancada, chiava... Mas "prendia" a picape no chão como se a pista tivesse ímãs. Show de tecnologia.

No trecho final, Guiga acelera em uma subida a uns 150 km/h, as árvores do cenário passavam como se estivessem se movendo no sentido contrário e o carro dá três pulos seguidos. Ainda bem que isso tudo aconteceu antes do almoço.

A volta termina e Guiga pergunta se estou bem. "Foi incrível, faria de novo", respondo. Agora imaginem os profissionais que fazem isso durante mais de cinco horas, todos os dias, por uma semana? Pense em como deve ser a vida do navegador, que não pode cometer erros durante todo esse tempo e ainda precisa parar para desatolar o carro ou trocar os pneus em eventuais obstáculos... Loucura, né?

Máximo respeito ao Guiga e máximo respeito aos navegadores de rali de velocidade. É preciso muito preparo físico e psicológico para enfrentar esse tipo de prova.

Por fim, fica nesta reportagem a história o meu registro de agradecimento à Mitsubishi por ter me proporcionado uma das experiências mais alucinantes da minha vida. Que momento!

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