Uma volta de Jeep Renegade e Compass pelo Jalapão

Percorremos 800 km pelo deserto encravado no cerrado brasileiro a bordo dos dois modelos da marca feito no Brasil

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Rodrigo Ferreira
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O termômetro do carro marcava 35 graus e os ponteiros do relógio ainda não haviam passado das sete horas da manhã (isso mesmo, apenas 7h). O céu azul, praticamente sem nuvens, era o prenúncio de que a situação iria piorar rapidamente. Estava em Palmas, capital do Tocantins, mais novo estado brasileiro, criado há 29 anos, porta de entrada para a região Norte do país.

Nas próximas quarenta e oito horas o desafio seria vencer 800 quilômetros de trilhas, sendo 500 km delas cumpridas em piso de terra, com travessias de trechos alagados, sem estradas definidas, areia muito fofa e buracos que lembravam crateras com fósseis da era mesozoica.

O objetivo: explorar as belezas do Jalapão, o parque estadual mais conhecido como um deserto encravado no meio do Brasil, desejo de dez entre cada dez amantes do off-road. Lugar único no nosso país, uma mistura de dunas, cachoeiras, grandes planícies com vegetação de cerrado ralo e de enormes campos com veredas. Ou seja, aquela terça-feira prometia.

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Jeep Renegade Jalapão
Jeep Renegade Jalapão
Crédito: Jeep Renegade Jalapão
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O transporte: uma caravana com modelos da Jeep, sete Compass (nas versões Longitude e Trailhawk) e outros sete Renegade (nas mesmas configurações do irmão), todos com motores 2.0 turbodiesel e câmbio ZF de nove velocidades. Outros dois Wrangler nos acompanhariam como equipe de apoio. Nosso pequeno grupo de jornalistas foi convidado para o “Jeep Experience”, programa da marca para divulgar, claro, a capacidade de seus carros, mas também, como bem lembrou Ricardo Dilser, assessor da marca, “para lembrar que os veículos são meros instrumentos de mobilidade para grandes descobertas”. Bora descobrir o Jalapão.

TRECHO 1: RUMO AO DESERTO

O nosso dia começou naquele calor sudanês a bordo de um Compass Longitude azul. O ar-condicionado automático nem precisava ser dual zone, já que eu e meu companheiro de expedição, o jornalista Márcio Murta (Acelerados), não pestanejamos por um segundo em escolher o modo “low”, para tentar combater o inferno que rondava o carro.

O irmão mais novo e maior do Renegade parte dos R$ 107.990, mas chega aos R$ 142.790 quando equipado com o 2.0 turbodiesel e câmbio automático de nove marchas, nosso caso. Para nossa surpresa, o modelo estava do jeito que havia saído da linha de montagem. Sem nenhum tipo de preparação especial, até os pneus 225/55 calçados em rodas aro 18 eram mais para uso em asfalto.

 Jeep Renegade e Compass Jalapão
Jeep Renegade e Compass Jalapão
Legenda: Jeep Renegade e Compass Jalapão
Crédito: Divulgação
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Do lado de dentro alguns mimos como bancos forrados em couro, central multimídia de 8,4 polegadas com Apple Carplay e Android Auto, retrovisor interno eletrocrômico, quadro de instrumentos com tela em TFT de 3,5 polegadas, sistema de som da marca Beats destoavam do cenário que iriamos enfrentar e deixavam ainda mais dúvidas sobre se o jipe daria conta do trajeto sem incidentes. Ou pior, se os carros chegariam inteiros até o fim da expedição. Uma coisa era certa: nós viajaríamos com conforto.

O primeiro trecho foi até a cidade de Novo Acordo, mais de duas horas de viagem para cumprir pouco menos de 150 quilômetros

Ainda em Palmas foi possível admirar como esta capital planejada por arquitetos cresceu exponencialmente na última década. Conheci a cidade em 1999, apenas dez anos depois de sua criação. O lugar na época era um canteiro de obras. Não havia um quarteirão sem uma grua, pedreiros e casas e escritórios sendo construídos. Hoje, a cidade tem identidade própria, vários parques, esculturas e grandes rotatórias. A população, que no final dos anos 90 era toda ela forasteira, chega agora a quase 300 mil palmenses (nome dado a quem nasce em Palmas). A interessante cidade foi o ponto de partida para a nossa viagem e, se tudo desse certo, seria também o nosso ponto de chegada.

 Jeep Renegade e Compass Jalapão
Jeep Renegade e Compass Jalapão
Legenda: Jeep Renegade e Compass Jalapão
Crédito: Jeep Renegade e Compass Jalapão
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O primeiro trecho foi até a cidade de Novo Acordo, mais de duas horas de viagem para cumprir pouco menos de 150 quilômetros. Rodovia quase toda asfaltada, até que bem conservada, porém com alguns buracos causados pela enorme quantidade de caminhões que costuma trafegar por ali. Nossa parada na cidade foi estratégica, encher ao máximo os tanques de combustível do comboio. Está aí uma dica importante para quem quer visitar o Jalapão, praticamente não há postos de combustível dentro do parque. As distâncias são longas e o consumo é alto, já que se anda em velocidades baixas. Talvez por isso o litro do diesel ultrapasse os R$ 4. Para piorar a contabilidade, o Compass e o Renegade trazem ambos tanques com capacidade para 60 litros de diesel.

No caso dos Jeep à diesel, o sistema 4X4 (Selec-Terrain) atua sob demanda e pode transferir até 100% da força para o eixo traseiro. O conjunto instalado nos Compass e Renegade Longitude traz quatro tipos de configuração de terreno (automático, neve, areia e terra)

TRECHO 2: INÍCIO DO PARQUE

Dali para frente a comodidade passou a conviver com uma massagem forçada nas costas. A partir de Novo Acordo não há mais estradas pavimentadas, a alternativa é uma rodovia de terra e cascalho que alterna momentos de areia fofa com buracos que escondem rochas pontiagudas, perfeitas para danificar a suspensão ou rasgar um pneu.

No caso dos Jeep à diesel, o sistema 4X4 (Selec-Terrain) atua sob demanda e pode transferir até 100% da força para o eixo traseiro. O conjunto instalado nos Compass e Renegade Longitude traz quatro tipos de configuração de terreno (automático, neve, areia e terra). O primeiro, como o nome já diz, faz uma leitura do solo e ajusta as configurações da tração. Nesta seleção, o modelo atua regularmente com tração apenas nas rodas dianteiras, mas pode dividir a força nos dois eixos, caso seja necessário.

Jeep Renegade e Compass Jalapão
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Crédito: Jeep Renegade e Compass Jalapão
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Já no modo neve, para pisos com menor aderência (por exemplo, grama molhada), a tração 4X4 fica acionada 100% do tempo e o câmbio trabalha para vencer a inércia em segunda marcha. O sistema ASR, que controla o escorregamento das rodas, entra mais cedo em funcionamento e as trocas de marchas são feitas em uma rotação menor.

Nossa escolha inicial foi o módulo areia, que permite que as trocas de marcha ocorram em uma rotação mais alta, levando mais torque para as rodas e deixando as respostas mais ágeis. O Compass não teve muita dificuldade em superar os longos trechos de estrada de areia. Ruim mesmo foi aguentar todo o pó levantado pelos carros que seguiam a nossa frente. Em alguns pontos a poeira era tão espessa que não era possível ver mais de um metro adiante. A solução era parar o carro e esperar a poeira baixar, literalmente.

Nestas condições descobrimos uma das vantagens do Trailhawk em relação às demais versões do Renegade: Somente ele traz proteção reforçada na parte do assoalho, que inclui protetores de cárter, câmbio, tanque e diferencial, além de sua suspensão ser dois centímetros mais alta em relação as demais versões

Neste anda e para, levamos algumas horas para alcançar São Félix do Tocantins, uma das cidades principais do Jalapão. Lembra da temperatura? Pois é, nesta altura o termômetro do carro já beirava os 40 graus.

TRECHO 3: ENTRE O FAROESTE E O PARAÍSO

É interessante como a paisagem muda à medida que rodamos pelo Jalapão, a vegetação é predominantemente rasteira, permeada por longos trechos com árvores queimadas - sim, a seca somada ao calor escaldante e, em alguns casos, a ação do homem, provocam, com frequência, muitas queimadas na região – mas, no geral, o verde ainda se sobressai. Ao longe é possível observar por boa parte do percurso cadeias de montanhas pintadas com o vermelho amarronzado típico da poeira da região. A cena lembra os filmes de faroeste.

Jeep Renegade Jalapão
Crédito: Jeep Renegade Jalapão
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O fim de tarde começa a se definir quando chegamos à Cachoeira da Formiga, uma fantástica queda da água que forma uma piscina natural de água transparente e calma. Lugar obrigatório para se refrescar. A água é fria, mas não congelante. É difícil nadar até a cascata por conta da correnteza formada em torno da queda, mas o esforço é recompensando por uma bela massagem nas costas, esta sim sem o sacolejo dos buracos.

O trecho de cinco quilômetros até o local teve que ser feito em comboio e em velocidade constante, para evitar atolamentos. A areia muito fofa era a armadilha perfeita, pois escondia grandes pedras pontiagudas e erosões

Próximo, a não mais do que 30 minutos de carro, se apresenta outra joia do Jalapão. Um daqueles lugares difíceis de explicar, entender, mas que ficará no imaginário de todos que estiveram ali por muitos e muitos anos.

O 'fervedouro', como é chamado, é uma nascente de água que borbulha em alta pressão abaixo de um piso de areia. Com a força da água o chão vira uma espécie de areia movediça que não deixa as pessoas afundarem. É bizarro e lindo ao mesmo tempo. Você simplesmente boia, mesmo quando tenta afundar. A areia sob os seus pés fica em constante movimento e você não consegue afundar. Simplesmente lúdico e brilhante.

Mesmo depois de dez horas de muito anda e para, de milhares de buracos, com paisagens espetaculares e toneladas de areia, o Jalapão ainda tinha mais para nos surpreender: o seu povo. Já era noite, próximo das 20h, quando chegamos em um pequeno vilarejo com um nome estranho: Mumbuca.

Jeep Renegade Jalapão
Crédito: Jeep Renegade Jalapão
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Esta pequena aldeia, com menos de quinhentos moradores, na verdade é um antigo quilombo que se formou por ali no século XVIII. Atualmente a população sobrevive com outra joia do Jalapão, o capim dourado.  É impressionante o artesanato que aquela pequena comunidade consegue fazer com esta espécie de palha, com cor de ouro e típica do Jalapão. São brincos, taças, chapéus, cumbucas... todos feitos com reluzentes fios dourados. Simplesmente muito bonito. A pequena venda reúne a produção de toda a comunidade. Junto ao preço de cada peça está o nome do artesão ou artesã que a fez e os valores arrecadados são revertidos para os seus autores. Impossível não levar uma lembrança para casa.

Para finalizar a visita, um grupo de crianças e mulheres se reuniram para cantar para os forasteiros. Experiência linda e marcante.

O dia acabou na cidade de Mateiros, na Pousada Santa Helena, um lugar simples e acolhedor. Apesar do cansaço e da fome, o grupo ainda teve tempo para compartilhar histórias sobre este dia inesquecível.

Nosso Renegade também não saiu completamente intacto da experiência. Uma bolha no pneu dianteiro esquerda se formou depois de uma pancada seca e forte em uma das tais pedras escondidas sob a areia fofa

TRECHO 4:MAIS TRILHAS FOFAS E DUNAS

Acho que nunca dormi tão rápido, minha última lembrança foi encostar a cabeça no travesseiro. No Jalapão não se acorda cedo, se madruga. Às 6h, o grupo estava de pé e preparado para deixar a rústica pousada. Só para variar, o termômetro passava dos 32 graus!

Seriam mais 300 quilômetros de trilhas até voltar à civilização, em Palmas. A nossa carruagem neste segundo dia foi um Jeep Renegade Trailhawk (parte de R$ 129.900) laranja.

A primeira parada prometia. Uma placa indicava o que estava por vir: “Acesso somente com veículos 4X4”, trazia o aviso aos aventureiros logo na entrada para as Dunas Douradas, um conjunto de formações de areia criada pela erosão de encostas de algumas montanhas da região. Um visual único em uma área isolada.

O trecho de cinco quilômetros até o local teve que ser feito em comboio e em velocidade constante, para evitar atolamentos. A areia muito fofa era a armadilha perfeita, pois escondia grandes pedras pontiagudas e erosões.

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Crédito: Jeep Renegade e Compass Jalapão
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Nestas condições descobrimos uma das vantagens do Trailhawk em relação às demais versões do Renegade: Somente ele traz proteção reforçada na parte do assoalho, que inclui protetores de cárter, câmbio, tanque e diferencial, além de sua suspensão ser dois centímetros mais alta em relação as demais versões.

Apesar do conjunto, câmbio, motor e tração terem trabalhado intensamente não tivemos dificuldade para atravessar o percurso. Mesma sorte não teve outro Renegade na versão Longitude do nosso comboio. Uma das pedras escondidas furou o cárter e fez vazar, praticamente todo o óleo do motor. Com isso, o veículo teve que ser abandonado. Pena.

Nosso Renegade também não saiu completamente intacto da experiência. Uma bolha no pneu dianteiro esquerda se formou depois de uma pancada seca e forte em uma das tais pedras escondidas sob a areia fofa. Apesar do incidente, avaliamos que era melhor seguir sem a troca de pneu.

Apesar da baixa, o dia só estava começando e ainda teríamos reservados bons quilômetros pela frente. A próxima parada, a Cachoeira da Velha, foi um daqueles cartões postais que fazem toda a poeira, sacolejadas e horas sem dormir valer a pena. Um conjunto de quedas d’água formavam arco-íris diversos que mudavam de posição de acordo com o balanço das águas, puro espetáculo para os olhos.

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Crédito: Jeep Renegade e Compass Jalapão
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Explorar as belezas do Jalapão, o parque estadual mais conhecido como um deserto encravado no meio do Brasil, desejo de dez entre cada dez amantes do off-road. Lugar único no nosso país, uma mistura de dunas, cachoeiras, grandes planícies com vegetação de cerrado ralo e de enormes campos com veredas

A medida que avançávamos ficava mais claro a importância daquele lugar. Milhares de hectares de vegetação nativa, praticamente a mesma que se formou há milhões de anos, encravado no meio do Brasil, com fauna intacta envolta em um ecossistema único. Cortar aquela paisagem em estradas de terra, muitas vezes sem nenhuma demarcação e ter contato com uma população que vive da terra e transborda felicidade fez a todos daquela caravana repensar pontos da vida.

Logo depois do almoço chegamos a nossa última parada antes de Palmas. Não poderia ter sido melhor escolhido. A Prainha é um trecho de rio largo, com águas tranquilas e correnteza constante em meio a algumas quedas de água. Perfeito para relaxar, se deixar levar pelo leito do rio, bater papo com os colegas e, claro, se refrescar (afinal de contas, o calor continuava sudanês).

Lembra do pneu com bolha? Pois é, o Jalapão não faz concessões e depois de 200 quilômetros de buracos e pedras ele não resistiu e abriu o bico. Já no fim do dia um barulho alto e constante vindo, provavelmente, da suspensão se tornou nossa companheira constante. Em uma avaliação rápida, feita em conjunto com a equipe da Jeep ainda na trilha decidimos continuar. A sinfonia indesejada foi nossa companheira de viagem até a chegada em Palmas. Nossas apostas para o problema variaram entre um problema na caixa de câmbio e uma pedra entre o protetor e o cárter. Verdade que uma análise mais profunda seria possível apenas na concessionária.

Chegamos a Palmas já no fim do dia e fomos brindados com um lindo pôr-do-sol. Desfecho merecido depois de quase 800 quilômetros de trilhas, muitas histórias, novos amigos e paisagens que fazem o Jalapão um lugar mágico e único.

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