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Álcool em gel não explode dentro do carro

Notícias falsas relatam incêndios associados ao produto. Álcool precisa de 300 graus e centelha para iniciar fogo

por Renan Rodrigues

O mundo das fake news respinga até nos automóveis. É verdade que o setor raramente é atingido por essas mentiras e geralmente são facilmente desmentidas, quando acontece. No entanto, nas últimas semanas, várias mensagens envolvendo carros e álcool gel estão circulando nos grupos de WhatsApp.

A mais comum delas é a de que o álcool gel dentro do carro exposto ao sol acabaria pegando fogo. A integra da mensagem diz o seguinte:

“Um aviso muito importante. Não deixem o álcool em gel dentro do carro no sol. Meu carro acabou de pegar fogo. Votei [sic] do mercado e estacionei na rua. Não deu 30mim [sic] e o carro estava pegando fogo. Por sorte o vizinho viu e conseguimos apagar com a mangueira. Graças a Deus ninguém se machucou. Acionei o seguro. Avisem a todos. Muito cuidado com o álcool em gel”.

No entanto, esse cenário é praticamente impossível. O primeiro fato é que o ponto de autoignição do álcool 70% é superior aos 300ºC. Mesmo que um carro passe o dia inteiro sob o sol mais forte do verão, a cabine não atingirá essa temperatura internamente.



A imagem que acompanha o texto também o contradiz, já que apenas o bico do pote de álcool está queimado. Quando em um incêndio, mesmo que o álcool fosse o combustível, a chama seria atraída para o restante da embalagem.


Palio em chamas: carro não tinha nem o pote de álcool

Outra fake news que está circulando nos grupos mostra um Palio que pegou fogo em Itapevi (SP). A mensagem diz também que o álcool gel sob sol foi o responsável. No entanto, os bombeiros que atenderam ao chamado esclareceram que sequer havia um frasco do produto dentro do carro.


Não há riscos?

Há riscos sim em deixar o álcool no carro, mas não de autocombustão. Existe um risco, pequeno, de incêndio caso o sol seja forte o suficiente para deformar a embalagem e causar vazamento. No entanto, ainda assim, seria necessário uma fonte de ignição, como uma descarga elétrica ou contato com áreas quentes do carro.

Outro risco é o biológico. Em entrevista ao site Canaltech, o químico Cedric Stephan Graebin, que é doutor em Ciências Farmacêuticas pela UFRGS e professor associado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ele confirma que há baixo risco de incêndio, mas lembra que o álcool pode evaporar.

Nesse cenário, de evaporação, o risco biológico está na diminuição do teor de álcool no gel. Sendo assim, com um teor abaixo de 60%, por exemplo,  o poder desinfetante do gel diminui significativamente.

Outro problema é usar o álcol gel para limpar partes internas do automóvel. Ele pode danificar e manchar peças plásticas, sintéticas e de couro, conforme WM1 já alertou.

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