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Por que os SUVs para PCD sumiram? Veja o que mudou

Atualmente, o Kicks é o único que oferece versão por menos de R$ 70 mil. Veja o que rolou e o que ainda pode acontecer

por André Deliberato

As vendas de SUVs para PCD sumiram. O cunhado deste repórter que vos escreve é um desses clientes. Mas o que aconteceu? Precisamos fazer essa pergunta porque as vendas para esse público foram fundamentais para o mercado de SUVs nos últimos anos.
Explico: a busca por utilitários foi tão grande que a maioria das marcas passou a oferecer uma versão "peladona" de seus SUVs com preços inferiores a R$ 70 mil, dentro do teto estipulado pelo governo, para que fosse possível conceder a isenção de ICMS e IPI ao automóvel. Com os abatimentos, esses SUVs saíam por pouco mais de R$ 55 mil, preço inferior ao de alguns hatches compactos populares.
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SUVs para PCD estão em falta

Essas versões de SUVs para PCD representavam entre 30% e 40% das vendas totais de seus modelos. Jeep Renegade, Hyundai Creta, Citroën C4 Cactus, Peugeot 2008, Renault Captur e Duster, Caoa Chery Tiggo 2, Volkswagen T-Cross e Chevrolet Tracker são exemplos de SUVs que tiveram as vendas dessas configurações interrompidas durante o ano passado.
Importante lembrar que Honda HR-V e Volkswagen Nivus nunca ofereceram configurações para esse público. Já o Nissan Kicks, o único modelo que ainda tem em seu catálogo esse tipo de versão, teve recentemente um bloqueio de pedidos confirmado pela fabricante, já que a marca anunciou que sua produção até o final de fevereiro já estava inteira comprometida.

Qual a explicação?

Segundo fontes ligadas às montadoras, são pelo menos quatro razões que desmotivaram totalmente esse segmento nos últimos meses:
1. As vendas já não eram lucrativas há algum tempo.
2. A alta nos preços dos veículos motivada pela oscilação cambial.
3. Menos clientes a partir de agora terão direito à totalidade de isenções.
4. O preço teto de R$ 70 mil foi estipulado em 2008 e nunca revisado.
É fato que há anos as montadoras tentam, em acordo com a Anfavea, pleitear o aumento desse teto de R$ 70 mil para R$ 90 mil. Isso permitiria que mais carros pudessem entrar na lista de opções para o público PCD e que esse setor voltasse a ser lucrativo para os fabricantes, que não veem com bons olhos a venda de seus SUVs "depenados" para atingir o valor atual.

O que acontece a partir de agora?

Enquanto dois desses cenários não mudarem (o do valor do teto e a variação do dólar), o que devemos acompanhar será uma queda forte no número de vendas de SUVs no mercado brasileiro.
Para se ter noção, o T-Cross chegou a ser o carro mais vendido do país em julho do ano passado, à frente até mesmo o Chevrolet Onix. Mas da 10.211 unidades do SUV emplacadas naquele mês, cerca de 35% (aproximadamente 3.600 carros) foram para o público PCD, ou seja, podemos esperar por cenários parecidos ao longo de 2021.

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