O canal de notícias da Webmotors

Harley-Davidson Street Glide: essa moto é um avião

A touring americana exibe visual elegante e desempenho incrível. Mas comete um pecado, que é resolvível - veja qual é...

por Roberto Dutra

Muitos brasileiros gostam de chamar seus carros ou suas motos de "nave" ou "avião". Em muitos casos, os substantivos que viram adjetivos nem seriam muito aplicáveis. Mas paixão é paixão. Pois em outros casos são muito justos - como na geração atual da Harley-Davidson Street Glide. Sim, senhoras e senhores: essa moto é um avião!
A moto foi inteiramente renovada lá nos Estados Unidos na linha 2024 e o modelo que aqui avaliamos é o mais atual - e continuará assim na linha 2025. É bem diferente das gerações anteriores e, com certeza, a melhor delas. Pelo menos em tecnologia e desempenho, já que o design provocou alguma controvérsia quando surgiu - ao lado da ainda mais polêmica Road Glide, cuja geração atual foi apresentada simultaneamente.

No caso da Street Glide, acho que é mesmo questão de gosto. A beleza está no olhos de quem vê e eu e várias pessoas que viram essa moto durante nossa avaliação achamos seu design muito bem-resolvido, ainda que pequenos detalhes possam causar certa - e passageira - estranheza.
Na frente, a moto exibe um farol com linhas mais retas do que antes embutido na carenagem "batwing" redesenhada. Nesta, surgem dois filetes discretamente curvos, que fazem a função de luzes de rodagem diurnas e também de piscas dianteiros. Tudo com LEDs. Um aspecto geral elegante, limpo e bonito.

De perfil, a Street Glide atual está mais harmoniosa que as antecessoras. Não parece mais "grande demais" do meio para a frente e "magrela demais" do meio para trás. Assim como eu, há quem sinta falta de um sissy-bar (encosto para garupa) lá atrás, até para equilibrar os volumes. Mas isso também é questão de gosto: conheço muitos fãs da Street Glide que dispensam o sissy-bar.
Vai comprar uma moto nova? Simule aqui seu financiamento!
Lá atrás, por sua vez, as lanternas estão inseridas na curva do para-lamas, que é bem comprido. As seções vermelhas têm formato de colchetes e, em sua parte interna, há lentes brancas, que são os piscas - que piscam na cor amarela! Mais uma vez, tudo com LEDs, claro. À noite, esse conjunto não passa - ele desfila!

Painel é impressionante

À frente do piloto surge um lindíssimo painel de TFT com telona de 12 polegadas. Com sistema operacional Skyline, tem três modos de exibição, é riquíssimo em informações e sua visibilidade é ótima. Não exige um curso de TI para que o proprietário consiga manuseá-lo e usar todas as suas funções, mas requer um tempo para que o piloto se habitue aos muitos comandos.
O painel é "touchscreen" e tem muitas funções, inclusive navegação GPS nativa e seleção de um dos quatro modos de pilotagem - esportivo, estrada, chuva e personalizado. Cada um destes modos de pilotagem tem parâmetros específicos de entrega de potência, freio-motor e interferências do ABS e do controle de tração.

Logo acima do painel, há uma aleta de ventilação que pode ser aberta ou fechada manualmente. E logo abaixo há uma prática "gavetinha", que é aberta com um toque em um botão lateral. Dá para guardar o documento da moto ou pequenos objetos.
Anuncie sua moto na Webmotors: é fácil e rápido!

Mecânica de altíssimo nível

Mais abaixo, vemos o enorme motor V2 Milwaukee-Eight de 117 polegadas cúbicas - equivalente a 1.923 cm³ de cilindrada. Injetado e com novos cabeçotes com refrigeração líquida, entrega 107 cv de potência a 5.020 rpm e torque de forçudos 17,7 kgf.m a 3.500 rpm.
Outras especificações importantes da moto são as suspensões dianteiras Showa invertidas, os freios com disco duplo na frente e simples atrás, o câmbio de seis marchas com secundária por corrente e os pneus Dunlop série Harley-Davidson calçando lindas rodas de alumínio brilhantes. Feitas as apresentações, vamos ao que interessa: como é pilotar essa nave!

Como é pilotar a Harley-Davidson Street Glide?

Fui buscar a moto na concessionária Rio Harley e meu primeiro contato já foi bem amistoso. Embora seja grande e pesada, a Street Glide é baixa. E como o problema em motos é altura, e não o peso, me instalei bem com meus 1,70 m de altura.
O banco a apenas 71,5 cm do solo deixou meus pés com pleno alcance do chão e o peso nem parece ser de 368 quilos em ordem de marcha. Saí com a moto da loja e já nos primeiros metros senti relativa facilidade na condução.

Também me impressionei rapidamente com as respostas ao acelerador. Aí vi que a moto estava no modo de condução "esportivo", que é muito forte. Passei para o modo "estrada" e tudo ficou mais civilizado e seguro.
Nos primeiros 35 quilômetros de test-ride, da revenda até minha garagem, fui me acostumando com a moto. Passei por trechos de trânsito pesado e, para minha surpresa, a Street Glide não sofreu demais. Claro que não é uma moto urbana de baixa cilindrada e não tem agilidade para serpentear por entre os carros em certas situações, mas raras vezes fiquei preso no tráfego.

O motor, como acontece em quase todas as Harley-Davidson, esquenta um bocado. Mas a refrigeração líquida dos cabeçotes ameniza bastante esse drama. Nos trechos livres, inclusive naqueles em que rodei nos dias seguintes, é claro que a Street Glide ficou muito mais à vontade.
Pode ser usada no dia a dia? Até pode. Mas o lugar dessa HD, claro, é na estrada. Lá é possível explorar a maior virtude dessa moto - o desempenho avassalador. Vire o acelerador e se segure, porque as acelerações são fortíssimas.
Mesmo no modo "estrada", cada resposta é uma injeção de adrenalina, que se intensifica na ótima capacidade de curvar e até nas frenagens fortíssimas, mas sem sustos, que transmitem muita sensação de segurança. Quer levar susto? Bote no modo "esportivo"...

O motor ruge a cada acelerada, mas o ronco é baixo e grave: nada de incomodar quem está à volta. A Street Glide também exibe agilidade surpreendente, com uma ciclística muito superior às das antecessoras. Não tem o pneu dianteiro largo demais, que quicava e "espalhava" a frente nas curvas, nem o perfil baixo da que veio depois e sofria demais em qualquer irregularidade do piso.
A Street Glide atual também é nada menos que 8,2 quilos mais leve que a anterior, modelo 2023. Isso melhora todos os aspectos do desempenho, das respostas às acelerações ao comportamento nas curvas, passando pelas frenagens. Em resumo, a Street Glide finalmente virou uma moto muitíssimo equilibrada, além de emocionante e divertida de pilotar. Um comportamento dinâmico impressionante.

O pecado mora em cima

Mas nada é perfeito, não é? A Street Glide atual comete um pecado, que se não é capital - já que é totalmente resolvível -, não deveria nem passar perto. Algo que se espera de qualquer Harley-Davidson da família touring é conforto, certo? Mas aqui, nessa moto, isso é algo bem limitado.
Explicamos: as suspensões têm calibragem bem rígida. Isso ajuda a manter a moto colada ao chão nas curvas, já que não há reboladas, mas gera rebotes incômodos nas irregularidades e transmite parte dos trancos para o corpo do piloto. Pelo menos a pré-carga do bichoque traseiro é ajustável - fiz isso e amenizei um pouco esse problema.

Além disso, o banco da Street Glide não ajuda. Embora seja lindo, macio ao toque das mãos e até muitíssimo anatômico, quando você senta ali em cima e parte para a pilotagem, percebe que é mais duro que o desejável. Resultado: a coluna sofre. Um garupa, então, sofre mais: seu espaço é pequeno e levemente inclinado para trás.
Como se resolve isso? À velha "maneira Harley-Davidson": troque o banco. No embalo, aproveite e instale um sissy-bar. Com um banco mais macio e um encosto lá atrás, a Street Glide fica muito melhor tanto para piloto quanto para garupa.

Outro ponto negativo da moto são os espelhos. Semelhantes a "orelhinhas" e instalados na parte interna do "batwing", são pequenos e proporcionam retrovisão um tanto limitada. Além disso, têm pequena margem de ajustes e, ao ajustá-los, sempre parece que vão quebrar.
Fora isso, vale ressaltar que a posição de pilotagem da Street Glide é bem satisfatória: guidão em altura adequada, plataformas dianteiras confortáveis - eu gostaria que fossem mais avançadas, mas ok -, e sensação de pleno domínio da moto e de todos os comandos. Ou seja, uma ergonomia bem-resolvida, também.

Resumo: vale a pena comprar a Street Glide?

O resumo do nosso test-ride é que essa Street Glide é a melhor de todos os tempos. Vale o - altíssimo - investimento de R$ 175.500? Sim, mas obviamente para quem tem o bolso bem forrado e quer uma Harley-Davidson touring com o clássico "batwing" dianteiro que a Road King Special não tem, sem o exotismo excessivo da carenagem dianteira da Road Glide e ainda sem o peso extra do tourpack traseiro da Ultra Limited.
Enfim, é um meio-termo bem posicionado, que tem - e certamente continuará tendo - muitos fãs.

Ficha técnica

Harley-Davidson Street Glide 2024

Preço: a partir de R$ 175.500 Motor: Milwaukee-Eight™ 117, dois cilindros em V, 1.923 cm³, injeção, refrigeração líquida, potência de 107 cv a 5.020 rpm e torque de 17,7 kgf.m a 3.500 rpm Transmissão: câmbio de seis marchas com secundária por correia. Controles de Tração (TCS) Suspensões: dianteira com telescópios invertidos Showa de 49 mm de diâmetro e traseira bichoque com ajuste de pré-carga Freios: dois disco flutuantes na frente e disco simples atrás, com ABS otimizado para curvas (C-ABS) Pneus: Dunlop série Harley-Davidson, medidas 130/60 R19 na frente e 180/55 R18 atrás. Rodas de alumínio Tanque: 22,7 litros Consumo: 16,6 km/l (dado de fábrica) Dimensões: 2,41 m de comprimento, 1,62 m de entre-eixos, banco a 71,5 cm do solo, vão livre de 14 cm e peso de 351 quilos a seco e 368 quilos em ordem de marcha, 32 graus de ângulo de inclinação máximo para os dois lados Capacidade dos baús: 69 litros Som: dois alto-falantes com 5,25 polegadas cada e 100 Watts de potência total Conectividade: smartphone por Bluetooth, intercomunicação entre piloto e garupa (opcional), entrada USB, Apple CarPlay (com ou sem fio) Cores disponíveis: preta, prata, cinza, azul e vermelha (a mais bonita, claro)
Oferta Relacionada: Marca:HARLEY-DAVIDSON Modelo:STREET-GLIDE

Comentários

Carregar mais